CAPÍTULO 03 | UM DIA DE CHUVA

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[.....]

Acordei com o som suave da chuva batendo na janela. Corri até ela e, para a minha felicidade, estava chovendo forte. Amo chuva! Terminei de me arrumar rapidamente e corri para a cozinha. Quando cheguei, encontrei um bilhete deixado pela minha mãe:

"Tive que sair mais cedo, deixei um pedaço de bolo na geladeira.
Obs: Olha a hora do colégio!"

"Até parece que vou me atrasar, né!" pensei, pegando o celular para checar as horas. "Puta merda, estou quatro minutos atrasado!!!"

Sai correndo, em meio à chuva, feito um louco — e olha que o colégio não é tão perto assim. Cheguei no portão do colégio todo molhado e, para piorar, o porteiro já tinha fechado o portão. 'F-U-D-E-U!'

— ...Oiêee! — gritei, tentando chamar a atenção do porteiro. Só eu mesmo para vir para o colégio todo encharcado. Fazer o quê, né? Preciso passar esse ano de qualquer jeito para nunca mais pisar em um colégio.

— Olha quem chegou atrasado, o menino da caneta. — disse o porteiro, com aquele sorriso de quem adora uma zoeira.

— Vai abrir o portão ou vai ficar me zoando? — perguntei, encarando-o com um olhar de desespero.

— Como você chegou atrasado, eu não posso abrir. — respondeu o porteiro, com um sorriso de superioridade. Só eu mesmo pra dar azar.

De repente, a chuva ficou ainda mais forte. Ah, não! Agora lascou de vez. Decidi esperar a chuva passar um pouco. Sentei no chão, de cabeça baixa, só esperando o tempo passar. O lado bom é que, se eu ficar aqui, vou acabar faltando a aula e finalmente conseguir descansar um pouco.

— M-A-R-V-I-L-H-O-S-O! — falei em voz alta, tentando encontrar algum consolo na situação.

— O que é tão maravilhoso assim? — perguntou uma voz que surgiu à minha frente.

Levantei a cabeça e, para a minha surpresa, estava olhando diretamente para o ser mais desagradável do colégio. Mas algo nele ainda me parecia familiar. Eu estava tão perdido nos meus pensamentos que nem percebi que estava admirando o diretor.

— É que vou ficar em casa. — respondi, com um sorriso meio idiota, sentindo a situação ainda mais estranha.

— E quem disse que você vai para casa? — perguntou o diretor, com aquele olhar autoritário que ele sempre tem.

— Ele! — respondi, apontando para o porteiro. Rapidamente, o diretor virou-se para o porteiro com um olhar tão intimidador que até eu fiquei com medo. Pelo visto, não vou ficar em casa hoje.

— Levanta do chão, garoto! — ordenou o diretor, com sua voz carregada de autoridade. Eu me levantei na hora, sentindo um calafrio percorrer minha espinha. — Abre esse portão. — disse ele, com um tom irritado, voltando sua atenção para o porteiro. Bem feito!

No mesmo instante, o porteiro abriu o portão, e como uma sombra, segui o diretor até a sala dele.

— Vai ficar aí parado? — perguntou ele, colocando algumas pastas sobre a mesa.

Eu nunca tinha entrado numa diretoria antes. Fiquei em pé, sem saber o que fazer, tentando não molhar a cadeira dele com a minha roupa ensopada.

— Eu vou ter que pedir para você se sentar? — perguntou ele, com uma pitada de impaciência.

— Mas... Eu estou molhado... — respondi, meio sem jeito.

— Depois eu limpo. Senta logo, se não você vai pegar uma pneumonia. — disse o diretor, me oferecendo uma toalha que estava no banheiro da sala dele.

— Obrigado. — agradeci, pegando a toalha com um sorriso tímido.

O diretor saiu da sala por um instante, me deixando completamente sozinho. Eu estava começando a me perguntar o que mais poderia acontecer naquele dia quando ele retornou com um conjunto de roupas.

— De onde o senhor tirou isso? — perguntei, curioso, mas ainda sem jeito.

— Não importa. Agora vai se trocar! — respondeu ele, entregando-me as roupas, claramente sem paciência.

Sem pensar duas vezes, peguei e então decidi ir me trocar no banheiro dos alunos até que uma voz grossa e autoritária chamou meu nome.

— Pra onde você vai? — perguntou o diretor, com uma sobrancelha levantada, olhando-me de forma intensa.

— Me trocar no banheiro? — respondi, sem entender por que ele estava tão interessado nisso.

— Usa o dos professores. — sugeriu ele, de forma indiferente. Caralho, eu vou usar o banheiro dos professores? Não creio!

Entrei no banheiro dos professores, e, para minha surpresa, fiquei chocado. O banheiro deles era incrível! Comparado com o dos alunos, parecia um palácio. Eu já sabia que os professores tinham privilégios, mas isso é surreal.

Após me trocar, corri até a diretoria para pegar minhas coisas e, quem sabe, agradecer ao diretor pela gentileza. Abri a porta lentamente, mas, para minha surpresa, o diretor não estava lá. Misericórdia, tem horas que esse homem some do nada.

Parei um momento e peguei minha mochila, quando, sem querer, esbarrei com o diretor na porta. Achei ele!

— Nossa, desculpa! Foi sem querer. — falei, nervoso, tentando me desculpar.

— Só vá para a sua turma... O intervalo já vai tocar. — murmurou ele, com um tom de quem queria se livrar de mim o mais rápido possível.

— Tá bom. — respondi, aliviado, voltando para a minha rotina de estudante.

Eu já estava começando a pensar que o dia, por mais caótico que fosse, estava chegando ao fim. No entanto, algo me dizia que isso ainda estava só começando. E, como sempre, eu estava certo.

DADDY¹ | ROMANCE GAYOnde histórias criam vida. Descubra agora