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Sophia Narrando:


Tenho que admitir pelo menos pra mim mesma que eu estou completamente apavorada só com a ideia de ter que ir na boca procurar o Perreco e acabar dando de cara com Grego, com a sorte que eu não tenho a chances de isso acontecer é muito grande, já que ele passa a maior parte do seu tempo naquele lugar. Desde que eu decidir pedir sua ajuda que estou tentando criar coragem pra ir até a boca falar com ele e isso já fazem dois dias

Hoje acordei um pouco mais animada e decidida a ir procura-lo, não posso adiar mais isso, quero tirar todos os meus pertences daquela casa o mais rápido possível, por isso saí de casa acompanhada de tia Lurdes que foi comigo até a barreira na entrada do morro pra ver se ele estava por lá, já que ela o conhece e pode identifica-lo para mim, mas ele não estava lá, circulamos também pela favela por algum tempo, quem sabe poderíamos encontra-lo na frente de algum bar ou mesmo fazendo a ronda ou seja lá o que esses caras fazem além de vender e usar drogas, mas não tivemos sorte, passamos quase duas horas andando esse morro todo e nada dele, quando já tínhamos desistido e estávamos voltando pra casa encontramos o JP do outro lado da rua, ele estava com sua camisa jogada em um dos ombros, com um fuzil atravessado nas costas e uma outra arma em sua cintura falando com alguém numa especie de rádio transmissor, ele parecia esta irritado

Não pensei muito antes de ir falar com ele, apenas agir, se pensasse demais certeza que eu desistiria da ideia. De todos os envolvidos o JP parece ser o mais legal ou menos assustador que o Grego e pelo que tia Lurdes me contou ele foi muito prestativo com ela quando a cobra da minha mãe tentou impedir a mesma de entrar em casa, isso é algo raro de se ver em um bandido, pode ser um ponto a meu favor e eu estou contando com isso. 

Então atravessei a rua deixando tia Lurdes me chamando e parei ao seu lado puxando seu braço suavemente para chamar sua atenção já que o mesmo estava tão concentrado na conversa que nem notou a minha presença, ele virou-se pra mim agressivamente de cara fechada me fazendo soltar seu braço rapidamente e dá um passo para trás assustada

Retiro o que eu disse sobre ele ser legal, bandido nunca é legal com ninguém

Sophia: M-me d-desculpe, e-eu não queria te atrapalhar - disse de cabeça baixa, gaguejando e morrendo de medo de levar um tapa

Pelo canto dos olhos vi tia Lurdes atravessando a rua vindo em minha direção desesperada, e assim que me alcançou me abraçou protetoramente me afastando ainda mais do JP

Tia Lurdes: Por favor não machuque minha menina, ela não vai mais te incomodar - Podia sentir tia Lurdes tremer junto a mim

JP: Calma aí tia, não vou fazer nada com a mina não beleza? Fica sussa

Tia Lurdes: Obrigada JP, vamos embora Sophia

Começamos a nos afastar para seguir o caminho de casa quando JP nos chamou de volta

JP: Espera aí tia, já disse que não vou fazer nada, não precisa ter medo - Falou sorrindo de lado tentando ser simpático e depois olhou pra mim -  Tú é a Sophia - Ele não perguntou, ele afirmou olhando descaradamente para os meus seios o que fez tia Lurdes fechar a cara e me puxar mais para perto dela - Tú queria falar comigo Sophia? - Perguntou sem jeito passando a mão na sua nuca e desta vez olhando para o meu rosto

Eu vivi pra ver tia Lurdes deixar o sub- dono do morro envergonhado apenas com o olhar, talvez eu tenha me enganado e ele seja mesmo um cara legal, até certo ponto, ele até ficou com as bochechas um pouco vermelhas, acho que deve estar se sentindo como um garotinho que foi pego fazendo o que não devia, achei fofo. Estava me segurando para não sorrir, ele poderia pensar que estava rindo dele, então foquei no assunto respondendo sua pergunta

Para Sempre SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora