CAPÍTULO 19 | CAOS NA SALA

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Estava resolvendo algumas atividades quando meu celular começou a tocar. Aproveitei que o professor não estava na sala e acabei atendendo. Mal coloquei o celular no ouvido e logo uma voz alterada começou a falar.

— Quem foi que mexeu com você? — perguntou Rodríguez, com tom irritado.

Sem saber como reagir, acabei mentindo: "Se ele me defender, todos terão motivo para falar de mim."

— Ninguém! — respondi, sem jeito por estar mentindo.

— Se você não me falar agora, eu vou até aí! — exclamou Rodríguez, batendo em algo.

— Eu estou falando a verdade! Ninguém mexeu comigo.

Mal terminei de falar quando ele desligou o celular na minha cara. Pouco depois, o garoto que tinha me provocado se aproximou.

— Aposto que foi o namorado quem ligou, né? — disse o garoto, me encarando com um sorriso irônico.

— Por favor, só me deixa em paz... — respondi, tentando manter a calma.

— Por que eu faria isso? — retrucou, jogando meu caderno no chão.

Enquanto ele continuava me provocando, uma sombra enorme apareceu na porta da sala, observando a situação.

— Ei, eu estou falando com você! — disse o garoto, me fazendo desviar o olhar do diretor, que estava observando a cena com atenção.

Todos na sala só assistiam. 'Mal começou o ano e já estou no centro das atenções...'

— Essa sua atitude me dá nojo, às vezes fico com vontade de te dar um soco bem nesse rosto.

— Eu quero ver você fazendo isso na minha frente — disse Rodríguez da porta, com os braços cruzados.

O garoto se virou tão nervoso que todos na sala começaram a rir da reação dele. Eu fiquei em choque ao ver Rodríguez falar daquele jeito.

— Di-di-di-Diretor! — gaguejou o garoto, com medo.

— Cadê? Vai fazer isso ou não? Eu estou esperando! — provocou Rodríguez, se aproximando de nós.

— Ah, só estávamos brincando, né Jeff? — disse o garoto, me olhando com raiva.

— Então vamos brincar nós três na diretoria! Prometo que vai ser interessante! — sugeriu Rodríguez, com um sorriso irônico, se virando para não olhar para o garoto. 'Por favor, que isso não saia do controle'.

Rodríguez estava nervoso por minha causa, e isso me incomodava. Eu realmente odiava ser tão dependente dos outros! A caminho da diretoria, o garoto me puxou e sussurrou algo no meu ouvido.

— Torça para que ele não me expulse, porque senão, coisas não muito boas podem acontecer.

...

Entrei na diretoria, inquieto com o que o garoto havia me falado. "Será que eu realmente estou passando por isso?" pensei, revirando os olhos.

— Por favor, meninos, podem se sentar. — disse Rodríguez, apontando para as cadeiras em frente à sua mesa.

Minha preocupação aumentou ao ver que o diretor estava visivelmente irritado. Olhei para o lado e o garoto estava com um leve sorriso de deboche. 'Meu Deus!'

— Vamos começar então? — debochou Rodríguez, se sentando à nossa frente.

— Falou o cara que... — murmurou o garoto.

Olhei para o lado, surpreso. 'Esse garoto tem coragem', pensei. Mas logo olhei para Rodríguez. Ele estava se controlando, e eu sabia que, se perdesse a paciência, a situação ia ficar séria.

— Então você anda falando da vida dos outros, né? Qual é o seu nome mesmo? — ironizou Rodríguez, encarando-o.

— Deny. — completou o garoto.

— Aqui vai ser assim: você vai pedir desculpas, e então eu penso se vou pegar leve com você. — disse Rodríguez, ainda o encarando.

— Olha, eu não vou pedir desculpas para esse moleque! E você fica parecendo um idiota defendendo ele. Me dá logo a suspensão, e pronto. — disse Deny, levantando-se.

Eu só observava tudo em silêncio, com a sensação de que algo estava prestes a acontecer.

— Te dei uma chance de se redimir, mas já que você quer ver como eu sou quando perco a paciência, tudo bem. Pega sua mochila e sai  desse colégio. Ah, e se você for escrever algo, tenha certeza de que está escrevendo a coisa certa. Caso contrário, vai parecer um idiota. — disse Rodríguez, com um tom firme.

— Eu vou sair desse colégio com prazer, mas você vai me ver em breve. — ameaçou Deny, colocando a mão no meu ombro.

— Só se você conseguir passar por mim antes, o que duvido muito. Agora vai embora. E diz ao seu irmão que o diretor mandou lembranças. — debochou Rodríguez, com um sorriso sarcástico.

Depois que Deny saiu da diretoria, fiquei sozinho com o diretor. Era o momento em que tudo parecia estar se encaixando, mas de maneira inesperada.

— Está livre hoje à tarde? — perguntou Rodríguez, olhando para alguns papéis.

— Hã?? — respondi, confuso com a pergunta.

— Responde logo, garoto. Vai ou não vai? — insistiu Rodríguez, agora olhando diretamente nos meus olhos.

— Tô... — respondi, ainda confuso.

— Ótimo, agora você já pode ir para sua sala. Ah, e da próxima vez que eu perguntar quem está mexendo com você, é melhor você me responder, ouviu bem?

— Humm... — confirmei, balançando a cabeça.

DADDY¹ | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora