Calafrios

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Camila POV

Ai meu Deus ela vem sentar comigo?

Ela se aproximou sem dizer uma única palavra, puxou uma cadeira e colocou ao meu lado.

— Posso sentar aqui? — Uma voz rouca saiu daquela boca coberta de batom vermelho, o máximo que fiz foi balançar a cabeça e me afundar mais na cadeira, ela se sentou não muito perto, mas perto o suficiente pra eu sentir um calafrio. Espera um pouquinho, calafrio? Eu nunca senti calafrio desde que ganhei meus "poderes", quando olhei pra ela, seus olhos verdes e gélidos estavam me encarando, o que me deu outro calafrio.

— O que foi? — A pergunta saiu da minha boca sem que eu percebesse, essa mania de falar sem pensar ainda vai me matar.

— Você ainda não pegou o livro. — Ela disse como se fosse óbvio.

— Ah é, certo — Disse sem graça e abaixei para pegar o livro na mochila, mas sem deixar de perceber o sorriso de canto que ela deu.

Ótimo, agora ela vai me achar esquisita como todos na escola.

Mas, porque eu to importando com isso mesmo?


Coloquei o livro na mesa e na pagina indicada, tentei manter os olhos focados nele pra não ter que encarar aqueles olhos verdes de novo. O professor começou a falar e continuei com os olhos pra baixo, ela se aproximou mais para ver o livro, aquela proximidade já estava me assustando, ficava nervosa quando to perto demais de outras pessoas, minha mão já começava a esquentar de acordo com o meu humor, isso é uma bosta, o telefone do Sr.Smith tocou interrompendo meus pensamentos, ele falou algumas palavras com a pessoa do outro lado da linha e depois desligou.

— Então pra começo da nossa aula, eu não to a fim de passar matéria, acabamos de voltar das festas de fim de ano, que tal vocês conversarem entre si como foi suas férias enquanto vou resolver um probleminha — Ele disse, pra ele parar de dar matéria e nos deixar "conversar entre nós sobre as férias" algo grande aconteceu, depois que ele saiu eu gelei em pensar que provavelmente terei que conversar com a morena ao meu lado, as pessoas começaram a conversar aos montes e eu me virei pra Jauregui que ainda me olhava.

— Han... oi — Disse e me soquei por dentro.

Oi? Serio Camila?

— Oi — Ela disse simplesmente, comecei a ver as pessoas da sala olhando pra nós, com certeza pensando o que ela ainda estava fazendo sentada perto de mim.

— Acho que eles querem que você vá conhece-los... han..? — Fiquei em dúvida no que falar no final por não saber seu nome.


— Jauregui... e quem disse que quero conhece-los? — Ela respondeu friamente.

— Jauregui? Não tem primeiro nome? Ninguém, só to dizendo porque eles estão te olhando. — Disse, ela olhou para as pessoas da frente que rapidamente desviaram os olhos.

— Não, é só Jauregui. — Ela disse.

— Só Jauregui? — Disse e ela balançou a cabeça em concordância — Okay, então eu sou só Cabello — Disse irônica.

— Eu sei que seu nome é Camila — Ela disse com ar de convencida.

— E como você sabe isso? — Perguntei.

— Não sei, talvez que tenha super poderes — Ela falou naturalmente dando de ombros, não senti um requisito de sarcasmo na sua voz, o que me assustou, dou um sorriso forçado.

Quem dera, aí teria outra pessoa igual a mim.

— Camila Cabello, um nome muito bonito. — Ela disse e coro sem perceber com isso — Olha parece que você também tem super poderes, ta até mudando de cor pra vermelha. — Ela disse e não consegui me impedir de rir

— Muito engraçado — Disse irônica

Ah se você soubesse.


— Você riu — Ela disse se levantando da cadeira.

— Onde você vai? — A pergunta saiu de minha boca automaticamente, ela me olhou com uma cara de "te interessa?"

— O professor não volta, não mereço ficar aqui, e a propósito — Ela abaixou na altura do meu ouvido — Prazer te conhecer... Cabello — Ela disse no meu ouvido pronunciando meu nome lentamente fazendo aquele calafrio voltar, depois simplesmente saiu da sala, todos os olhares se viraram para mim e afundei na cadeira abaixando a cabeça.

— Pronto, agora a esquisita fez ela ir embora — Alguém disse.

— Deve ter jogado a conversa de sapatão dela e a garota ficou com medo e foi embora — Outro alguém respondeu e todos riram, minhas mãos já estava ficando vermelhas de raiva, bastava um gesto e podia transformar a turma toda em churrasco, mas me acalmei, coloquei meus fones de ouvido e todos voltaram a atenção para a conversa sobre as férias de novo, e eu? Se pensa que fiquei repassando aquela conversa estranha que me deu calafrio com a tal Jauregui... Você esta certx.

Lauren POV

Depois de deixar aquela sala cata de aula, liguei para Ally, esqueci o quanto escolas normais são tediosas.

— Hey Laur — Ela disse atendendo.

— Hey baixinha, fala pro Simon já iniciei contato com a Cabello — Disse andando pelos corredores vazios.

— Serio? E como foi? Ela é bonita? — Ela perguntou animada.

— Importa se ela é bonita ou não? — Disse mal-humorada.

— Eu consigo sentir daqui que você achou ela bonita, e nos já conversamos sobre isso, eu disse que vi que ela vai trazer coisas boas pra nós. — Ela respondeu.

— Argh, às vezes eu odeio os seus poderes — Disse.

— Você ama os meus poderes babe, agora por que você está tão mal-humorada? — Ela perguntou, cheguei em um lugar que parecia um ginásio, mas quando entrei tinha uma piscina enorme, provavelmente aquecida.

— Você sabe que odeio essas missões, ter que ir nesses colégios chatos de gente chata, só pra buscar uma iniciante, eu nem sei qual o poder dela ainda.

— É isso mesmo que você vai descobrir queridinha, e você já foi uma iniciante esqueceu?

— Nem me lembra, deixa eu ir, vou me divertir um pouquinho! — Disse olhando pra piscina

— Olha o que você vai fazer hein Lauren, se estragar essa missão eu faço a Dinah te dar um soco bem dado! — Ela ameaçou.

— Como se eu tivesse medo da Dinah! — Disse revirando os olhos para a ameaça da baixinha.

— Mas de altura você tem, posso chamar a Normani pra isso — Ela disse sarcástica.

— Tá bom, relaxa, eu não vou estragar nada, e eu não tenho medo de altura, tenho medo da coordenação da Normani em carregar alguém — Disse e ela riu.

— Tadinha, ela está melhorando.

— Tenho que ir Ally, avise o Simon ta?

— Ta legal, tchau Laur, boa sorte com a pretendente ai. — Ela disse e desligou.

Revirei os olhos e sentei na arquibancada de frente pra piscina, olhei para água balançando, conseguia sentir o aquecedor tornando ela mais quente, levantei a mão e apontei pra ela como se tivesse atirando, instantaneamente toda a água da piscina se transformou em gelo puro e sólido, desci da arquibancada e andei pelo gelo apreciando meu trabalho.

Nunca vou me enjoar disso.

Fire and IceOnde histórias criam vida. Descubra agora