Capitulo 4

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Me jogaram dentro da lama, e começaram a rir de mim.
"Como pode ela achar que será boa soldada apenas porque é filha do comandante? Ela acha que apenas está aqui para lutar, ou tentar? (Diziam maliciosos)"
Me sentei na sujeira e pensei em chorar, mas, a verdade é que eu perdi essa habilidade depois de sempre ser repreendida quando a executava.
Apenas me sentei olhando pro nada, e sentindo o sangue escorrer pelos meus dedos conforme eu apertava a minha mao.
Por que eu sou tao submissa a um homem que apenas me maltrata? Por que eu nao sei me posicionar? O que eu preciso mudar?
A porta de madeira se abriu, e meu pai entrou, limpando as maos que estavam vermelhas, provavelmente tinha batido em Josh... por minha causa.
Eu precisava me afastar dele se queria seu bem, mesmo que ele achasse que nao tivesse afeto por ele, mas, sei que é o melhor a se fazer.
- É melhor se levantar e tirar essa cara de velório, ele ainda nao morreu. Ainda.
Olho para ele, e me levanto o encarando séria, eu estava com tanta raiva dele! Parte da minha mente estava desejando a sua morte, mas, reprimi logo esses pensamentos e apenas me mantive firme e calada, eu precisava sobreviver e ser temida e respeitada, e acho que assim é um bom começo.
Meu pai me encarou e entao sorriu satisfeito.
- Vejo que está aprendendo. Nada de lágrimas e nem dramas. Inexpressiva e com muita raiva.
Ele se aproximou e segurou meu queixo analisando meu rosto com um olhar que faria qualquer mulher morrer.
- Está aprendendo direitinho Jennifer.
Assinto
- Tenho o melhor comandante.
Ele sorriu satisfeito, e entao, segurou meu braço me levando pra fora, onde todos estavam em seus trabalhos ou conversando entre si. A enfermaria estava cheia, como sempre, já que nosso treino era do estilo "até sangrar". Nós fomos treinados e criados para sermos guerreiros letais em uma batalha, vivíamos treinando pra isso, e por causa disso, meu pai dizia que deviamos conciliar com a frieza.
Conforme fomos passando a caminho de casa, senti uma leve pressao no quadril, e olhei tirando a faca antes que me machucasse mais e me afastei do meu pai.
- o que é isso? Tentando me matar?
Ele nega com a cabeça
- Te mostrando que nem sempre um abraço - ele chamava o ato de segurar o braço assim -vai significar isso. Quem você chama de amigo pode querer te trair a qualquer instante.
Ele me encara frio.
- Não existem amigos. Não existe amor. Assim que se afaste de Josh Hutcherson, e isso nao é um pedido.
Assenti e vi ele se afastando, e resolvi ir atrás dele até em casa, onde fizemos a rotina de sempre: sentar todo mundo, ter que escutar meu pai, pedir permissao para falar, ter que largar a comida se ele acabar de comer, se levantar da mesa, o reverenciar e ir dormir.
Cá entre nós... Isso não é vida.
Me deitei ainda calada, e fiquei encarando meu reflexo no espelho, esperando algum sorriso ou algo do tipo, alguma lágrima... Mas, a verdade é que eu sentia que meus sentimentos estavam trancados dentro de mim, e que perdi a capacidade de me expressar, perdi a capacidade de... amar, até a mim mesma.

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Enquanto lutava cruzei a espada com um dos melhores soldados, e logo lhe dei uma rasteira, e uma cotovelada, que o deixou instável, e entao, enfiei a faca no seu torso, onde sabia que nao era letal. Ergui a sobrancelha chamando o próximo, que derrotei igualmente. Igual todos os que vieram depois.
Depois de treinar o dia quase inteiro, me sentei na montanha alta, um pouco longe da vila, mas, ainda dentro dela, era meu lugar favorito para pensar. Ali sentada, comecei a me lembrar de como cheguei a ser uma grande guerreira assim:

-Jennifer, hoje iremos começar a fazer um treino especial.
Eu tinha 4 anos, sorri animada sem ter ideia no que eu estava me metendo.
Logo fui repreendida por sorrir com um tapa na cara, e meu pai me entregou duas facas negras, e me mandou atirar nas árvores para acertar os alvos.
Desde que atirei elas pela primeira vez, soube que era minha vocação, mas, o que nao imaginava, é que devia ser minha obrigação ser perfeita.
Ao errar um dos arremesos, levei uma chicotada, lembro de olhar pro meu pai que disse que a cada erro meu, eu iria apanhar, e que a cada luta perdida, eu ia ficar um dia sem comer.
Foi com meus 6 anos que comecei os treinos com os outros soldados, mais velhos. Eu perdia todos os treinos, sempre saia machucada e sangrando, pois, nao tinha nem força para segurar a espada, mas, com o tempo, eu fui ficando motivada. Eu precisava ganhar para poder comer e para nao apanhar, entao, comecei a treinar com Josh, que tinha mais ou menos a minha idade. E foi que nossa amizade começou.
Decidi que ao invés de espada, ia usar facas, e assim fiz. E me custou um pouco no início, mas, logo me tornei uma das guerreiras mais jovens, ganhava até de 4 ao mesmo tempo.
O que a vontade de comer nao faz ?
Meu pai ficou orgulhoso, mas, nao satisfeito. Assim que conforme iam passando os anos, ele ia aumentando a intensidade dos meus treinos, oponentes e me ensinava novas armas. Além de que, como aos 12 meu corpo começou a se formar, os soldados ficavam em cima, e foi que veio a regra: eu sou a única da vila proibida a me relacionar.
Nunca entendi isso direito, mas, me restava obedecer, ou apanhar.

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Escutei o povo cantando, e passei do lado deles na fogueira, pareciam felizes, mas, logo desfizeram o sorriso quando me viram e fizeram continencia. Fiz um sinal para continuarem o que estavam fazendo e me enfiei dentro de casa, apenas escutando a música e me segurando para nao ir e aproveitar aquilo com eles, mas, o olhar do meu pai sobre mim já me dizia claramente o nao que eu levaria se pedisse.

JENNJESS - A história de uma assassina de aluguel (LIVRO 2)Where stories live. Discover now