Uma Tempestade Que Se Aproxima

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D A N T O N

Cristiano estava caído ali na minha frente e sangrava muito. Minhas mãos estavam trêmulas e sujas com o seu sangue. Eu estava tentando achar o contato do médico que ele pediu para eu ligar, mas estava complicado.

Eu fiquei tão nervoso com a situação que chamei Cris de amor na frente de Júnio e do cara que estava me protegendo enquanto Cris fazia seu "corre". Achei o número do cara e liguei. Ele demorou um pouco para atender, mas assim que atendeu já foi falando:

- Quem está ferido dessa vez? - perguntou ele, apressado.

- O Cris e o Júnio. - disse, chorando e trêmulo.

- Fica calmo, rapaz. Respira. - disse ele e eu só queria mandar ele tomar no cu. O meu Cris estava jogado e sangrando ali no chão. Eu não tinha motivo para respirar. - Onde eles estão?

- Na casa do Cris. - respondi.

- É o seguinte. Eu estou indo para ai agora, mas você tem que estancar o sangramento dos dois. Pega algum pano e pressiona sobre o ferimento. Tem mais alguém ai com você?

- Tem sim. - disse, me levantando do chão e indo até o banheiro pegando duas toalhas. Eu entreguei uma toalha para o cara e disse: - Pressiona o ferimento.

- Dois minutos eu estou aí. - disse o médico, desligando o telefone.

E realmente foram dois minutos. Ele entrou pela porta sem ao menos bater e foi logo em direção ao Júnio. Ele prestou o atendimento a eles, retirando as balas e suturando.

Depois que ele medicou Cris, Evandro dispensou o rapaz que estava ali comigo, pois a turma de Júnio estava toda na porta da casa, para não deixar ninguém entrar sem autorização. Ele me chamou para conversar e eu já estava me sentindo o dono da casa. O levei para a cozinha e comecei a fazer um café.

Ele era jovem, tinha os cabelos raspados e os seus dentes eram super brancos, dando um contraste legal com a sua pele negra. Evandro era simpático e prestativo, mas eu queria entender o porque dele ser tão prestativo, mas ia deixar ele falar primeiro.

- Você já está mais calmo? - perguntou ele.

- Já estou sim. Saber que eles não correm risco já me deixa tranquilizado. - disse no plural, mas me interessava apenas pelo estado de Cris.

- Nem perguntei o seu nome. - disse ele.

- Danton.

- É um prazer, Danton. - disse ele, estendendo a mão e eu apertei. - Creio que você já saiba meu nome.

- Sei sim - disse, sorrindo.

- Eu vou esperar eles acordarem, tudo bem? - perguntou ele e eu concordei. - Preciso ver como eles vão acordar.

- Você é médico e está aqui, fazendo algo que custaria o seu registro. Tem algum motivo. - não foi uma pergunta. Foi uma afirmação.

- Claro que tem. - disse ele, se virando para Júnio que estava deitado no sofá. - Esses caras que pagaram a minha faculdade. Em uma chuva forte que teve à 10 anos eu perdi toda a minha família e foram eles quem me acolheram. Pagaram meus estudos e eu me comprometi de que antes que eles precisassem eu estaria aqui.

O Incrível Efeito de Uma Droga Chamada Danton  (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora