Aquele Dia

Aquele Dia do Sol, do Girassol e do Pedido

O dia da grande final do Masterchef chegara. Eu tinha ido a Touareg pela manhã, lidado com toda a papelada que necessitava e, de quebra, almoçado com alguns importantes investidores. Durante todo o dia eu corri de um lado a outro para poder estar pronta para a final do Masterchef e, na mesma noite, pegar um avião a fim de ficar uma semana em Bahamas com minhas Carosella. Eram nossas férias adiantadas.

Por volta das 14:00 o meu celular vibrou. O remetente? Mamita Guapa. Era um áudio e eu sabia bem de quem.

–Mami, eu levo o biquíni de bolinhas, o da Elsa ou da Moana? A gente tá quase acabando de colocar tudo nas malas. Eu queria que você estivesse aqui para fingir me levar na mala, mami. Podia ser noite logo. 'Tô com saudade!

Meu coração derreteu. Tinha uma semana que eu não via a minha pequena e receber aquele áudio só contribuía para a saudade imensa. Ainda bem que dentro de algumas horas eu estaria dentro daqueles bracinhos delgados, quentinhos.

–Oi, meu amorzinho. A mami está quase roxa de saudades de você! Que tal você contar comigo o tempo que falta para a gente se ver? Faltam exatas três horas e doze minutos. Ah! E sobre os biquínis, leva os três. Se não der na sua mala a gente põe na minha, okay? Mami te ama.

Enviei e bloqueei a tela do meu celular. Precisava terminar de arrumar minhas coisas para rumar ao estúdio. Tínhamos muita coisa para passar ainda, sem contar no fato de eu querer ficar uns minutos com minha pequena antes de toda a agitação.

Nas últimas semanas o assunto da internet era meu suposto relacionamento com Paô. Não fizemos publicações sobre depois da minha com fotos das duas a minha frente na cama, dormindo. Todo mundo sabia que tínhamos algo, só queriam saber se era sério ou não. A grande maioria julgava que sim por termos envolvido Fran. Inclusive Paola postara nos status um desenho que a pequena tinha feito: ela estava sentada no colo de duas mulheres, uma com os dizeres "mamá" ao lado e a outra "mami" do outro. Foi a coisinha mais preciosa do mundo. Ela disse que tinha feito um para mim e que entregaria quando voltássemos de viagem.

Paola disse que estava gostando da forma como estávamos conciliando nosso relacionamento, os trabalhos e Fran. A exceção desta semana que fora extremamente corrida, eu a buscava no colégio dia sim, dia não. Ela ficava em minha casa comigo e Mané até Paola chegar ou para buscá-la ou para dormir conosco. Outros dias ficávamos na casa de Paô mesmo, nos divertíamos com os diversos brinquedos que a menina tinha, fazíamos pinturas, desenhos, arte... Ela tinha uma sensibilidade tão grande que chegava a me emocionar.

A mídia buscava o tempo todo uma forma de confirmar com fotos vazadas que estávamos juntas, mas gostávamos da nossa privacidade, dos nossos momentos e das nossas vidas sendo inteiramente nossas. Muita gente ficaria verdadeiramente feliz pela nossa relação, mas muita gente não pouparia o hate. Enquanto ele estivesse direcionado apenas à mim e à Paola estava tudo bem, mas sabíamos que hora outra iriam começar a atacar Fran. Não queríamos aquilo de forma alguma.

Pensando em tudo isso a hora passou mais rápido. Tomei um longo banho. Minhas costas imploravam pela massagem bem feita de Paola... Antes de sair para a Band eu ouvi o áudio recente de Fran:

–Mami, agora falta só quarenta minutos. Eu já 'tô indo. Vai logo também!

Sorri largamente. Ao invés de responder eu só rumei a Band para tentar chegar junto de Paô. Cheguei primeiro devido à falta de trânsito. Quando o T-Cross estacionou ao lado do meu Jeep pude contemplar uma pequena espoleta me dando tchau extremamente animada através do vidro.

Corri até a porta em que poderia pegar minha loirinha mais rápido, desafivelei seu cinto de segurança, tirei-a da cadeirinha e abracei-a fortemente, enchendo aquela bochecha rosada de beijinhos doces e estalados. Os bracinhos ao redor do meu pescoço me apertaram com toda a saudade e força que tinham. Os olhinhos se fecharam enquanto um sorriso imenso domava seus lábios.