Estava resolvendo algumas atividades quando meu celular começou a tocar. Aproveitei que o professor não estava na sala e acabei atendendo. Mal coloquei o celular no ouvido e logo uma voz alterada começou a falar.
— Quem foi que mexeu com você? — perguntou Rodríguez, com tom irritado.
Sem saber como reagir, acabei mentindo: "Se ele me defender, todos terão motivo para falar de mim."
— Ninguém! — respondi, sem jeito por estar mentindo.
— Se você não me falar agora, eu vou até aí! — exclamou Rodríguez, batendo em algo.
— Eu estou falando a verdade! Ninguém mexeu comigo.
Mal terminei de falar quando ele desligou o celular na minha cara. Pouco depois, o garoto que tinha me provocado se aproximou.
— Aposto que foi o namorado quem ligou, né? — disse o garoto, me encarando com um sorriso irônico.
— Por favor, só me deixa em paz... — respondi, tentando manter a calma.
— Por que eu faria isso? — retrucou, jogando meu caderno no chão.
Enquanto ele continuava me provocando, uma sombra enorme apareceu na porta da sala, observando a situação.
— Ei, eu estou falando com você! — disse o garoto, me fazendo desviar o olhar do diretor, que estava observando a cena com atenção.
Todos na sala só assistiam. 'Mal começou o ano e já estou no centro das atenções...'
— Essa sua atitude me dá nojo, às vezes fico com vontade de te dar um soco bem nesse rosto.
— Eu quero ver você fazendo isso na minha frente — disse Rodríguez da porta, com os braços cruzados.
O garoto se virou tão nervoso que todos na sala começaram a rir da reação dele. Eu fiquei em choque ao ver Rodríguez falar daquele jeito.
— Di-di-di-Diretor! — gaguejou o garoto, com medo.
— Cadê? Vai fazer isso ou não? Eu estou esperando! — provocou Rodríguez, se aproximando de nós.
— Ah, só estávamos brincando, né Jeff? — disse o garoto, me olhando com raiva.
— Então vamos brincar nós três na diretoria! Prometo que vai ser interessante! — sugeriu Rodríguez, com um sorriso irônico, se virando para não olhar para o garoto. 'Por favor, que isso não saia do controle'.
Rodríguez estava nervoso por minha causa, e isso me incomodava. Eu realmente odiava ser tão dependente dos outros! A caminho da diretoria, o garoto me puxou e sussurrou algo no meu ouvido.
— Torça para que ele não me expulse, porque senão, coisas não muito boas podem acontecer.
...
Entrei na diretoria, inquieto com o que o garoto havia me falado. "Será que eu realmente estou passando por isso?" pensei, revirando os olhos.
— Por favor, meninos, podem se sentar. — disse Rodríguez, apontando para as cadeiras em frente à sua mesa.
Minha preocupação aumentou ao ver que o diretor estava visivelmente irritado. Olhei para o lado e o garoto estava com um leve sorriso de deboche. 'Meu Deus!'
— Vamos começar então? — debochou Rodríguez, se sentando à nossa frente.
— Falou o cara que... — murmurou o garoto.
Olhei para o lado, surpreso. 'Esse garoto tem coragem', pensei. Mas logo olhei para Rodríguez. Ele estava se controlando, e eu sabia que, se perdesse a paciência, a situação ia ficar séria.
— Então você anda falando da vida dos outros, né? Qual é o seu nome mesmo? — ironizou Rodríguez, encarando-o.
— Deny. — completou o garoto.
— Aqui vai ser assim: você vai pedir desculpas, e então eu penso se vou pegar leve com você. — disse Rodríguez, ainda o encarando.
— Olha, eu não vou pedir desculpas para esse moleque! E você fica parecendo um idiota defendendo ele. Me dá logo a suspensão, e pronto. — disse Deny, levantando-se.
Eu só observava tudo em silêncio, com a sensação de que algo estava prestes a acontecer.
— Te dei uma chance de se redimir, mas já que você quer ver como eu sou quando perco a paciência, tudo bem. Pega sua mochila e sai desse colégio. Ah, e se você for escrever algo, tenha certeza de que está escrevendo a coisa certa. Caso contrário, vai parecer um idiota. — disse Rodríguez, com um tom firme.
— Eu vou sair desse colégio com prazer, mas você vai me ver em breve. — ameaçou Deny, colocando a mão no meu ombro.
— Só se você conseguir passar por mim antes, o que duvido muito. Agora vai embora. E diz ao seu irmão que o diretor mandou lembranças. — debochou Rodríguez, com um sorriso sarcástico.
Depois que Deny saiu da diretoria, fiquei sozinho com o diretor. Era o momento em que tudo parecia estar se encaixando, mas de maneira inesperada.
— Está livre hoje à tarde? — perguntou Rodríguez, olhando para alguns papéis.
— Hã?? — respondi, confuso com a pergunta.
— Responde logo, garoto. Vai ou não vai? — insistiu Rodríguez, agora olhando diretamente nos meus olhos.
— Tô... — respondi, ainda confuso.
— Ótimo, agora você já pode ir para sua sala. Ah, e da próxima vez que eu perguntar quem está mexendo com você, é melhor você me responder, ouviu bem?
— Humm... — confirmei, balançando a cabeça.
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DADDY¹ | ROMANCE GAY
Roman d'amourHistória de autoria de Jefferson Santhos, registrada sob ISBN. A adaptação ou reprodução sem autorização não é permitida. ⚠️ Atenção: Se você está lendo esta história em qualquer plataforma que não seja o Wattpad, pode estar correndo o risco de expo...