The stars go waltzing out in blue and red

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“The stars go waltzing out in blue and red,
And arbitrary blackness gallops in:
I shut my eyes and all the world drops dead.”
Sylvia Plath

 
Você sabe, JK, eu tenho umas feridas na minha perna. Umas marcas de feridas passadas, uns arranhões que cicatrizaram mas deixaram um rastro de pele descorada. Eu tenho também as veias das mãos um pouco saltadas. E olheiras. Mas ainda assim você me beija.

Hoje você apareceu de novo, eu estava quase dormindo. Sorri pra você. Um rosto desfeito pela química e pelo amor.

– Onde você quer ir hoje? – perguntou.

– Não sei. Estou irritada com as minhas palavras.

– Como assim? – eu achava tão graciosa sua carinha de perdido.

Nossa, cada dia você estava mais lindo e mais homem, mais crescido, a voz mais grave e responsável. Seu corpo já era estatuesco desde os seus 17 anos, vai saber como, mas a sua carinha demorou a perder os contornos de menino. Ainda hoje não perdeu direito. O jeito como você se embrenha em pensamentos, arregala os olhos e abre a boca… mas por que eu estou falando de você? Para me irritar ainda mais com minhas palavras.

– Nunca é o suficiente pra mim – tentei explicar.

Será que você entenderia se eu dissesse que nada mais me bastava além das minhas palavras, e que ainda assim elas estavam me faltando, que na minha cama jaziam algumas plumas da poesia estrangulada junto com minha sanidade.

– É que eu não sou completamente louca – justifiquei. – É que eu ainda tenho muito a perder.

– Mas ninguém está entendendo esse relato – você meu doce e ignorante JK proferiu essas palavras enquanto me beijava.

– Me beija que eu só quero isso. Eu olho pro teu rosto e só vejo sexo. Sabe? Tudo em você me faz suspirar e você sabe disso. É como um design pensado pra mim. Até as pintinhas no seu rosto e na sua coxa. Até isso. Até…

Você abriu meus botões. Hoje eu tô com um vestido de botões na frente, em vez da camisola. Você tocou meus seios, que são pequenos, e pôs pro lado minha calcinha. Eu gosto quando você me fode sem tirar minha calcinha. Gosto quando você me fode com desespero e quando me fode calmo. Gosto de ter tirado sua virgindade. Você é e sempre foi uma delícia. Tento te apertar com minha boceta, JK, meu JK, colo minha língua no teu desespero de garoto, chupo você pra dentro de mim. Eu não tenho idade. Só você que tem. Vinte aninhos. Pra sempre.

Eu gemo no seu ouvido e você gosta. Você toca meus lábios com o polegar, depois pressiona minha língua, você tem um sorriso de menino lindo e virgem. Eu te deflorei. Eu te amo. Eu sou louca.

O seu sexo me preenche e amanhã de manhã não vou mais estar nos seus braços. Eu choro dentro dos seus olhos, você acaricia minha cabeça, me envolve todinha com o desenho inacreditável dos seus braços, do seu peito, e eu posso esquecer que amanhã existe. Não existe. Vai existir.

Na língua japonesa não existe o tempo verbal futuro. Na verdade, nem o passado. Só “intenção” e “memória” (e no coreano?). Isso é difícil demais para você entender? A beleza é um gato preto. A beleza é um dente cariado, como diria Yukio Mishima. (Ele não disse isso). A beleza faz a gente sentir dor e cuspir sangue. (Eu estou inventando).

Você beija meu rosto todinho, meu doce JK, e antes de você aparecer eu tinha parado de dormir. Até hoje, se os remédios não forem muito fortes, eu não durmo direito. Fico esperando você entrar pela minha porta trancada. Fico esperando cada músculo do seu corpo, o calor da sua pele que eu imagino cheirando a sabonete e às flores do meu túmulo. Sou sua Ofélia. Mas você não é o desgraçado do Hamlet. Você é um menino perfeito e sem mácula, todo feito de sexo e doçura (e olha eu aqui falando de você de novo quando deveria estar fazendo poesia, ou uma história).

Mas quem liga pra poesia? As pessoas só ligam pra sexo. Por isso mesmo eu sou descartável e você é divino. Eu te desejo mas não mereço.

Mad girl's love songOnde histórias criam vida. Descubra agora