Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)

10 - Ameaças

Querido diário, hoje eu não sinto nada em mim. É como se todas as minhas forças estivessem extintas. Hoje me sinto como se não existisse, como se o mundo estivesse girando sem mim, como se o tempo estivesse continuado e me deixado parada. A dor da minha alma chegou ao nível de uma imensa ferida que não cicatriza, apesar de todas as tentativas medicinais. Estou exausta, sem fôlego, sem vida. Já faz uma semana que enterrei minha melhor amiga que não via há meses. O rosto dela ainda vive na minha mente. Eu sou a culpada por sua morte. Nunca irei me perdoar pelo que deixei acontecer. Não sei mais se Deus realmente me ama. Pois, quem iria deixar que sua filha sofresse assim? Não me importo mais em pecar. Já estou no inferno.

Minha avó esta preocupada comigo. Desde o assassinato de Anna, eu não saio de casa. Não frequento a escola. Já chegaram advertências para mim, mas minha avó conversou com o diretor, já que são amigos. Ele aliviou pra mim, mas isso não me importa. Estou cansada.

Meus amigos foram embora para Maceió. Não quiseram falar comigo. A policia esta na minha cola a todo momento. Virei suspeita de arrancar a cabeça da minha melhor amiga numa esquina escura. Alan ficou do meu lado, e por diversas vezes tenta falar comigo, contudo eu não quero ver ninguém.

Não tive noticias de Rafael, nem de Calisto. As pessoas que eu mais busquei colo e troquei beijos, me deixaram. Promessas não cumpridas. Calisto e sua família viajaram e só recebi uma mensagem do Sr e Sra Numele, me informando sobre a partida. Não sei quando voltam. Minha vida mudou drasticamente.

A cada dia que se passa, sinto que estou cercada de angústia. Tenho pesadelos todos os dias com aquele vampiro que atacou Anna. Acordo em meio a gritos e soluços. Minha avó guardou a chave do meu quarto por precaução. Me sinto mal por preocupa-lá. 

Esmeralda escreveu essas palavras antes de Danuta aparecer em sua casa. Seu novo anjo da guarda entraria em ação para protege-lá de qualquer pensamento mórbido. Sabia que não seria fácil, pois a dor em sua alma era imensa, contudo não iria desistir de sua missão. Os anjos estavam espalhados pela cidade, de prontidão, buscando informações que levassem ao tal homem que ameaçou Esmeralda e todos a sua volta. Não podia permitir que esse tipo de coisa acontecesse com mais ninguém. 

Assim que chegou na residência Mendes, Danuta se deparou com dona Mercedez atendendo a porta. A jovem senhora já não estava mais com aquele vigor de antes. Estava cansada de preocupação. Era notável as olheiras de noites mal dormidas, os cabelos amarrados de qualquer jeito, a falta de maquiagem jovial que usava para ir ao trabalho. Mercedez precisava descansar. 

— Pois, não? — disse a jovem senhora, tentando lembrar se reconhecia o rosto do anjo a sua frente. 

Danuta estava vestindo uma calça jeans, com uma blusa branca com listras pretas. Seu cabelo estava preso em estilo rabo de cavalo. Usava óculos de sol, que retirou assim que a avó de sua protegida atendeu.  

— Esmeralda se encontra?

— Quem deseja falar? — questionou a jovem senhora. 

 — Uma amiga. — respondeu, sorrindo. — Me chamo Danuta. 

Mercedez cumprimentou a moça com um aperto de mão.  

— Oh, querida, não sei se Esmeralda esta pronta para receber visitas. Ela ainda esta abatida com tudo o que aconteceu... 

— Tenho certeza de que ela irá gostar de me ver. — insistiu Danuta ativando seu poder de convencimento. 

Dona Mercedez não resistiu ao encanto do anjo a sua frente. Por um momento toda a resistência e preocupação sumiram de sua face. Seus medos, suas dúvidas, e suas angústias se dissiparam com a presença de Danuta. Anjos possuem esse dom em auxílio aos humanos. Mercedez merecia trabalhar sem preocupações.