IV. Família?

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Eu nunca cheguei a saber qual era a missão de Jimin ao aparecer tão repentinamente em minha vida, no fim das contas. Seja lá o que ele estivesse fazendo estava totalmente funcionando, pois em poucos meses descobri mais de mim do que em todos os meus dezoito anos.

A presença do Park acabou por ser uma essencial companhia pra mim, do mesmo jeito que a cerejeira tinha sido durante bastante tempo, o que não me fazia duvidar que o menor fosse mesmo um pedacinho daquela árvore, uma de suas belas flores.

Ainda era difícil acreditar em tudo o que estava acontecendo, mas não fora nenhum desafio me acostumar. O rosado era nada menos do que intrigante, tudo nele me fazia querer saber mais, saber mais sobre sua lenda, sobre como o libertei e de onde... Tudo o que eu tinha em resposta era que tudo se encaixaria quando chegasse o tempo certo.

Por muitas vezes me peguei questionando a mim mesmo quando eu senti tanta necessidade de estar perto de alguém, encontrando a resposta aos meus poucos cinco e seis anos. Percebi que tudo o que eu precisava era alguém que me fizesse bem, pudesse me tirar de órbita apenas com uma conversa, um olhar e era exatamente aquilo o que o Park representava para mim. Ele me trazia a mais completa tranquilidade, sentimento esse que nunca tive o prazer de desfrutar.

Tendo se passado cinco meses, com a chegada do verão no calendário coreano, Jimin havia me feito passar por poucas e boas com seus trejeitos peculiares.

Lembro-me como se fosse ontem quando a governanta nos encontrou em meu jardim, local onde, temporariamente, eu estava o escondendo e fiz de tudo para que a mesma não visse os pequenos galhinhos que adornavam a cabeça do outro, pois não saberia explicar e muito menos queria me passar como louco.

Tentei esconder o garoto atrás de mim fingindo que não tinha ninguém ali, estúpido, eu sei, mas obviamente a senhora Lee acabou o vendo e como se não tivesse notado nada de diferente, prosseguiu com a dúvida que pareceu nítida em suas feições ao perguntar:

—Quem é seu novo amigo? Quando ele chegou? —disse um tanto quanto desconfiada.

—Ele... —olhei discretamente para o Park tentando encontrar alguma explicação plausível para a reação calma e totalmente dentro da normalidade de minha governanta e tudo o que recebi em resposta foi um risinho repleto de pretensão. Comprimi os olhos em ameaça e após engolir em seco, tratei de prosseguir. —Ele é um amigo da escola de artes, os pais dele estão fora do país, provavelmente ele ficará conosco por um tempo. Algum problema?

A ahjumma encarou-me estranhamente como se estivesse cogitando acreditar em mim ou não, quando Jimin simplesmente deu um passo a frente, tirando-me de seu caminho e curvou-se em respeito, sorrindo tímido.

—Eu sou Park Jimin, ahjumma. É um prazer conhecê-la. —e assim acabou por receber um olhar de aprovação da mais velha que logo sorrira e acenara em direção á ele, satisfeita.

—Você é o primeiro amigo que Jeongguk traz aqui, parece ser especial, então é um prazer conhecê-lo também. —respondera em um tom sincero e eu não pude fazer mais nada do que coçar minha própria nuca em desconforto e vergonha. —Bem, se me permitem, eu vou entrar. Sou uma senhora repleta de trabalho a fazer, espero que se divirtam, rapazes! —e assim deixou o jardim com um sorriso diferente no rosto.

No mesmo momento em que ela virou as costas, eu olhei para o Park esperando por qualquer explicação lógica e rápida vindo dele e tudo o que ele fez foi rir. Rir da minha cara. Encarei-o confuso. O que era tão engraçado?

—Do que você está rindo? —questionei indignado. —Ya, eu quase entrei em pânico tentando esconder você de alguma forma. O que foi isso? Por que ela reagiu daquela maneira?

under the cherry blossom tree | pjm + jjk / jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora