05 - O pedido de namoro

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Já se passava das oito da manhã, e Esmeralda estava atrasada mais do que o normal para ir à escola. Acordou preguiçosa, totalmente relaxada. Não entendia o motivo, mas algo dentro do seu coração estava fazendo-a se sentir bem. Talvez fosse o amor, ou seu coração tinha lembrado que hoje seria o grande dia. O dia em que seu verdadeiro amor lhe pediria em namoro — de novo. — na frente de sua avó.

Ela não iria estragar esse dia, nem permitiria que qualquer coisa atrapalhasse sua felicidade, nem mesmo sua atração por Calisto, até, mesmo, sua amizade com Alan. Isso a fez ficar séria por um momento, todavia fez questão de tentar esquecer esse pensamento.

Ao sair do quarto, já pronta para ir à escola, ela se depara com Alan, também, saindo do seu quarto. Ele parecia sonolento e bastante fadigado. Usava sua velha calça jeans, que estava bastante amassada, uma blusa do avesso — ela quis rir nesse momento, estava achando tudo muito fofo e bem típico de Alan. — seu cabelo estava bagunçado e os cadarços dos tênis desamarrados. Fora tudo isso, ainda tinha os livros segurados de um lado do braço e a mochila com apenas uma alça, pendurada nas costas. Ele tentava fechar a porta do quarto com sua chave e não percebeu que Esmeralda o observava.

Ao virar-se, Alan se deparou com Esmeralda o encarando. Ele ficou sem jeito e parecia tímido com um misto de confusão. Eles sorriram e não conseguiram evitar falarem ao mesmo tempo:

— Você também se atrasou? — Disseram.

Eles riram suavemente.

— Acho que dormi demais. — Confessou Esmeralda, tentando puxar assunto.

— Digo o mesmo de mim. — Falou ele revirando os olhos.

Eles ficaram por um momento se encarando, até que ouviram a campainha tocar.

— É melhor eu atender. — Disse Esmeralda, saindo da presença do seu melhor amigo. Ela gostava dele como um irmão, porem não poderia deixar de observar tamanha beleza. Era maldade observá-lo demais.

— Tudo bem, vai lá. — Disse ele, contudo nesse momento, Esmeralda já estava no último degrau da escada, para atender quem estava do lado de fora.

A garota correu e quase tropeçou no tapete. Jogou a mochila no sofá e foi direto para o local onde estava a chave da porta. Esmeralda observou que Maria já estava a caminho para atender, todavia parou ao vê-la.

— Eu atendo...! — Cantarolou Esmeralda.

Maria, assentiu sorrindo.

Ao abrir a porta, Esmeralda se depara com sua amiga Anny. Ela estava pálida e parecia nervosa. Sua farda tinha sido vestida ao avesso e seus cabelos pareciam não ter sido penteado. Seus olhos estavam cheios de olheiras, como se ela não tivesse dormido a dias...

— Anny?

— Oi... — Começou Anny. Sua voz estava baixa e rouca. — Precisamos conversar...

— Sim, claro... Entre! — Disse Esmeralda, convidando-a a entrar. — O que houve?

— Não! Não temos tempo... É urgente! — Falou ela, sussurrando como se estivesse escondendo algo.

Esmeralda fez uma careta, como se estivesse estranhando tudo aquilo. Ela fez um pequeno esforço para tentar entender o que Anny estaria dizendo. Por um momento pensou que sua amiga estivera chapada.

— Você esta me assustando, sabia? — disse Esmeralda, cruzando os braços e erguendo uma de suas sobrancelhas, sentindo-se desconfiada. — É algum tipo de piada?

— Esmeralda você precisa vir comigo. É urgente... — Continuou Anny, tentando ser discreta. — É sobre Carolina!

Carolina?! O que poderia ter acontecido a sua amiga? Por um instante de tempo, Esmeralda começou a pensar trilhões de besteiras; Carolina se declarou por algum rapaz e levou um fora, ela tentou se matar, brigou com Diogo e deu um soco nele, fugiu de casa com um cara desconhecido ou pior, foi molestada por algum tarado na estrada, enquanto fugia de casa! É melhor parar por aí...

— Venha comigo... Ela está na minha casa e você precisa me ajudar! — Continuou Anny, dessa vez indo mais próxima à Esmeralda e falando mais baixo.

Levar a sério as coisas que Anny falava é totalmente difícil, pois a garota tem um histórico bastante decepcionante quando o assunto é "Falar Serio", todavia, nesse momento, Esmeralda observou sua amiga "diferente". Havia verdade em seus olhos.

— Tudo bem, deixa eu pegar minha mochila. — Disse Esmeralda entrando na casa e indo buscar sua mochila jogada no sofá.

Alan estaria descendo os degraus da escada, quando observou Anny do lado de fora da porta e Esmeralda pegando sua mochila para ir ao colégio. Ele estranhou muito, pois ela ainda não tinha tomado o café da manhã e estranhou mais ainda com o motivo de sua amiga não tê-lo esperado para irem juntos a Brasílica, como de costume.

— Esmeralda, espere! — Disse ele aproximando-se dela. — Me espere um momento, irei com você. — O olhar que lançou para ela foi de total comoção. Parecia estar "implorando" a atenção dela...

Era difícil resistir a esse olhar.

— Eu tenho algumas coisas para fazer, Alan... — Finalmente falou. — Coisas de garotas. — Apontou para sua amiga que a esperava no lado de fora da casa.

— Vocês vão matar aula?

— Não! Vamos fazer um trabalho, antes... — era difícil mentir. Esmeralda nunca conseguia mentir para ninguém. Era como se um peso enorme caísse em seu coração, impedindo-a de falar qualquer invenção. — É rápido... nos vemos na escola! - disse ela terminando.

Ele a encarou, observando seu nervosismo. Sabia que algo tinha acontecido. Esmeralda não estava normal.

Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)Onde histórias criam vida. Descubra agora