Pêra, uva, maçã ou salada mista?

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Luva.

-- ESPERA, O QUE? -- Eu estava confuso, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Eu sinto como se a qualquer momento meu cérebro fosse entrar em pane.--

--  E-Eu... -- o rapaz ficou desconcertado, o que me fez soltar uma risada baixa, me aproximando mais assim saindo do meio do corredor, já que estava lá desde quando eu queria sair do quarto dele.-- Quer fingir que eu não disse nada?

-- Não. -- Eu realmente não queria aquilo acabasse, era estranho.--

Tá, talvez eu não esteja raciocinando direito. Pedro "Orochi" acabou de me pedir em namoro? Se fosse em qualquer outro momento eu estaria exatamente como agora: não sabendo o que responder.

Claro que seria mais fácil falar um "sim", já que o meu coração batendo forte dentro do meu peito já falava por si. Mas eu também teria que analisar de uma forma muito seria toda essa situação, há muitos fatores que podem levar ao "não", por exemplo, nossos canais e o preconceito que nós, principalmente ele, sofreríamos decorrente disso. Eu não tinha tanta preocupação quanto a mim já que, como eu havia dito algumas vezes, eu não iria deixar de fazer algo que me faria (possivelmente) feliz por conta de terceiros. Mas não é apenas o meu lado que importa. Orochi já está envolvido com vários problemas, dos quais apenas algumas pessoas que têm uma mentalidade aberta e madura poderia entender sem se posicionar contra alguém.

Abro um sorriso de lado e levo a mão destra ao topo de sua cabeça, bagunçando seus fios negros enquanto o garoto olhava para mim em um misto de nervosismo, possível arrependimento e esperança, talvez.

-- Já são horas, Pedro. -- continuava a olhar para ele com um sorriso ladino.-- Você deve estar cansado, mas vai ter uma resposta, não hoje, pelo menos.

Ele solta um suspiro baixo e solta meu braço lentamente, levando uma das mãos a nuca e coçando como quem não soubesse como agir. Acho que ele não sabia de fato como agir, eu achava aquela atitude... Admirável?

-- Amanhã...-- falo chamando sua atenção, fazendo-o olhar para mim.-- vou ter que sair cedo pra ir comprar algumas coisas pra fazer conteúdo pra um vídeo. Quer ir? -- arqueio uma das sobrancelhas, o vendo abrir um pequeno sorriso e balançar a cabeça em sinal positivo.-- Então até, Orochi. -- me afasto dele assim que o ouço ouvir "até" e após alguns segundos fechar a porta enquanto eu caminhava para o meu quarto.--

Pego o cartão e passo pelo sensor da porta, a abrindo e assim que passo a fecho por dentro com a chave. Assim que entro, ando um pouco dentro do quarto, até levar as mãos até a boca e soltar um grito eufórico, pulando em excitação. Provavelmente meus pulos iriam incomodar quem mora em baixo, o quinto andar no caso.

-- Véy... -- falo sozinho, andando de um andando de um canto para o outro com um sorriso idiota no rosto.-- Maano do céu! -- passo a mão pelos cabelos não acreditando no que havia acabado de acontecer.--

Eu posso ter sido idiota por não ter dado uma resposta? Sim. Mas tudo nessa vida há uma explicação, talvez nem tão plausível mas há.

Vejamos, o Pedro estava muito nervoso, se eu desse uma resposta naquele momento talvez ele teria, sei lá, uma crise de ansiedade, e não é isso que queremos. Além do mais, eu preciso de um certo tempo para pensar, não que a resposta fosse difícil, mas pensar no que poderia acontecer caso eu respondesse uma das duas. Além do mais, ele precisa de tempo também, tá tudo acontecendo rápido demais e a gente precisa de um tempo pra raciocinar e entender o que tá acontecendo dentro de nós mesmos. Apesar de que essa história está demorando mais do que eu planejava.

Nas terças nós jogamos indiretas para o Orochi; |concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora