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Sophia Narrando:


Acordei com tia Lurdes me chamando e apontando para o relógio pendurado na parede, sentei no sofá passando as mãos nos olhos e tentando acordar meu cérebro, eu ainda estava com muito sono e tudo que eu queria era voltar a dormir outra vez. Estava tão sonolenta que não percebi a chicara com café que ela estava me oferecendo, eu nem mesmo vi quando ela tinha ido para a cozinha

Esses poucos dias que fiquei afastada da minha rotina não me fizeram bem, tudo que fiz na maior parte do tempo foi repousar, dormir e comer, acho até que ganhei alguns quilos a mais, sei que outra no meu lugar estaria aproveitando esses momentos mas eu não consigo ficar sem fazer nada, estou mais do que ansiosa pra voltar a minha rotina de antes, sinto falta do seu Zé e até da escola, falta tão pouco pra eu concluir meus estudos e assim que eu terminar vou me inscrever em uma dessas bolsas de estudo que as faculdades oferecem, amo crianças e por isso quero ser pediatra, sei que ainda tenho um longo caminho a percorrer mas não vou desistir 

Peguei a chicara com café que tia Lurdes me deu tomando alguns goles pra me ajudar a acordar de vez, só um bom café pode fazer isso comigo, principalmente pela manhã, se não for café então não serve. Tia Lurdes estava sentada ao meu lado bebendo seu chá que pelo cheiro sei que é de camomila, ela deve esta tão nervosa quanto eu. 

Terminei meu café deixando a chicara na pequena mesa ao lado do sofá e olhei pra ela

Sophia: Eu só vou até o banheiro e depois vou lá encontrar com o JP

Tia Lurdes: Esta bem menina, eu vou esperar por tú próximo a casa da tua mãe - ela segurou minha mão - Não demora tá?

Sophia: Tá bom tia, eu volto o mais rápido que poder, não quero ficar muito tempo naquele lugar 

Lhe dei um beijo no rosto e levantei seguindo pelo corredor e entrando no meu quarto, olhei pra minha cama com uma vontade de me jogar nela pra dormir e só acordar quando esse pesadelo acabasse, seria bom de mais pra ser verdade, mas a realidade é outra. Entrei no banheiro escovei meus dentes, joguei uma água no rosto secando logo em seguida com a toalha e saí do banheiro voltando outra vez para sala onde tia Lurdes já estava pronta me esperando, peguei meus óculos na estante e saímos

Descemos o morro em silencio cada uma perdida em seus próprios pensamentos, quando estávamos nos aproximando da casa da minha mãe tia Lurdes parou segurando meu braço  

Tia Lurdes: Vou esperar tú aqui menina, não demore - Deu um beijo na minha testa - e tenha cuidado 

Sophia: Tá bem tia, vou ter cuidado, não sai daqui tá?

Tia Lurdes: Vou esta bem aqui quando tú voltar, vai com Deus

Lhe dei uma última olhada e me virei continuando a descer o morro indo em direção a boca, o medo aumentava a cada passo que eu dava, eu estava pedindo mentalmente pra que tenha acontecido algo que tirasse Grego de lá mesmo que fosse por poucos minutos, eu não preciso de muito mais tempo, apenas alguns minutos não é pedir muito, eu só preciso chegar lá chamar o JP e sair, simples assim

Fui me aproximando cada vez mais, minhas mãos estavam frias e sentia tremores passar pelo meu corpo, nunca pensei que chegaria ao ponto de ter que entrar em um lugar como esse onde tantas vidas são destruídas justamente para pedir ajuda, são as ironias da vida. O lugar era uma casa velha mas bem conservada, ficava em um local estratégico fora da vista dos curiosos, tinha muitos homens armados até os dentes e algumas mulheres com roupas que mais parecia calcinha e sutiã, dava pra ver que algumas dessas meninas não tinham nem mesmo dezoito anos. Algumas estavam usando droga e outras conversando ou sentadas no colo de alguns homens, olhei em volta assustada com tudo aquilo e foi quando eu vi uma menina agachada na frente de um homem fazendo movimentos de vai e vem com a cabeça, ela estava chupando o homem enquanto ele apertava seus cabelos e gemia chamando ela de puta na frente de toda aquela gente

Para Sempre SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora