CAPÍTULO 10 | AMEAÇA

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Rodríguez pode até ser bonito, mas ele definitivamente não vale o meu esforço. Não mais. Cheguei à diretoria acompanhado pelo meu professor. "Fui escoltado, que interessante," pensei, sarcástico.

— Senhor diretor? — perguntou o professor, batendo na porta.

— Pode entrar! — respondeu uma voz firme do outro lado.

Assim que ouvimos a resposta, o professor me segurou pelo braço e me puxou para dentro.

— Calma, isso é só um braço! — resmunguei, massageando o local onde ele havia me puxado com força.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Rodríguez, levantando-se da cadeira com um olhar severo.

— Esse garoto tentou arrumar confusão durante a minha aula — disse o professor, com um olhar acusador.

— Isso é verdade, Jeff? — Rodríguez me encarou com um olhar que misturava desconfiança e irritação.

Parece que ele jurava que eu nunca faria isso naquele colégio. Pois bem, eu fiz.

— Sim! — respondi calmamente, sem hesitar.

— Você sabe que vai ser suspenso por causa disso, não sabe? — disse o professor ao meu lado.

"Professores de Física sempre querendo mandar em tudo..." pensei, com certa irritação.

— Que eu saiba, você é apenas um professor. O diretor aqui sou eu! Quem decide se ele será suspenso ou não sou eu, não você! — Rodríguez falou de maneira firme, encarando o professor com autoridade.

— Desculpe, senhor... — O professor gaguejou, visivelmente constrangido.

— Melhor voltar para a sua sala e continuar seu trabalho. Deixe que eu resolvo isso aqui. — Rodríguez interrompeu o professor, que, sem outra opção, saiu rapidamente, mas antes de ir, me lançou um olhar de desaprovação. "Acho que vou ter que estudar mais para conseguir passar nessa disciplina."

Fiquei alguns segundos parado, sem saber o que fazer. Depois, decidi me sentar.

— Então quer dizer que você estava arrumando confusão na sala de aula? — Rodríguez perguntou, sem desviar os olhos dos papéis que ele estava organizando na mesa.

— Não exatamente... — resmunguei, rolando os olhos.

— Então me explica o que aconteceu. — Ele continuou, agora aparentemente mais interessado. — Vou até parar de trabalhar aqui só para ouvir o que você tem a dizer.

— Eu não quero falar sobre isso. O que eu realmente queria era minha transferência... Aqui não é mais o meu lugar! — disse, tentando me manter calmo.

De repente, ele bateu com força na mesa. Me fazendo ficar assustado. "O que está acontecendo com ele?"

— Até quando você vai fugir dos seus problemas? Você tem medo do que as pessoas pensam de você, ou está apenas com medo de enfrentá-las? — Rodríguez perguntou, com um tom sério, mas com um olhar intenso.

"O que é isso agora?"

— Eu não vou te dar transferência nenhuma. Você vai ficar aqui, e pronto! Quanto à briga na aula, espero que não se repita. — Rodríguez falou com firmeza, uma voz fria e autoritária.

— Posso ir para casa agora? — perguntei, olhando para o chão.

— Assim que eu terminar aqui, eu te levo. — Rodríguez sussurrou, sem olhar para mim.

"Como assim?"

— Não precisa, obrigado. Eu posso ir sozinho. — Falei, me levantando e indo em direção à porta.

Por sorte, ele não me seguiu. Passei o caminho todo para casa pensando no primeiro mês de aula. Caramba, tem que ser uma pessoa muito calma para aguentar tudo isso. Ah, é mesmo... eu sou calmo.

Estava tão distraído nos meus pensamentos que não percebi um carro me acompanhando. De repente, o carro buzinou ao meu lado.

— Entra aí! — exclamou Rodríguez, abaixando o vidro.

— Não preciso de carona, estou bem. Além do mais, você não precisa me levar até em casa todos os dias. — Respondi, tentando manter a calma.

— Para de enrolar, garoto. Entra logo nesse carro! Se não, eu vou até aí te pegar. — Rodríguez disse, com um tom de urgência.

— Não precisa, Rodríguez, realmente... — retruquei, tentando ignorá-lo e continuar andando.

Mas ele não desistiu. Abrindo a porta do carro com pressa, Rodríguez veio até mim, com um olhar mais sério.

— Pode parar de discutir e entrar no carro. — Ele murmurou, segurando minha mão e me puxando suavemente para dentro.

Com um pouco de receio, acabei entrando no carro.

— Coloca o cinto, ou você quer que eu coloque para você também? — Rodríguez perguntou, já ligando o carro.

Coloquei o cinto e fiquei o caminho todo em silêncio, olhando para a rua. Quando estávamos na esquina de casa, Rodríguez parou bruscamente o carro.

— Se você voltar a falar sobre mudar de colégio, eu vou fazer com que você tenha dificuldades em achar vagas em colégios próximos. — Ele murmurou, em tom baixo e sério.

— Para mim, isso seria um favor. — Respondi, tirando o cinto. "Quem sabe eu não goste de estudar em casa..."

— Não brinque comigo, garoto. — Rodríguez disse, com um olhar firme, segurando meu braço.

Assustado, saí rapidamente do carro. Fui caminhando até minha casa, refletindo sobre o que tinha acontecido. "Por um lado, seria bom ficar sem estudar por um tempo... Mas será que ele realmente iria fazer isso?" Olhei para trás e vi que ele ainda estava me observando.

— Por que não me expulsa logo de vez? Estou cansado desse colégio! — murmurei para mim mesmo, com raiva.

DADDY¹ | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora