Ten

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Biblioteca. Preciso chegar na biblioteca!

Acontece que ontem eu simplesmente esqueci que tinha que entregar uma pesquisa hoje, mas a professora foi tão nojenta que não nos deixou usar internet, ela quer que pesquisemos em livros e eu acabei esquecendo de pegar o dito cujo na saída ontem, corre risco de eu nem encontra-lo mais.

Quando finalmente entrei fui direto para onde sabia que – talvez – encontraria. E que droga, não tá aqui. Continuei a procurar pelas outras prateleiras, e nada. Bufei, e quando estava quase pra sair ouvi alguém falando. A voz vinha de uma das mesas no espaço que usamos para estudo e leitura.

- Você tá bem? – a voz era chorosa. E se eu não conhecesse iria embora, mas eu conhecia muito bem. – Por favor, Nathaniel...

Ao ouvir o nome do Nath meu coração acelerou e automaticamente me movi para onde Ambre estava. Os dois estavam abraçados; ele a acolhia em seus braços enquanto ela chorava com uma das mãos nos cabelos loiros do irmão e a outra segurava sua camisa.

- Ambre... eu já disse, estou bem. – Ele disse tentando acalma-la.

- Mas, Nath...

Fechei os olhos com força, numa luta interna entre falar com eles ou não.

- Gabe? – ouço a voz do Nathaniel. Abro um olho de cada.

- Oi... desculpa, eu ouvi alguém chorando e vim ver quem era. – Me aproximei mais deles vendo Ambre soltar o irmão e secar as lágrimas.

- Tá aí faz tempo?

- Acabei de chegar. – Menti. – Tá tudo bem, Ambre?

- Sim... – disse, nada convincente. – Eu vou ao banheiro. – Ela levantou e antes de sair mandou um olhar intenso pro irmão.

- Você ouviu muita coisa? – perguntou claramente desconfiado.

- A partir de quando ela perguntou se você estava bem. – Me sentei onde Ambre estava antes. – Você tá, realmente, bem, Nath?

- Estou. – falou em tom baixo, continuei encarando seu rosto procurando vestígios de mentira, e olha só, eu encontrei – Não me olha assim. – ele desviou o olhar para as mãos que estavam pousadas em suas pernas.

- Nath, me diga o que está acontecendo. – Levo minhas mãos até as suas, as segurando – Não é normal você ficar assim com essa carinha.

- Gabe... isso não tem a ver com você.

- Mas tem a ver com você. E eu me preocupo. – Ele ergueu o rosto para me olhar e eu senti uma coisa estranha, então lembrei que faz uma semana que tô com um ponto de interrogação na cabeça quando o assunto é o Nathaniel.

- Desculpa... – ele deu um beijo na minha testa e levantou – a propósito, aquele livro – ele aponta pro livro em cima da mesa – pode usar.

E então saiu.

Pego o livro e era exatamente o que eu precisava. Aproveitando que ainda tenho alguns minutos antes do primeiro horário vou começar a pesquisa.

[...]

Merda! Eu não consegui me concentrar na pesquisa. Fiquei o tempo todo pensando no Nath e se ele está com problemas, ou a Ambre, ou sei lá, acabou que não foquei em nada. Agora o Armin está me olhando estranho enquanto eu estou com cara de trouxa mordendo a ponta do polegar pra não roer as unhas.

- Chega, Gabe. Desembucha. – Armin fala me fazendo olha-lo.

- O que? – indaguei ainda com o dedo na boca.

Tell MeOnde histórias criam vida. Descubra agora