Posso te fazer uma pergunta?

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Frade, Pedro.

LUCAS ESTAVA SENTADO NA MINHA FRENTE, olhando com uma certa curiosidade para mim enquanto via eu fechar a porta do quarto. Eu realmente não sabia o que poderia acontecer a partir daquele momento, então não espero ser responsável por meus atos nada responsáveis.

Eu me volto para ele e solto um suspiro baixo, sem saber ao certo que falar. Eu só achava aquele silêncio constrangedor.

Este hotel estava mais silencioso hoje, não me lembrava se havia encontrado com Jean ao entrar nele, muito menos lembrava de ter visto Olioti (não que eu quisesse vê-lo, essa hipótese estava fria de cogitação), então eu não sabia ao certo o que eu iria falar ao Lucas. Talvez sobre a cor das paredes do meu quarto, embora o dele tenham essas mesmas cores por serem todos padronizados. Ou sobre como hoje estava frio. Ou sobre o que ele iria pedir para comer ao entrar no restaurante. Até mesmo a grande coincidência nada prazerosa te ter encontrado com Jennifer no restaurante. Qualquer coisa que faça o "assunto principal" não ser dito de forma explícita para que algum de nós dois não saia constrangido. Não sei, foda-se também.

-- Então...? -- Lucas pronunciou, me fazendo acordar de meus pensamentos e notar que estava olhando para o garoto a tempo demais.-- Vamos falar sobre o que importa?

-- V-Vamos. -- gaguejei, mesmo sem saber de fato o real motivo.-- Erh...

Na verdade eu não sei de nada, muito menos do que falar. Tem como pegar uma arma e dar um tiro na minha cabeça? Porque no momento era isso que eu queria. Talvez não, não sei.

-- Aí, meu Deus. -- Lucas põem uma das mãos no rosto e me encara, vendo que eu não iria falar nada por não saber o que falar.--

Carol, cadê você quando a gente precisa, sua vagabunda?

-- Você sabia que a Jennifer estava vindo pra cá? -- Lucas disse recuperando a postura.--

Ele estava olhando em minha direção, embora eu soubesse que não era exatamente para mim, isso me deixava um pouco mais desconfortável parecia que a qualquer momento ele iria sair por aquela porta e nós nunca mais iríamos ter a oportunidade de conversar, como agora, novamente.

-- Não. -- respondi simples. -- Eu me impressionei tanto quanto você ao ver que ela estava lá, mas eu não me importo tanto com isso. -- dou de ombros, andando em direção a cama e sentando ao seu lado, até escutar ele soltar uma risada baixa, me fazendo despertar os sentidos e olhar em sua direção.-- O que foi?

-- Fora do restaurante você parecia tão desesperado pra conversar comigo quanto aquele assunto, mas agora parece que você quer evitar ele ao máximo. Apenas uma observação. -- Aquilo não podia ser tão verdade. -- Você realmente quer falar algo ou só me trouxe aqui por que quer um "amigo" ou uma "transa".

-- O que? -- pergunto assustado. Eu não acreditava que ele não acreditava em mim. Mas talvez ele tenha um pouco de razão, acho que estou enrolando demais pra falar qualquer coisa que de fato importasse. -- Eu só... Não sei como dizer e o que dizer. É difícil, nunca fui de expressar o que sinto dessa forma.

-- Entendo -- ele solta um suspiro --, mas não acha que deveria tentar ao menos essa vez? Tem coisas que precisam ser esclarecidas nesse momento.

Ele estava levando aquela situação com uma seriedade que me assustava. Há probabilidade dele me devorar com os olhos? Porque se houver, sinto que devo correr.

Nas terças nós jogamos indiretas para o Orochi; |concluída|Onde histórias criam vida. Descubra agora