Eu estava sentado diante dele. Estávamos na sala do diretor, sentamos à mesa de reunião, o diretor no topo e Augusto e eu em cada lado da mesa, diante um do outro. A todo momento o loiro sorria como se tivesse ganhado alguma batalha, mas na verdade ele não fazia ideia de com quem ele acabara de se meter. Aquele beijo... Se eu ja o odiava antes daquilo, agora o odeio ainda mais. Ele não tinha o direito... Eu ainda conseguia sentir o toque dos seus lábios nos meus e isso piorava o que eu já sentia em relação a ele. Augusto acabara de ganhar um inimigo para a vida inteira. Ele se arrependeria de ter brincado com meus sentimentos dessa forma.
- O que houve? - Observei o loiro e assim que ele abriu a boca para dizer algo eu me apressei.
- Ele. Guilherme. - Dissemos juntos. Seus olhos acinzentados focaram em mim com um olhar de confusão mais sexy que eu já vi. - Não acredito que está tentando me culpar por algo que é culpa do seu amiguinho.
- Cala a boca, isso tudo é culpa sua. Eu estudo aqui há anos e nunca visitei essa sala por um motivo tão torpe, chega a ser ridículo. - Augusto estreitou os olhos e fez uma expressão de nojo assim como ele vive fazendo com Guilherme e seus amigos.
- Isso é verdade, o que me espanta, Gustavo. O que os levou a agredirem um ao outro dessa maneira? - Massageei o maxilar relembrando o soco que levei e encarei o loiro que continuava com a mesma expressão de nojo de antes. Fitei-o com raiva e então ele desviou o olhar de mim, focando apenas no diretor. Ainda bem, pois até mesmo seu olhar de desdém causava sérias reações em mim.
- Os amiguinhos dele armaram uma emboscada para mim no banheiro, Gustavo ao invés de ignorá-los e pedir ajuda, agrediu-me sem mais nem menos, eu apenas revidei, foi legítima defesa. - Ergui-me, dando um forte tapa na mesa. Augusto e o diretor assustaram-se, e apesar de nem eu mesmo saber o motivo de estar agindo daquele jeito explosivo, eu não iria admitir ser acusado dessa maneira quando eu era tão vítima quanto ele naquilo tudo.
- Pare de me antagonizar, Augusto! As coisas não aconteceram assim. - Praticamente berrei sentindo todo o meu rosto em chamas.
- Ah é, então como foi, me diz? - Seu sorriso de deboche estava me tirando completamente do sério, e ele sabia disso. Quando o diretor o encarava, ele fechava a cara, mas bastava o diretor desviar o olhar de sua direção que aquele sorriso brotava novamente em sua boca, ressaltando o corte no lábio inferior causado por mim. Como eu o odeio por ser desse jeito, mas ao mesmo tempo o adoro por isso. Essa confusão vai acabar me matando.
- Meninos, se acalmem...
- Você está sempre provocando as pessoas pra cima e pra baixo, é por isso que eles te odeiam. - Revidei semicerrando os olhos e me controlando para não saltar em cima dele para socá-lo ou beijá-lo, não sei muito bem qual seria minha reação. - Diretor, meu azar foi estar no mesmo cômodo que eles na hora errada, por favor, o senhor me conhece. - Augusto remendou sem emitir som minha última fala fazendo uma cara cínica e eu praticamente entrei em combustão.
- Seus amigos me odeiam e sempre me odiaram não por eu ser debochado, mas sim porque eles são intolerantes com quem pensa diferente deles, a escola inteira sabe disso. - Ele respondeu com desdém. Por um lado ele não estava errado, mas também era lógico que seu deboche contribuía para que as coisas se tornassem cada vez mais difíceis para ele. - E o seu erro foi ter me socado sem motivo algum. - Ele ergueu-se do seu lugar e ficou cara a cara comigo. Se não fosse a distância da mesa nós provavelmente estaríamos a uma distância muito perigosa, pelo menos para mim.
- Já chega! Já é o suficiente. Sentem os dois! - Augusto sentou-se e eu continuei de pé ainda tentando me livrar da imagem de seus olhos cinzentos furiosos e ainda assim lindos. Sentei-me lentamente de volta para o meu lugar. - O que está a acontecendo aqui não é nada mais, nada menos do que um choque de culturas. Vocês pensam diferente um do outro e que bom que assim seja, no entanto devem aprender a respeitar as diferenças que cada um possui e seguir adiante...
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Fetish (Romance Gay)
RomanceGustavo Borges odeia absolutamente tudo em Augusto Prado. Seu cabelo está sempre diferente, nunca é o mesmo sempre. Seus trejeitos são excêntricos e ele fala alto demais. Ele beija garotas e garotos, mais garotos do que garotas. Suas vestes fogem to...