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Sophia Narrando:


Ainda estou assustada com a cena que presenciei, pois apesar de morar em um morro não vemos esse tipo de violência de forma tão explicita com muita frequência a não ser quando o patrão quer que o ato sirva de lição para os demais moradores, como foi o caso da minha vizinha, certeza que ela vai ficar muito tempo sem pôr a cara na rua.

                                                              [...]

Hoje seria mais um dia comum pra mim se não fosse o fato de não ter passado muito bem a noite por causa dos meus problemas cardíacos, senti dores no peito a madrugada inteira e acho que os remédios não estão mais fazendo efeito, tenho que falar com meu médico sobre isso. 

Tenho arritmia cardíaca, e desde que descobrir a três anos atrás não tive mais sossego, tenho uma caixa de sapatos com vários tipos de remédios que tenho que tomar todos os dias, graças a Deus consegui um trabalho aqui no morro mesmo como garçonete no bar/restaurante do seu Zé, faz pouco tempo que comecei mas estou gostando muito

O que ganho não é muito pois seu Zé não pode me pagar um salário, mas esse pouco que ganho é o suficiente pra eu comprar os remédios que preciso e também me alimentar, porque se depender da minha mãe passo fome, é mais uma forma que ela encontrou de me machucar. Os armários estão sempre vazios pois ela esconde todos os mantimentos e sempre cozinha apenas para ela e Natália então eu sempre como alguma coisa na rua antes de ir para casa. Ela sabe qual o meu estado de saúde e sempre de alguma forma tenta me prejudicar não se importando com as consequências que pode me causar. 

Levantei e fui até o banheiro para fazer minha higiene, ao  terminar vestir uma calça jeans larguinha, botei a blusa do colégio, meus óculos e desci pra pegar um copo com água pra tomar os meus remédios mas assim que chego na cozinha vejo a minha caixa de medicamentos em cima da mesa. Estranhei o fato dela esta ali pois sempre a deixo guardada em meu quarto. Peguei o copo com água, fui até a mesa e quando abri a caixa encontrei todos os meus remédios destruídos e com o desespero de ver todos os meus medicamentos arruinados eu tive um ataque de arritmia que começou com tonturas e as dores no peito que eu estava sentindo desde a madrugada ficaram ainda mais fortes, me virei com a intenção de voltar ao meu quarto pra tentar encontrar alguns dos meus remédios na minha gaveta mas dei de cara com "ela" me observando, implorei por socorro e vi aquela a quem chamo de mãe negar o meu pedido de ajuda e desejar a minha morte com um sorriso nos lábios. Foi quando percebi que não poderia contar com a sua ajuda.  

Achei que a descoberta do meu problema de saúde pelo menos servisse para nos reaprossimarmos e eu finalmente pudesse ter a minha mãe de volta, mas não foi o que aconteceu, ela parece me odiar cada vez mais e eu nem mesmo sei o motivo.

Suas palavras foram como facas atravessando meu peito.

Vera: Gostou da surpresa, vadia?

Sophia: Porque você fez isso? Destruiu todos os meus medicamentos - Eu olhava tudo aquilo incrédula.

Vera: Fiz por que quis

As lagrimas já desciam sem controle

Vera: Ah não chora filhinha - diz irônica - certeza que tú não precisa deles.

Sophia: PORQUE TÁ FAZENDO ISSO COMIGO ? - perguntei já sem nenhum controle

Sophia: Por que ta me machucando assim? - Perguntei outra vez em um sussurro

Vera: PORQUE EU ODEIO VOCÊ, PORQUE TÚ SÓ TROUXE DESGRAÇA PRA MINHA FAMÍLIA.

Sophia: Eu também faço parte dessa família, você querendo ou não.

Para Sempre SuaOnde histórias criam vida. Descubra agora