Sem me importar com o que os outros iam pensar, Rodríguez segurou minha mão, e aquilo estava me deixando louco por dentro. Me guiando até o carro, ele fez questão de me deixar o mais confortável possível no banco da frente.
— Eu posso sentar atrás se o senhor quiser... — falei, tentando quebrar o gelo enquanto ele colocava o cinto em mim.
— Se te coloquei aqui, é porque eu quis, agora, não fala perto de mim, hein! Não quero pegar essa gripe que você tem. — ele resmungou, sua voz grave soando ainda mais séria do que o normal.
'Que gentil, né?'
Passei o caminho todo em silêncio, só pensando que não podia passar a gripe pra ele. Ele não queria nem que eu respirasse perto dele? Que cara louco, mas ao mesmo tempo, minha cabeça estava uma bagunça, cheia de dúvidas sobre tudo isso.
De repente, Rodríguez parou o carro na frente da minha casa.
— Já chegamos? — perguntei, meio desapontado, mas tentando esconder. 'Eu queria tanto ficar mais tempo com ele...'
Rodríguez saiu do carro e abriu a porta para mim, com aquele jeito de quem não tem pressa.
'Horas ele é gentil, horas ele é antipático... Vai entender.'
— Tem alguém em casa? — ele perguntou, enquanto pegava minha mochila do banco de trás e me entregava.
— Não, minha mãe foi trabalhar. — Respondi, tirando o cinto e saindo do carro.
Rodríguez apenas fez um som baixo, como se pensasse sobre algo, mas não disse mais nada. 'Será que ele se importa comigo?'
— Obrigado pela carona, daddy... — falei, virando-me, mas, no exato momento em que as palavras saíram da minha boca, senti um gelo na espinha. 'Eu não disse isso em voz alta, disse?!' Meu rosto imediatamente queimou de vergonha.
— O quê? — Uma voz grossa me fez tremer. Ele estava bem atrás de mim.
— Nada! — gritei, correndo em direção à porta de casa. Eu abri a porta o mais rápido possível, mas antes de fechar, dei uma olhada rápida. Lá estava ele, me encarando. 'Ai, gente...' Rodríguez entrou no carro e seguiu embora.
'Bom, a gente vai ficar dois dias sem se ver. É sexta-feira mesmo...'
Ainda com a vergonha na cara, decidi tentar aliviar a gripe com um chá de limão. Me deitei no sofá e comecei a assistir Bob Esponja, tentando me distrair. Mas aí, a campainha tocou.
'Será que é ele?'
Pulei do sofá como um maluco, correndo até a porta. 'Típico de um louco apaixonado...' Abri a porta ansiosamente, mas me deparei com o carteiro, que me entregou algumas correspondências e foi embora sem nem perceber o que havia causado.
'Nossa, você estragou o meu clima, moço!'
Voltei para o sofá, desapontado, e só me concentrei no desenho, como se fosse a única coisa capaz de melhorar a minha vida naquele momento. 'Vida triste.'
[........] O fim de semana passou rápido e, graças ao universo, eu estava bem melhor da gripe. Eu estava na frente do colégio, já meio distraído, quando avistei o Rodríguez saindo do carro. 'Nossa, a cada dia que passa ele fica mais lindo... putz!'
Perdi a noção do tempo e, no momento em que ele me viu, seus olhos se fixaram em mim. 'Droga!'
De repente, me deu aquele impulso de entrar em qualquer lugar para me esconder, e foi o que fiz. Entrei apressado no mercadinho que ficava na frente da escola. 'Jeff, o que você tá fazendo? Tá ficando maluco?'
Sem saber o que mais fazer, fui até o caixa, peguei um biscoito e fiquei ali parado. Mas, para minha surpresa, lá estava ele, parado na porta do mercadinho, me encarando. 'Eu juro que quero sumir daqui agora!'
Sem coragem de falar nada, e com a vergonha batendo forte, eu saí do mercadinho o mais rápido que pude. Meu cérebro estava uma bagunça, e eu só queria chegar à sala de aula e fugir do olhar dele. 'O que estou fazendo?'
Entrei na sala quase sem fôlego, tentando parecer normal. Mas, por dentro, meu coração estava a mil. 'Não posso ter nada com o diretor. Além de ser mais velho, eu nem sei o que é paixão ainda. E, pelo jeito, ele não deve gostar de garotos mais novo.'
Tentei me concentrar em alguma coisa. Abri meu caderno e comecei a fazer as lições atrasadas, porque, como sempre, deixei tudo para última hora. Mas, no meio das contas, ouvi algumas vozes comentando sobre mim.
— Ah, mas todo mundo viu ontem ele saindo de mãos dadas com o diretor... Será que o Rodríguez curte garotinhos mais novos? — uma garota murmurou, rindo.
— Se o senhor Rodríguez realmente estivesse pegando esse garoto, você acha que ele conseguiria andar direito? — outra voz comentou, e todas começaram a rir.
'E olha que ainda é segunda-feira...'
Eu estava quase surtando. Mas, antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, o professor entrou na sala segurando alguns livros.
'Agora essas bocas vão fechar', pensei, olhando furioso para as pessoas que falavam demais.
— Bom dia, alunos. Eu tenho uma novidade para vocês. Que tal fazermos um trabalho em equipe de cinco pessoas? — O professor sorriu, como se fosse a ideia mais genial do mundo.
'Puta que pariu... Eu só queria ficar na minha.'
Mas, para minha surpresa, fui o primeiro a levantar a mão.
— Eu posso fazer sozinho? — perguntei, encarando o professor com um olhar firme.
— Ah, Jeff, o objetivo do trabalho é que todos se integrem, se relacionem... Inclusive você, que vive por aí nos cantos sozinho. — O professor falou, como se estivesse tentando me convencer a interagir mais.
— Posso fazer sozinho? — Insisti, sem dar o braço a torcer.
Ele suspirou e fez um gesto com as mãos. — Tá, tanto faz! — disse, virando-se para os outros alunos.
'Melhor sozinho do que mal acompanhado, colega!'
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DADDY¹ | ROMANCE GAY
Storie d'amoreHistória de autoria de Jefferson Santhos, registrada sob ISBN. A adaptação ou reprodução sem autorização não é permitida. ⚠️ Atenção: Se você está lendo esta história em qualquer plataforma que não seja o Wattpad, pode estar correndo o risco de expo...