- O que está fazendo aqui?
Vagueei o olhar pelo local, pensando no que falar. Ah, Nath, desculpa por aquilo. Eu sei que você se sentiu constrangido e tal. É uma boa maneira de começar, levando em conta o que conversei com Ambre uns três dias atrás.
- A culpa é sua.
Franzi o cenho não entendendo absolutamente nada.
- Culpa de que? Olha, eu juro que não fui eu.
- Não to falando disso, Gabe - Ela revira os olhos - To falando do meu irmão.
- Como assim?
- Se você reparou, é claro que reparou, o Nath está distante. E não, não é só com você. Comigo, com a mamãe, com todo mundo.
- E porquê a culpa é minha? - Ambre suspirou, sentando em cima da mesa.
- Olha, Gabe, eu vou te contar, mas fica calada.
- Tô calada. - Ela arqueou uma sobrancelha, apertei os lábios fingindo passar um zíper neles.
- Eu convenci meu irmão a me contar o que o afligia. Ele comentou um episódio de uma certa garota se esconder nos armários do vestiário pra ver a tatuagem de uma outra pessoa - Fiz bico desviando o olhar dela -, mas quem apareceu foi o Nath. E você viu umas marcas roxas nas costas dele, certo? - Assenti. - Nathaniel tem um defeito, ele se chateia com as coisas mais idiotas do mundo, sério, eu odeio isso nele - Ela bufou - Pois bem, outra coisa, ele ficou com vergonha de você, e decidiu se afastar de você. Além de você ser curiosa pra caramba, ele também não queria ter que te explicar o porquê daquelas marcas.
- E por que aquelas marcas?
- Foi... é... - Ela mordeu o lábio inferior olhando diretamente o chão - Eu não posso contar.
- Sem problema. - Falei, mesmo morrendo de curiosidade. Eu perguntaria pra Nathaniel assim que me desculpasse. - Então eu acho que devo me desculpar com ele, né?
- Faça isso, Gabe. Ele vivia falando de você. "Gabe isso, Gabriella aquilo, a Gabe me ajudou e blábláblá". Agora além de nem falar, quando cito seu nome ele fica triste de repente. Acho que ele gosta de você, sabe. - Senti meu rosto esquentar - Ei, não tô falando gostar dessa maneira aí. Tô falando que ele gosta da sua companhia e com certeza sente falta de conversar com você.
Sorri. É bem mais do que claro que eu também gosto da companhia dele e de conversar sobre gatos e outras besteiras com o Nath. Eu me senti culpada por isso. Me deu vontade de bater nele? Sim, deu. Mas a culpa pareceu maior.
- Obrigada, Ambre.
- Você me fará um favor conversando com ele e esclarecendo isso. Pelo amor de Kim Kardashian, faz meu irmão voltar ao normal. E, de nada. Eu sei que o mundo precisa de mim.
Ri levemente lembrando-me da última parte da conversa. Reparei que Nathaniel ainda me olhava curioso.
- Não me respondeu.
- Hã... Nath. - me aproximei dele - Por que está me ignorando desde aquele dia?
- Ignorando? Não estou fazendo nada, Gabriella.
- Nath, não mente. Eu sei que tem algo - Decidi não citar sua irmã - Só que você não quer me contar.
- Já disse.
- Não vou sair daqui. - Sentei numa cadeira cruzando os braços. O loiro jogou a cabeça pra trás suspirando. - Você não queria ter que me explicar o porquê das marcas, não é? Nath...
- Tá. - Ele fechou o livro - Foi, foi isso mesmo. Eu fiquei inseguro em contar a você, e com vergonha também. Gabe, isso é algo pessoal. Resolvi evitar você pra que percebesse que eu não queria que se metesse na minha vida. - Não, eu não me abalei com isso, pelo contrário, achei que deveria me meter ainda mais na vida dele.
- Sabe que dá pra perceber do que são as marcas, né? - Ele me repreendeu com o olhar. - Desculpa.
- Me senti meio idiota depois, mas fiquei sem coragem de voltar a falar com você depois de dias calado, ia ser estranho né?
- Quem fez isso?
- Hã?
Ainda de braços cruzados arqueei as sobrancelhas esperando minha resposta. Inteligente como é, percebeu que eu não iria voltar atrás.
- Olha, desculpa, mas você não tem nada a ver com isso.
Soltei o ar.
Melhor não insistir. Não agora.
- Você vai me contar algum dia? - ele assentiu. - Obrigada. - Um sorriso surgiu nos lábios bem desenhados do loiro. Sabe aquele sorriso que faz derreter?
Ficamos calados por alguns minutos. Eu ainda observando o sorriso de Nathaniel, quando percebi também sorria. Balancei a cabeça.
- Desculpa.
- Pelo que? - ele uniu as sobrancelhas.
- Por ser tão curiosa. Eu não devia ter me escondido nos armários pra ver a tatuagem do Lysandre, era só ter pedido para que ele me mostrasse. Fui tão... Ridícula.
- Você deveria pedir desculpa pra ele.
- Eu já pedi. - Dei de ombros, e ainda consegui ver a tatuagem, super joinha ela - E você, me desculpa?
- Gabe, tudo bem. - ele soltou uma risada abafada - É um defeito engraçado.
- Tá dizendo que minha curiosidade é um defeito? - Fingi indignação
- Estou.
Gargalhei alto, acompanhada por ele.
- Amigos de novo? - Estendi a mão para ele, ainda me recuperando das risadas.
- Amigos como sempre fomos. - Sorri.
A porta foi aberta me fazendo olhar para a mesma. Melody estava em pé ali, imóvel.
- Oi, Melô. - A cumprimento.
- O-Oi...
- Precisa de algo, Melody? - Nath perguntou simpático. Vi que a morena arqueou as sobrancelhas.
- Não... eu... - Pigarreou - Vou indo. Não quero atrapalhar. - Então ela saiu batendo a porta.
Olhei com interrogação para o loiro, ele olhava da mesma forma.
- Então tá. - Demos de ombros.
[...]
Tapei meus ouvidos quando Rosalya e Alexy gritaram em pleno pátio. Vários olhares se voltaram para nós e eu assoprei alguns fios de cabelo que caiam na minha face.
- Que merda! Parem de gritar. - Armin tapou a boca do irmão.
- Amiga, isso é uma evolução. Eu vi, tá? Melody saiu bolada da sala, então Alexy e eu fomos ver o que tinha acontecido. Vocês estavam de mãos dadas.
- Estávamos selando nossa amizade.
- Pra mim foi fofo. - Rosa fez biquinho.
- Já chega. - Pedi, fazendo cara feia.
Vi Castiel vindo em nossa direção, o ruivo deu dois tapinhas no topo de minha cabeça.
- E aí, garotinha.
- Oi, Cassy.
- Vocês estão a fim de ir no cinema? - olhei estreitamente pra ele.
- Pensei que você ia com a Debrah.
- Shhh! - Ele tapou minha boca.
- Ah, eu quero. - Rosa se empolga. - Posso levar o Leigh? - Castiel deu de ombros.
- Nos encontramos lá.
Comecei a rir entendendo a intenção dele: ele não quer ir sozinho com a Debrah e então nos convidou. Pelo menos ele confia na gente.
Ri, me pendurando em seu braço.
- Solta, coisinha.
- Shhhh.

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Tell Me
FanfictionFala sério! Você começou a me ignorar mesmo? Eu que te ajudei desde quando cheguei a essa droga de escola. Foi por causa daquele dia? Ah, representante, diga-me a verdade. Eu sinto que não é isso que você quer. Fanfic também postada no Spirit fanfic...