CAPÍTULO 29 | FELIZ ANIVERSÁRIO

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| CAPÍTULO NOVO |

[.....] Naquela noite, mal consegui dormir. Fiquei virando de um lado para o outro na cama, enquanto a conversa com Rodríguez ecoava na minha cabeça. Meu aniversário de dezoito anos. Maior de idade. Essas palavras giravam na minha mente como uma montanha-russa sem fim. Por algum motivo, aquilo parecia maior do que um simples aniversário. Era como se algo estivesse prestes a mudar na minha vida.

Na manhã seguinte, acordei com o sol iluminando todo o meu quarto. Minha mãe, sempre pontual, já tinha saído para o trabalho, mas deixou um bilhete grudado na geladeira:

— "Feliz aniversário, Jeff! Não esqueça de comemorar. Te amo!"— Li as palavras com um sorriso no rosto. Mesmo sendo simples, elas aqueceram meu coração. Peguei um copo de suco e me sentei na mesa, mas minha mente estava longe.

Logo, meu celular vibrou sobre a mesa. Era uma mensagem de Rodríguez:

— "Feliz aniversário, garotinho. Espero que esteja pronto para a surpresa de hoje. Vou te buscar às 18h." —

— Surpresa? Que surpresa? — murmurei para mim mesmo, sentindo uma mistura de curiosidade e nervosismo. O que Rodríguez estava planejando?

As horas passaram mais devagar do que nunca. Passei o dia tentando me distrair, mas qualquer coisa que eu fazia me fazia lembrar dele. Quando o relógio marcou 17h, comecei a me arrumar. Escolhi uma roupa simples, mas que eu sabia que me deixava bem. Jeans preto, uma camisa branca ajustada e um tênis novo que minha mãe me deu recentemente.

Pontualmente às 18h, Rodríguez chegou. O som da buzina fez meu coração acelerar. Quando abri a porta, lá estava ele, apoiado no carro luxuoso que vi no dia anterior. Ele estava usando uma camisa preta que destacava seus ombros largos e um sorriso que parecia capaz de derreter gelo.

— Pronto para a sua noite de aniversário? — perguntou ele, com aquele tom confiante de sempre.

— Não sei... Você não vai me contar o que planejou? — retruquei, tentando parecer mais calmo do que realmente estava.

— E acabar com a surpresa? Nem pensar. Agora entra no carro.

Obedeci sem reclamar, e logo estávamos na estrada. O caminho era silencioso, mas não de um jeito desconfortável. Rodríguez dirigia com uma mão no volante e outra no apoio de braço, ocasionalmente me lançando um olhar rápido e um sorriso de canto.

Depois de uns 20 minutos, ele parou o carro em frente a um restaurante que parecia ter saído de um filme. Tinha luzes penduradas nas árvores, uma fachada elegante e uma placa que dizia "La Terrasse". Meu queixo caiu.

— Rodríguez, isso é... — comecei, mas ele me interrompeu.

— Nada menos do que você merece. Vamos? — Ele saiu do carro e abriu a porta para mim. Aquele gesto me fez corar.

Entramos no restaurante, e logo fomos levados a uma mesa reservada no canto, com vista para um jardim iluminado. Rodríguez parecia conhecer todos ali. Ele cumprimentava os funcionários pelo nome, e eles respondiam com respeito e admiração.

— Você frequenta muito este lugar? — perguntei, tentando disfarçar o quanto estava impressionado.

— Às vezes. Mas hoje é especial. Então, o que você quer comer? — Ele entregou o cardápio para mim, mas minha atenção estava mais nele do que nas opções de pratos.

Escolhi algo simples, para não parecer exagerado, e a conversa começou a fluir de maneira natural. Falamos sobre o colégio, meus planos para o futuro e, eventualmente, sobre ele.

— E você, Rodríguez? Como era sua vida quando tinha a minha idade? — perguntei, curioso.

Ele riu, como se estivesse lembrando de algo.

— Bem diferente da sua. Aos dezoito, eu já estava trabalhando para ajudar minha família. Mas, mesmo assim, aprendi muito. Cada escolha que fiz me trouxe até aqui. E agora, estou sentado com você, então acho que fiz algo certo. — Ele me olhou diretamente nos olhos, e senti meu rosto esquentar.

Depois do jantar, ele pediu a sobremesa mais exagerada do cardápio: um bolo de chocolate com sorvete e velas. Quando o garçom trouxe o prato e acendeu as velas, Rodríguez liderou um "parabéns" discreto, mas cheio de significado.

— Faz um pedido — ele disse, com um sorriso que me fazia esquecer o resto do mundo.

Fechei os olhos, fiz um pedido e soprei as velas. Quando abri os olhos, Rodríguez estava me observando com uma expressão suave, quase carinhosa.

— Espero que seu desejo se realize — ele disse, segurando minha mão por um instante antes de voltar à sobremesa.

Saímos do restaurante mais tarde do que eu esperava. No caminho de volta, Rodríguez ligou o rádio, e uma música tranquila preenchia o silêncio. Eu estava relaxado, quase feliz, até que ele parou o carro em um parque que ficava no caminho para casa.

— Por que paramos aqui? — perguntei, confuso.

— Porque quero te mostrar uma coisa. — Ele saiu do carro, e eu o segui.

Caminhamos até um banco de madeira sob uma árvore alta. De onde estávamos, dava para ver a cidade iluminada. Era uma vista incrível.

— Este lugar me ajudou muito quando eu era mais novo. Sempre que eu precisava pensar, vinha aqui. — Rodríguez sentou no banco e deu um tapinha no espaço ao lado, me chamando.

Sentei ao lado dele, e por um momento ficamos em silêncio, apenas olhando a paisagem.

— Obrigado por hoje, Rodríguez. Sério. Foi... perfeito. — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, mas ele ouviu.

— Você merece, Jeff. Merece muito mais do que isso. E eu quero estar aqui para te dar o que você merece. — Ele virou-se para mim, e seus olhos tinham algo diferente, algo que fez meu coração acelerar.

Eu não sabia o que responder. Antes que pudesse pensar em algo, Rodríguez se aproximou, devagar, como se me desse tempo para recuar se quisesse. Mas eu não queria. Quando nossos lábios se encontraram, o mundo pareceu parar. Era diferente de qualquer coisa que eu já tinha sentido.

Quando nos afastamos, ele sorriu de leve.

— Feliz aniversário, Jeff.

Eu sorri de volta, sem saber o que dizer. Apenas sabia que aquele era o melhor aniversário da minha vida.

DADDY¹ | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora