I Can't Deny My Appetit

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Minha cabeça latejava, minha audição estava temporariamente suspensa e minha mente era apenas um único zumbido. Eu estava prestes a explodir, por isso ao chegar em casa eu fiz questão de passar direto para o meu quarto. Ouvi minha mãe me gritando da cozinha, porém a ignorei. No momento eu era uma puta de uma bomba relógio com o visor que marca as horas restantes antes da explosão completamente tapado e poderia explodir a qualquer momento, minha mãe não merecia ser a vítima disso. Entrei em meu quarto, tranquei a porta e joguei a mochila em qualquer canto. Afundei minha cara no travesseiro e gritei bem alto, aproveitei que o travesseiro estava abafando meu grito e extravassei, gritei bem alto, tirando todo o peso desse dia de merda na escola de cima de mim. Guilherme. Aquilo que aconteceu no vestiário foi estranho, muito estranho, porém eu não podia fazer nada em relação àquilo. O que estava feito, estava feito e agora que eu tive coragem para confrontar Guilherme, minha vida naquela escola jamais será a mesma, eu já estava me preparando para o pior, principalmente com o capitão do time de futebol tendo aquele complexo de Deus fomentado pelo comportamento de devoção dos outros moleques. Eu seria alvo fácil e ele sabia disso. Para piorar ainda havia Augusto. Eu sinceramente não sei o que fazer em relação a ele e essa nossa convivência forçada. Simplesmente é impossível nosso contato fluir bem, principalmente comigo e essa raiva que estou carregando o tempo todo. É praticamente inevitável uma discussão nossa, e geralmente é por minha culpa. Nossa relação que já não era boa vai de mal a pior e, o que vai nos foder mais ainda será provar ao diretor que ao invés de sermos inimigos, nós nos tornamos melhores amigos, sendo que Augusto não suporta nem olhar pra minha cara sem sentir no mínimo raiva e eu não consigo olhar para a dele sem ter no mínimo uma ereção. Outro grito no travesseiro. Por que tudo tem que ser tão complicado? Escutei minha mãe batendo na porta, mas decidi ignorá-la. Continuei deitado e tapei minha cabeça com os travesseiros, me afundando no escuro e no silêncio do único local onde eu poderia ter paz naquele dia, minha cama.

Acabei caindo no sono e acordei de tarde. Pelo visto eu dormi pra caramba, pois o sol já estava posto e meu celular era pura notificações. Abri o whatsapp primeiro e vi que tinha mensagem da Lívia querendo saber como eu estava. Como sempre ela era a única que se preocupava verdadeiramente comigo naquela escola. Respondi com sinceridade e disse que não estava nada bem, mas ela só recebeu a mensagem, não estava online então quando estivesse ela iria responder. Continuei e vi que tinha mensagem do Guilherme. Me espantei com o contato, mas não o ignorei, abri sua mensagem e vi que havia um cronograma de treino novo do nosso time e outra mensagem dizendo que o convite também servia pra mim. Não entendi muito bem até ir no grupo do futebol e ver que ele estava planejando uma festa no próximo fim de semana em sua casa, já que os pais dele iriam viajar e ele teria a casa apenas para si. Não o respondi e nem comentei nada no grupo. Achei estranho o convite, uma vez que ele quase me matou sufocado hoje no banheiro. Não conseguia compreender aquilo como algo que não fosse uma armadilha para mim, apesar disso, eu deixaria em aberto a possibilidade de ir para não irritá-lo ainda mais, já tive minha cota com Guilherme. Respondi sua mensagem com um ok e um emoji e fui para a próxima. Grupos de luta, grupos de estudo cancelando o encontro da semana e depois Augusto. Ele havia mandado duas mensagens e apagado, e isso foi muito mais cedo. Me arrependi de ter ido dormir sem ver o celular e morri de curiosidade para saber o que estava escrito nas mensagens deletadas. A mensagem que havia abaixo estava dizendo para que eu o encontrasse num local que ele mandou a localização hoje às dezenove horas. Olhei para o relógio e já eram dezessete e trinta, eu teria muito pouco tempo para me arrumar. Corri para tomar banho e me arrumar na velocidade da luz. Eu não sei o motivo, mas aquela mensagem de Augusto fez com que eu ignorasse todas as outras. Embora não estivesse pronto para encontrá-lo, cem porcento de mim queria vê-lo novamente, nem que fosse para discutir, insultar um ao outro ou sei lá, qualquer coisa, eu só precisava vê-lo e tê-lo por perto, embora morreria sem admitir isso em voz alta.

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