"A vida dos humanos é passageira? Há, é porque nunca viram a vida de um goblin, num estalar de dedos crescem, envelhecem e morrem... o tempo faz isso com todos nós... mas a lendária obra-prima... aquela cobiçada por muitos, a vida que ironicamente traz morte pelas mãos daqueles que a desejam. A vida passa num piscar de olhos, mas para um goblin? É num suspiro... agora imagine viver para sempre, o conhecimento e a cultura, a tecnologia e até mesmo o entretenimento, assistir o progresso da vida por incontáveis eras... e o fim nunca chegaria. Mas de qualquer forma, o que almejo não é o conhecimento, cultura ou tecnologia, o que eu quero mesmo é apenas vida..." - Sophy, goblin, alquimista, yandriana.
Sophy passeava pelas ruas geladas de Yandris, com suas poções balançando em seus cintos, com o leve caminhar. A cidade estava bonita, ruas e telhados brancos, mas aquela beleza era acompanhada de espirros constantes de Sophy, o que a fazia detestar aquela baixa temperatura. De qualquer forma, não estava aqui para reclamar, procurava alguém, ou melhor, procurava algo que este alguém poderia ajuda-la a encontrar, uma palavra, uma dica, um ingrediente talvez? Qualquer coisa que a colocasse mais próximo de seu maior triunfo, a sua obra-prima, aliar-se ao tempo e torná-lhe ao invés de um inimigo impiedoso como o inverno, um aliado caloroso como um bom abraço. A chave para imortalidade ainda era um mistério, a poção da longa vida era uma jornada que talvez lhe levasse toda sua curta, porém determinada, vida, mas quando a descobrisse, antes de tudo seria sua e só sua.
Chegara na porta do tal Elric, diziam ser extremamente habilidoso, e certamente a colocaria no caminho certo pra concluir a busca da qual tinha sede insaciável. Bateu três vezes na grande porta de madeira maciça.
-Elric? Tem alguém em casa? Elric?
O silencio foi sua única resposta, sendo quebrado apenas pelo uivo do vento. Sophy não podia acreditar ela viajara todos os reinos e o que a ajudaria, na teoria, estava em seu próprio lar... Yandris. Mas Elric simplesmente não parecia estar por lá. Sophy não desistiria tão fácil, ela sacrificara muito, e viera de muito longe, e nada a dissuadiria de seguir por outro caminho. Ela esperou por horas a fio... já havia tentado de tudo, olhou pelas janelas sujas que mal dava para ver algo dentro da casa, gritou seu nome, bateu, chutou e esmurrou a porta, nada parecia adiantar. E enquanto esperava sentada na porta, tremendo de frio, do qual já estava acostumada por ser sua terra natal, mas Yandris era Yandris, uma terra gelada e impiedosa, uma voz vinda de uma silhueta a sua frente a alcançou:
-Com licença, mas... está em minha porta, goblin.
Sophy levantou a cabeça lentamente e viu o homem de cabelos claros e longos, e olhos dourados.
-V-Você é o tal Elric?
-Quem gostaria de saber?
O homem perguntou com ligeira desconfiança.
-U-uma g-goblin com s-sede de c-conhecimento... s-sobre a lendária p-poção...
Retrucou Sophy, mãos tremendo de frio. Elric faz um sinal com as mãos para segui-lo, ao entrar na casa, a fogueira ja estava acesa, e o ambiente caloroso e aconchegante a recebe gentilmente.
-Certo, o que buscas? Qual tuas intenções? Cara goblin.
Já aquecida, parando de tremer, a goblin responde com mais clareza:
-Quero viver... Tudo que busco, é vida. Já ouviu falar de algum ingrediente com tal propriedade?
O alquimista pensou um pouco, pegou alguns livros, e folheava pacientemente. Ele estava demorando para dar-lhe uma resposta, mas a busca de Sophy era incessante, acabando apenas no dia em que conseguisse seu tão sonhado elixir. Depois de algumas horas,
