Capítulo 55: Sacrifícios Devem Ser Feitos

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A minha vida inteira eu prometi pra mim mesma que não deixaria meu passado me afetar. Olha onde estou.

— Médica, há alguma atualização do relatório?

Já é manhã e sei disso apenas pelo relógio que marca oito horas e doze minutos.

— Nada concreto. Os sangues são completamente normais. Não há nenhuma alteração. Porém há inúmeras células muito parecidas, que estão confirmando minhas suspeitas sobre Duplicação e Introdução de Células Copiadas, e se não me engano um projeto desses estava sendo estudado a muitos anos atrás.

O vilão solta uma risada, como ele tem feito a cada suposta descoberta. All For One disse que a execução de seu plano estava prevista para três dias. Porém os três dias já se passaram, significando que nosso tempo é curto e que se não solucionarem as coisas hoje, a probabilidade de eu morrer é mais de noventa porcento.

Ninguém sabe qual é o tal plano de All For One, mas não parece ser algo agradável para ninguém
apenas para ele.

Continuo deitada na maca, meus braços não estão mais atados e a dor nem é tanta, se tornando suportável.

— Eles estão interligados. Só isso que sabemos. Mas como? Como ele fez essa alteração genética? — a médica suspira alto.

— As vezes, — o vilão fala algo pela primeira vez nesta manhã — as pessoas vivem apenas por um propósito. — a médica parece prestar atenção no que ele diz. Porque desde ontem todas as mínimas suspiradas dele se tornaram pistas — O propósito de Matsui é apenas servir como recipiente da minha alma. Apenas.

Já não sinto suas provocações, agora são só palavras. Não me atingem como antes. Fazem parte apenas de um pensamento sádico de alguém que vive apenas pelo poder.

As horas passam e já é meio-dia, sou alimentada apenas com soro. Que nem o vilão.

— Vocês são tão inúteis, descartáveis eu diria. Até minhas crianças são mais inteligentes.

Minha cabeça começa a interligar pontos de todas as falas e dicas que ele tem dito. Tudo começa a se encaixar como um quebra-cabeça infinito, até que, finalmente, eu encontro a última peça. A morte.

— Se eu morrer, — falo pausadamente e todos me olham — você também morre.

— Nunca olhei bem por esse lado — ele solta uma risada um pouco diferente, talvez um tanto nervosa.

Sorrio acrescentando meu toque mais sádico, aprendido com o próprio vilão.

— Posso dizer que se um de nós morrer o outro também morrerá. Talvez há um jeito, de apenas um sobreviver.

Ele suspira alto e coloca os braços atrás da cabeça.

— Matsui não pense nisso — Aizawa fala com os olhos arregalados.

— Ela não tem coragem. Não se preocupe.

— As vezes sacrifícios devem ser feitos.

Todos me olham com suas orbes arregaladas. Vejo-os correrem em minha direção, mas não há mais tempo. Agora a mais afiada lança de cristal já feita por mim está dentro do meu peito. Sinto o sangue escorrer pelo meu corpo e voltar pela minha garganta. Minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto e se misturam com a tinta vermelha que sai da minha boca.

De longe ouço o grito irritado de All For One.

— Sua idiota! Você foi capaz! Você se matou! — ele ri completando o modo psicopata, sádico e doentio, mas logo se engasga com o sangue que sai de sua garganta. Ouço suas tossidas, mas não sou capaz de vê-lo. Ele irá morrer, assim como eu.

Cristal de Sangue - Boku no HeroOnde histórias criam vida. Descubra agora