Capítulo 2

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Já sinto as mudanças no meu corpo, a energia pulsando em mim, não preciso me olhar para saber que minha pele está totalmente acinzentada, meus olhos avermelhados, e a cauda, que é de uma serpente marinha porém totalmente impenetrável, com ela eu posso me movimentar mais rápido que qualquer criatura dentro da água.

Vou nadando no fundo do mar, procurando a fonte da minha inquietação, eu sinto a energia de um predador, deve ser um tubarão o que é muito estranho, eles nunca chegam a essa parte da ilha, com certeza hoje não vai ter refeiçao para ele pois não vou permitir nenhuma vítima.
Até agora não o encontrei, porém estou seguindo a fonte de energia e um cheiro de sangue na água.

Peguei um movimento a minha esquerda e me viro nessa direção nadando mais rápido, encontrei, o tubarão mede 2 metros, não é o maior da sua espécie mas isso não quer dizer que não seja letargia para um ser humano, e tem um monte deles brincando na superfície da água, o sangue vem de lá alguém deve ter se machucado, o predador está cercando sua presa por baixo e a qualquer momento vai atacar, essa possibilidade não me dá muito tempo para pensar.

Me aproximo e tento me comunicar com ele, mas ele não obedece aos meus comandos, isso significa que ele é velho demais e sofre de demência animal, já não sente a noção do perigo, eu sou o topo da cadeia alimentar aqui então qualquer criatura me obedece a menos que queira uma sentença de morte.

Me comunicar não adianta agora, o humano está alheio ao perigo e bate as pernas, uma das pernas está ferida e jorra sangue na água, o tubarão abana a cauda e se aproxima da presa de boca aberta, eu não posso esperar mais, ou no próximo minuto não haverá mais o que salvar

Me aproximo pela esquerda, que é exatamente onde está a sua cauda, puxo ele e lanço para direita, não quero uma briga na superfície da água por isso terei que atrair lo para mim, ele gira e me encara, é uma fileira cheia de presas gigantescas me saúda, num piscar de olhos ele se lança de boca aberta para o meu pescoço, só tive tempo de levantar um escudo de água e ele bateu forte, me arrastando alguns metros atrás... Consegui chamar sua atenção.

- Esthepania, a abominada. Ele pronunciou, sabendo que eu entenderia, posso me comunicar com qualquer criatura.
- O termo correcto seria Esthepania, a majestade. Eu disse só para irritar, um predador nunca gosta de se sentir como a presa, e nós dois temos noção de que ele não passa de uma presa nas minhas mãos. - O que faz tão longe de casa? Pequeno predador.

- Os humanos estão caçando as grandes criaturas marinhas, especialmente as sereias, uma foi morta e todas as tribos formaram aliança.

- contra os humanos? Isso é ridículo, eles não teriam chance, e porquê aqui, nesta ilha?
- farejamos o sangue de um, nos trouxe até aqui, e aqui vivi um mestiço, queremos ele do nosso lado.

- Recue, essa ilha é meu território, avise as tribos, ir contra a ilha é ir contra mim.
- Hahaha, Esthepania. Se passasse seu tempo no mar, saberia que o teu tempo está terminando, majestade.

Isso não é bom, como que os humanos estão caçando as criaturas, e um deles é da ilha?
Meus dias estão acabando… porque? Mas eu discubro isso depois. Agora tenho um problema por resolver, o pequeno predador.
- meus dias podem estar a terminar, mas você não vai viver para ver.
Sem aviso prévio, lancei minha cauda por suas costelas e ele torceu a cauda dele em direção a minha, colidiram e nos afastaram alguns centímetros, eu não preciso usar meus dons particulares, agora eu preciso de um combate.

Lancei meu punho e acertou o olho esquerdo da besta, abrindo um corte profundo, ele se sacudido e me jogou na rocha a minha trás, senti seus dentes no meu pescoço, mas deixei meus cabelos em lança, perfuram o olho direito e uma parte das costelas, fui jogada pra fora.

- pequeno predador. Falei sorrindo. - quero que você lute mais um pouco.
Me atirei para frente afundei minhas garras ao longo da barriga, mas não o matei, ainda não.
Me levantei em toda minha potência, me erguendo alguns centímetros acima dele, deixando minha energia fluir para a água e levantei ele ao meu alcance, as vezes, temos que defender a nossa posição.
- eu sou a Deusa desses mares, e meus inimigos não têm misericórdia. Sentenciei com um golpe no pescoço que em fim arancou fora a sua cabeça.

Tenho que saber mais dessa história, eu não notei nada estranho na superfície e num piscar de olhos sinto um movimento a minha esquerda e lançei minha cauda. Ela é letal, cortou em algo sólido, quando olhei na direção, cometi o maior erro, dividi um homem ao meio. Pensei que fosse um predador, ele estava com equipamento de mergulho, a essa profundidade com certeza não será encontrado, preciso ir embora antes que notem a minha falta.

Senti uma picada no pescoço, arranquei o que parecia ser um espinho, estava cheio de fitas em volta coisa estranha, mas eu eu sei bem o que é, e só pode significar uma coisa, isso não pode acontecer. Senti o veneno paralisando o meu corpo, me arrastei alguns centímetros tentando ganhar velocidade para sair do lugar, mas nada acontecia.
A única forma de me paralisar é usando meu próprio sangue ou da minha mãe que é mais forte e de onde diabos surgiu esse sangue?
As palavras daquele tubarão imundo começam a ter sentido, certamente não é mentira, mas porque que uma criatura marinha precisaria me drogar? É mais digno me desafiar e defender sua própria honra.

Eu não consigo pensar, nem me mover, é doloroso mas eu ainda estou consciente. Fui arrastada para fora da água e colocada num barco com 7 humanos, amarraram meus braços e pernas e fiquei em volta numa rede de pesca, não sei quanto tempo passou. Fui carregada para fora do barco e levada numa cabana, espera ia, é a minha cabana, que merda está acontecer, sinto cheiro de sangue, mas não é meu, e nem humano, esse sangue...
É da minha mãe, como é possível? Ela foi morta a muito tempo, toda essa situação está me deixando confusa. Até onde eu sei, é impossível ter o sangue dela, queimei o que restou dela, menos a cabeça que esteve em lugar incerto até hoje.
Sinto outra picada e tudo ficou escuro.

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