C R I S T I A N O
A claridade em meus olhos tava quase me cegando. Tinha dormido na laje e tinha uma coisa pequena em meus braços e eu mal podia acreditar que ele tava realmente ali. Danton dormia sobre o meu peito e envolvido nos meus braços. Sua respiração leve arrepiou meu corpo todo. Eu fiquei um bom tempo olhando pra ele ali e sem saber o que nele me fez ficar tão bobo. Ele foi despertando de leve e aquele rostinho inchado de sono foi a coisa mais bonita que já vi em minha vida.- Bom dia. - disse ele.
- Dia. - respondi, apertando ele num abraço.
- Você já olhou como aquele garoto está? - perguntou ele e eu me lembrei de Bené.
Me levantei rápido, mas sem machucar Danton e desci as escadas correndo pra ver o moleque. Cheguei na cozinha e o vi. Ele tava com seu cabelo bagunçado, os olhos de sono e descalço.
- Tá com fome, garotão? - perguntei e ele confirmou com a cabeça. - Senta ai que vou fazer alguma coisa pra tu comer.
Ele se sentou na cadeira e eu comecei a fazer um café pra ele. Esquentei leite pra fazer achocolatado e fiz uns ovos mexidos pra ele comer com pão, mas esqueci que não tinha pão em casa. Então mandei uma mensagem pra Danton e falei que buscaria e que não era pra ele sair de casa e nem deixar Bené sair.
Fui na padaria, cumprimentei geral e voltei pra casa. Só que tava um silêncio assustador lá. Procurei Bené e ele não tava, procurei por Danton e não o achava. Fui achar Danton na laje e chorando. Ele tava escondido atrás da caixa d'água e eu o abracei quando vi.
- Cadê o Bernardo? - perguntei e ele só chorava. - Cadê o Bené, Danton?
- Veio uns caras ai e levou ele. - disse ele.
- Ques caras?
- Eu não vi. Quando eles chegaram eu ainda estava aqui em cima. Foi assim que você saiu. - disse ele. - Eles perguntaram por mim, Cris.
- Pro Bené? - perguntei e ele balançou a cabeça. - O que ele falou?
- Ele mentiu. Falou que nunca tinha me visto. - disse ele e eu agradeci mentalmente.
- Eu vou atrás dele. - disse
- Não vai, Cris. - disse Danton, segurando em meu braço.
- Vou. - disse, soltando de suas mãos.
Eu fiz uma coisa que jamais tinha feito. Tranquei a porta que separava a laje da cozinha e sai atrás de Bené, mas claro que não fui desarmado. Comecei a descer aqueles becos com muito ódio. Quando cheguei perto do barraco eu vi uma turma de homem lá e já fui chegando com cara de poucos amigos.
- Que porra é essa, Júnio? - perguntei.
- Eu que te pergunto, Cris: que porra é essa? - disse ele, vindo em minha direção, estufando seu peito.
- Tu entrou na minha casa pra pegar o moleque? E o nosso trato de ninguém invadir a casa de ninguém aqui? - perguntei, estufando meu peito também e ficando bem maior que Júnio.
- Nosso trato é não arrombar a casa de ninguém. Eu entrei pela porta da frente, que o garoto abriu pra mim e eu trouxe ele pra mãe dele. - disse Júnio.
- Tu acha que essa mulher é uma mãe? Ela bota o moleque pra vender sacolé pra pagar o crack dela.
- O que tu tem a ver com isso? - perguntou ele. - Tu virou a assistente social do morro? Conselheiro tutelar? Ela é a mãe dele, Cristiano. Entende isso.
- Eu vou matar essa mulher. - disse.
- Tu não vai matar ela. Se fazer isso, vai caçar uma encrenca comigo. Se a putinha do Danton é seu protegido, agora ela é a minha. - disse ele, dando dois tapinhas em meu ombro e com um sorriso debochado. - Tu tá com muita viadagem ultimamente, Cristiano. Danton não tá te fazendo bem.
Tava com muito ódio e a visão da mãe de Bené sorrindo pra mim me fez ficar pior ainda. Sai dali e chutei a primeira coisa que me apareceu na frente. Tava louco pra descontar a minha raiva em algo, mas nada que eu poderia destruir aparecia na minha frente. Cheguei em casa e Danton ainda batia na porta pra que abrisse. Eu abri e quando ele me viu ele ficou com uma cara de assustado.
- O que está acontecendo, Cris? - perguntou ele, com a voz trêmula.
Eu apenas peguei em seus braços e trouxe ele pra perto de mim. Colei nossos lábios e fui beijando ele com toda a violência. Danton é frágil e essa delicadeza desperta tudo de mais violento que há em mim.
- Tira a sua roupa. - disse.
- Não, Cris. Eu não quero. - disse ele, tentando sair de meus braços.
Quando ele disse que não queria, foi como se um monstro surgisse em mim. Eu rasguei cada peça de roupa que ele vestia. Passei meus lábios por toda a extensão de sua boca, pescoço, ombros e o joguei no sofá. A pele de Danton tava toda vermelha. As marcas de meus dedos ficaram por onde eu rasguei suas roupas. E o seu rosto encharcado de medo e lágrimas. Ver aquela cena me deixou com o corpo todo duro e com a cabeça num peso enorme. O que eu tava fazendo?
- Danton, me des...
- SAI DAQUI. - gritou ele. - NÃO ME ENCOSTA.
- Me desculpa. Eu jamais ia te machucar.
- Não é o que parece, Cristiano. - disse ele, tentando tampar o seu corpo que estava praticamente nu.
Eu passei a mão no rosto e comecei a andar pela casa, chutando e quebrando tudo que tinha em minha frente. Meu sangue estava fervendo e minhas lágrimas desciam numa velocidade anormal. Danton tava ainda no sofá e sem saber o que fazer. Chorando, ele andou até mim e envolveu seus bracinhos na minha cintura e encostou sua cabeça em meu peito. Aquele abraço me desarmou total. O meu corpo desabou no chão e eu fiquei chorando ali sentado. Danton se sentou ao meu lado e começou a me dar carinho.
- Se acalma, por favor. - disse ele, passando a mão em minha cara e limpando as lágrimas.
- Me desculpa por ter tentado fazer a força contigo. - disse, olhando pras marcas que ainda tavam no seu corpo.
- Está tudo bem. Só não faça isso nunca mais. - disse ele e eu concordei. Danton levou sua mão até a minha cintura e tirou a minha arma dali. - Eu preciso aprender a me defender.
- Tá maluco, garoto? - disse, tirando a arma de sua mão. - Tu vai é se machucar com isso.
- Se você me ensinar não vou me machucar não. - disse ele e eu esperei ele continuar. - Me ensina a atirar, Cris. Preciso aprender pelo menos isso.
Eu pensei por um tempinho, mas aqueles olhos azuis me convenceu. Danton me deu mais um abraço e ficamos juntos em meio à aquela destruição causada por mim mesmo.
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O Incrível Efeito de Uma Droga Chamada Danton (Romance Gay)
Romansa[+18] Cris é um dos braços do chefe do tráfico em uma favela no Rio. É um cara bonito de 32 anos, que não tem dificuldade para levar uma mulher para a cama. Desde cedo teve que lutar para sobreviver, já que teve uma infância complicada devido ao víc...