Paola's POVUm novo dia se iniciava. Os raios de sol adentravam a enorme janela do meu quarto e um calor bem conhecido me fazia companhia ali na cama. Me espreguicei lentamente, meus músculos agradecendo pela tensão proposital que se seguia de um relaxamento extremo.
–Bom dia, mamá! – Fran disse assim que eu abri os olhos.
Era fim de semana, o que significava que ela podia dormir na minha cama se quisesse.
–Buenos días, mi amor!
Ela sorriu e me abraçou, levemente sonolenta.
–Eu vou para a tia princesa hoje, né mamãe? – Indagou.
Não pude deixar de sorrir. Minha filha amava estar com Ana e eu sentia que a jornalista também amava estar com a minha pequena espoleta. Elas se divertiam tanto que as vezes eu me perguntava se eu tinha somente uma criança ou apenas uma adulta. Lindalva, minha amiga e funcionaria, há uns dias me falara algo interessante:
Tinham exatos trinta e um dias que eu e Ana estávamos nos conhecendo melhor. Volta e meia fazíamos algo juntas, a mais baixa sempre incluía Fran nos planos. O meu coração transbordava porque eu sentia que era natural. Não era como se Ana quisesse me agradar, fingir um sentimento que não existia.
Naquela tarde eu preparava alguns alimentos para mais tarde, adiantando o serviço para poder jantar com as minhas meninas. Eu amava aquele lugar, amava todas as lembranças que ele me proporcionava, boas ou ruins, porque tudo era aprendizado, vitória.
–Chefe, estamos com lotação máxima. – Lindalva me avisou.
O Arturito só iria receber clientes que tivessem reserva naquela noite.
–Muito bom! Yo já terminei aqui, okay? – Anunciei.
Saí da cozinha do Arturito e fui ao meu escritório. Fiquei ali por horas até me chamarem para cozinhar. Quando já tínhamos produzido mais da metade dos pratos da noite o meu celular vibrou.
Padrão: Estou na porta da sua casa esperando a pequena Fran escolher as músicas que vamos cantar durante todo o caminho e já chegamos aí. Adianto que estamos com bastante saudades, então se prepare para o nosso grudezinho.
Eu não pude deixar de sorrir largamente. Mal cabia em mim de vontade de tê-las ali, perto de mim.
Não foi cronometrado, mas quando fui falar com o pessoal de uma mesa que insistia em me ver para parabenizar pela comida, ambiente e pedir a famigerada fotografia, vi duas baixinhas passando sorridentes pela entrada do Arturito, as mãos dadas, os dedos entrelaçados, os sorrisos de orelha a orelha, a minha loirinha saltitava enquanto Ana lhe dizia algo deveras empolgante. Fizeram um high five e seguiram Peter até a mesa que eu tinha separado exclusivamente para nós. O meu coração acelerou.
–Se não se importam eu preciso muito voltar a cozinha agora. – Falei me retirando.
Tratei de terminar os pratos principais já sabendo que duas baixinhas famintas esperavam seus pratos assim que eu encerrasse o expediente. Sem mais pedidos de entradas e principais foquei nos pratos que eu prometi fazer a elas: Vieiras assadas no forno a lenha com manteiga de alho, Corte nobre de carne brasileira sustentável, raiz-forte, assado de batatas e cebolas assadas e polvo no forno a lenha com batatas ao murro e provençal. A sobremesa ainda não tinha sido definida, mas aposto que seria uma Pavlova para Ana e um Tiramisú para minha pequena loirinha.
–Tem duas mocinhas ansiosas pela sua presença. – Lindalva disse sorridente.
–Pode avisar que eu já estou terminando? – Pedi novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aquele Dia
RomantiekMuitas vezes não compreendemos os caminhos da vida. Ana Paula Padrão se vê novamente acomodada, sentindo falta de algo que abalasse suas estruturas, mas sabia bem que não tinha nada a ver com sua carreira profissional. Em um dia estressante de filma...