Quando o céu já havia escurecido por completo ouvi passos sorrateiros, o que quer que seja estava se aproximando e em grupo. Por um momento agradeci por não ter conseguido acender a fogueira horas atrás.
Conforme se aproximavam consegui visualizar melhor: cinco indivíduos carregavam tochas em suas mãos e em suas vestimentas orientais tradicionais revestidas com um tecido mais grosso nas regiões mais importantes tinham acopladas bainhas de faca lisa.
Um dos homens que se encontra na linha de frente -o líder suponho- para e todos atrás de si copiam seu movimento. Ele pede silêncio com o dedo indicador em frente ao lábio antes de olhar em minha direção e proferir a sentença:
- 停下来 我认为这是一个避难所.
A voz grave ecoou em minha mente enquanto eu fazia esforços descomunais para lembrar algo sobre as aulas de chinês que tive quando era mais novo, ensinadas por um amigo próximo que era fluente. Respirei fundo e mantive a calma juntando todos os ideogramas e seus respectivos significados, consegui decifrar em dez segundos contados o mistério tenebroso que aquela frase expressava.
"Parem. Acho que é um abrigo."
Arrepios ruins eriçaram meus pelos forçando meu corpo ainda imóvel a mover-se. De pé, desloquei-me com cautela, tomando cuidado para que não esbarrasse ou caísse no processo.
Escondi-me atrás duma árvore cujo diâmetro era suficiente para me manter escondido sem desconfianças por parte deles. Um movimento inconsciente meu denunciou o indigno atrás de mim. Sem tempo de reagir, uma lâmina afiada apunhalou-me as costas fazendo com que eu mordesse o lábio inferior para suprimir um gemido sôfrego.
Esperei que ele removesse a arma branca de meu corpo para surpreendê-lo com um gancho seguido de um uppercut que ao acertar sua mandíbula inferior deixou o homem inconsciente, seu corpo caiu desfalecido sobre a grama.
Agora perseguido, desatei a correr dentre as árvores como louco por bastante tempo. Mesmo que não ouvisse mais seus passos ou gritos dissonantes continuei acelerando, parando apenas quando a falta de ar atingiu meu diafragma em uma pontada distante e dolorosa.
Cambaleante, senti o corpo amolecer e caí sentado batendo as costas no tronco denso de um carvalho marcado.
O ferimento latejou com o impacto e eu automaticamente utilizei de uma das mãos para aplicar pressão sobre o corte na tentativa de estancá-lo. O suor escorria testa abaixo, minha cabeça se mantinha inclinada para que eu observasse melhor a mão embebedada no líquido viscoso vermelho carmesim que flui livremente, manchando minha camiseta rasgada e suja.
- Que merda. -fraco, resmunguei apoiando a nuca úmida sobre a cepa.
Ainda com dificuldades para respirar, praguejei todas as pessoas responsáveis pela invenção da abençoada pesquisa ainda que contradizendo meu próprio orgulho, rezando inconscientemente para os quatros ventos desejando que o universo não me deixasse morrer e enviasse alguma ajuda.
A questão é que eu estou em um lugar desconhecido -ainda que tenha descoberto estar num território pertencente à China Antiga não significa que eu conheço- e minha morte não será testemunhada, resumindo: tudo terá sido em vão se eu morrer aqui.
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