17 - Caçadores do Sobrenatural

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Quando várias mentes se juntam a favor de uma opinião, é aceitável um debate, contudo, quando essas várias mentes se juntam a favor de impor seu pensamento como soberano, existem riscos a serem considerados. Isso não passou na mente das pessoas apavoradas pelos números crescentes de desaparecidos em Coruripe. A multidão cercava a catedral da cidade em busca de justiça. Estavam sendo influenciados por seus líderes religiosos. 

Preso numa jaula, encurralado, sentindo-se o pior dos homens, estava o pobre reverendo Jhon. O infeliz servo de Deus segurava sua bíblia com decepção. Tinha confiado em Matias, lhe dera todo ensinamento cristão, tinha lhe dado amor de irmão. Tudo o que aprendeu foi por água abaixo... Matias se mostrava um homem ambicioso e cruel. Ele não ligava para ensinamentos, mas se importava com popularidade, poder, exercer influência. Ao lado de seu falso amigo, o padre a quem conhecia desde a adolescência também se mostrava o oposto dos ensinamentos de Cristo. A hipocrisia era nítida em sua face. Se Jhon pudesse voltar no tempo, se tivesse notado tudo aquilo... Era tarde para pensar naquilo.

- Vamos caçar as bruxas! - berrava Matias. - O mau não pode vencer, meus irmãos!

A multidão presente gritava em aprovação a ideia de Matias, o seu novo líder. A policia foi chamada para conter a população, mas uma serie de protestos se iniciava. Estava virando um caos.

Quando viu seu pai preso numa jaula como um animal, Alisson correu para ajudar. Empurrou quem estava na sua frente, tentando chegar ao encontro de seu genitor. As mãos do reverendo Jhon estavam frias, embora sua face estivesse avermelhada devido ao estresse.

- Papai, o senhor esta bem? - perguntou o jovem rapaz.

- Oh, meu filho... Quanta maluquice dessas pessoas.

- Irei tirar o senhor daí. - prometeu o jovem.

Apesar dos esforços do rapaz, tudo foi em vão, a multidão não o deixava tirar o próprio pai da jaula improvisada. Alisson foi ameaçado de ser trancafiado junto de seu familiar. Não convencido, começou a pedir ajuda da policia local. Quando a ajuda começava a se misturar, uma grande guerra começou. Pessoas eram agredidas, policiais apedrejados, gente ferida. Matias nada fazia, além de pôr mais fogo na fogueira.

- A policia deveria defender o seu povo! Estão lutando contra nós! - dizia ele.

Anny caminhava com Diogo pelas ruas da cidade, quando se depararam com a confusão. Os dois estavam unidos desde que Carolina se isolou deles. Uma amizade improvável aconteceu. Viviam especulando sobre os últimos acontecimentos, percebendo o quão estranho estava o lugar onde moravam. Diogo observava a cena com medo de tudo aquilo, enquanto Anny fazia a mínima. Assistia tudo aquilo tomando seu sorvete de baunilha que tinha comprado na sorveteria da praça.

- Que bando de fanáticos filhos da puta... - comentou ela, concentrada na cena.

- O que deve estar acontecendo? - perguntou Diogo, atrás dela, tentando se esconder de tudo aquilo.

- Não esta vendo? Gente doida! É o que esta acontecendo... Essa cidade virou um hospício. 

Do outro lado da rua, eles não perceberam que uma bruxa também observava toda a situação. Prindela queria estar por dentro de tudo. Sentia que algo muito perigoso se aproxima, podendo afetar sua estadia naquela cidade. Desde que Aníbal foi mandado para o submundo, a bruxa vivia sozinha, apenas com a companhia de seus seguidores: Pablo e Carolina.

A confusão não demorou mais tempo. Em um estalo, veio a explosão de uma luminária publica. Um tiro foi dado, quebrando-a. A multidão se apavorou, inclusive Matias e o padre. Vindo em alta velocidade, uma caminhonete parou na frente dos fiéis. De dentro dela saiu um casal. Um rapaz de pele clara e cabelos castanhos longos saiu primeiro - ele era o motorista. Logo em seguida, uma mulher também de pele clara saia do veiculo. Ambos vestiam-se de forma estranha. O homem usava uma calça de couro preta, bastante colada ao corpo, junto de uma blusa preta, completando com uma capa grande que chegava aos joelhos. Já a mulher, vestia-se da mesma forma, todavia com o tamanho das peças apropriado para ela. Ambos carregavam armas exóticas em suas mãos. A moça tinha um lançador de flechas, enquanto o rapaz uma espingarda do tipo moderna toda preta.

Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)Onde histórias criam vida. Descubra agora