Capítulo 49: Passado obscuro

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flashback

A luz da lua está impossibilitada de iluminar a noite. As grossas nuvens que cobrem o céu, se preparam para largar as longas lágrimas. Aos poucos as crianças da casa se assustavam com as luzes que ultrapassavam as frestas da janela de madeira. O som dos fortes trovões fazem as pequenas criaturas da floresta correrem, proporcionando um som estranho aos ouvintes.

- Mah, dorme comigo? - Himiko pergunta segurando seu cobertor com força. Com certeza muito assustada.

- Durmo. - Com algodão não pés caminho até a cama do lado, em seguida me tapando com o cobertor de estrelas da loira.

Em alguns segundos ela pega no sono, deixando seus finos cabelos loiros espalhados pelo travesseiro. Volto para minha cama. Espero o relógio parar em meia-noite e quinze. Confiro no relógio a hora e então me levanto. Analiso o quarto e ninguém parece perceber a minha agitação. Todos dormindo serenos sem ao menos saber o que lhe esperam.

Saio do quarto sem fazer um mínimo barulho e então vou até o último quarto do andar. Bato na porta, fazendo a senha que Ele me ensinou. Duas batidas uma esperada de um segundo e uma batida para finalizar, e então, ela é aberta.

- Boa noite filha.

- Não me chame assim, você não é meu pai. - caminho até a cadeira de couro do escritório onde, normalmente, ele deveria sentar.

- Você sabe que eu gosto de você... - Caminha até a mesa que nos separa e apoia seus braços na ponta dela - É a única que tem coragem de me confrontar. Por que você não tem medo de mim?

- Por que eu teria? Você não é ninguém. - Falo sádica e logo sinto o tapa que recebi no rosto arder. Depois de soltar uma risadinha ele continua.

- Você é a única que simpatizo, a que mais tem potencial, seus pais te criaram muito bem. Suas habilidades são boas. - Fala em meio a longos suspiros de felicidade - Tudo passa pelos seus olhos sombrios de águia. - Fala e então continuo com a mesma expressão. - Então, minha filha, - Provoca-me - O que tens ocorrido nessa casa?

- Nada de mais, Toga está se adaptando, o menino tartaruga está incomodando todo mundo, como sempre, e aquele menino dos cabelos azuis, o mais velho, ele é estranho, suspeito que ele planejaria uma fuga ou algo do tipo. - Antes de falar ele larga um "uhm" pensativo.

- Está falando do Shigaraki? Acho que ele não seria uma ameaça...

Largo uma risadinha.

- Você acha que eu não sei que ele também é um espião seu? - Pergunto e abro meu sorriso sádico, o qual aprendi com ele - Eu espiono ele e a casa, já ele me espiona. Boa tática. Porém clichê demais.

- Esperta como sempre. Você não me decepciona. - Suspira com um tom de animação - Se você tentar algo, saiba que irei te caçar e te farei sofrer até você implorar para morrer. - Sorri por fim. Porém antes de sair da sala giro em meus calcanhares e encaro sua espécime de rosto e sorrio.

- Sim, mestre.

Volto para meu quarto deito em minha cama e então o sono me consome. No outro dia estávamos todos no refeitório onde fazermos todas  as refeições do dia.

- Olá a todos, - Shigaraki se põem a frente das três mesas - Esse é Dabi, o novo morador da casa. - O menino perece ser um pouco mais velho que eu, seus cabelos castanhos estão bagunçados e os olhos azuis são cintilantes, mas o que me chama mais atenção são as inúmeras cicatrizes que cobrem seu corpo o deixando assustador.

Ele não fala nada, não sorri, não expressa nenhum sentimento. Senta ao lado de Shigaraki e começa a tomar seu café. Em algum momento nossos olhares se cruzam e ele sorri com os olhos. Um olhar calmo, porém triste.

Depois da refeição todos foram brincar, correr e gritar pela floresta que cerca a casa.

Sento na grama verde e analiso uma última vez. As crianças que correm de um lado ao outro brincando de esconde-esconde ou pega-pega.

A casa é antiga, feita de tijolos marrons e alaranjados, e as várias árvores que cercam a casa faziam com que o ar ficasse mais leve.

Levanto-me para finalmente começar minha fuga.

A corda que prendia-se em torno da minha cintura era tudo que precisava. Logo encontraria um lar adotivo, caso contrário, furtaria de pessoas na rua até conseguir um sustento.

Me camuflo em meio às crianças que brincavam de esconde-esconde e então corro como se estivesse na brincadeira. A corda estava começando a me pinicar.

Estava segura, sozinha, tudo daria certo, se não fosse pelo par de olhos a mais que me espiavam. O corpo pequeno de Toga, não muito menor que o meu, surge de trás de uma árvore.

Ela sorri. Sabía o que eu iria fazer.

Caminho até ela. Junto nossas testas e raspo nossos narizes fazendo o famoso beijo de esquimó.

- Vá com cuidado, Matsui. - Diz com a respiração levemente descontrolada.

- Pode deixar. Nos veremos por aí. - Viro de costas em direção ao grande muro, porém a voz masculina me faz virar rapidamente.

- Ei! Espera! - Aquela voz era nova.

Viro para trás e encaro as orbes azuis de Dabi, que tomava fôlego para falar.

- Não te conheço, mas já percebi que você tem uma certa moral aqui dentro. - Coloca as mãos no joelho indicando cansaço - Sabe... talvez o mundo aqui dentro seja muito melhor do que o mundo lá fora. - O moreno me lança um olhar triste.

Não consigo ter reação, apenas concordo com a cabeça deixando meus curtos cabelos castanhos se moverem, ele jamais entenderia meus motivos.

Aquela frase me deixou abismada. Será que é verdade? Porque eu estou fugindo mesmo?

Eu não iria desistir agora, fiz esse plano durante anos para fracassar agora?

Volto a correr e então finalmente chego no muro que nos separa do mundo à fora. Arremesso a corda que até pouco estava em minha cintura e então ela prende na árvore que treinei arremessar por meses, ou talvez, anos. Escalo o muro e então vejo onde estava exatamente.

O mundo à fora.







Olá, finalmente vocês conseguiram entender a história da Matsui, os problemas, o passado sombrio. A vida que a nossa protagonista viveu.

E sim, o cenário desse capítulo foi inspirado em The Promised Neverland, porque é exatamente o cenário que eu imagino. Vejam esse anime pelo amor de God.

Cristal de Sangue - Boku no HeroOnde histórias criam vida. Descubra agora