15 - Olho por olho

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Os anjos que ficaram em Coruripe estavam aflitos. Algo de ruim tinha acontecido. O céu naquela noite estava diferente. Eles iriam receber uma visita celeste, mas dessa vez em tom de urgência. Depois de vários dias, Rafael retornava a sua casa. Ele estava diferente. A barba por fazer, cabelos mais longos... Parecia ter chorado todo aquele tempo. Nenhum dos anjos o reconhecia mais. 

— Rafael... — conseguiu dizer, Elika, ao atender a porta. 

 — Precisamos revidar. — disse ele, sendo direto, adentrando na casa.

Rafael sentia o que tinha acontecido. Um anjo teria sido ceifado na terra. Esse pressentimento ocorre naturalmente nos seres celestes em terra, quando há perigo ou morte entre eles, a conexão que os entrelaça é advertida.

—  Bom vê-lo de novo, irmão. — disse Thiago ao ver Rafael.

Elice veio logo em seguida, também estava aflita com os acontecimentos. Sentou ao lado dos irmãos que pareciam incomodados com toda aquela situação de incertezas.

—  Vocês sentem esse pesar na alma? — perguntou Elice.

—  Isso me preocupa muito. — falou Elika.

—  A nossa visita irá nos contar o que realmente esta acontecendo... — disse, por fim, Victor.

Rafael permanecia calado, pensativo. A todo momento tentava se comunicar com Danuta telepaticamente, mas não conseguia. Não sentia ela mais em terra. Isso o deixava transtornado. Já fazia um tempo em que perdeu o contato intimo com Esmeralda, logo após Danuta tomar o seu lugar como anjo protetor, mas agora as coisas estão piores, pois não há meios de senti-las.

—  Tenho que procura-las. — disse ele, serio.

Todos na sala o olharam com preocupação. 

—  Mas, precisamos primeiro saber o que nosso convidado quer conosco. — advertiu Elika.

—  Isso pode demorar! — rebateu o anjo.

—  Acalme-se! — disse Elice. — Precisamos manter a calma.

—  Elice tem razão. — falou Victor. — Nós não podemos perder a calma. As coisas estão complicadas. Sinto as forças das trevas se aproximando.

Rafael respirou fundo.

Os anjos na sala ouviram batidas na porta. De imediato, Rafael se levantou para atender, passando por Elika como um carro de corrida em competição. Mas logo seu animo foi por algo abaixo. Não era quem ele almejava ver. Do outro lado da porta se encontrava a senhorita Laura. Seu rosto estava preocupado, e percebeu o desapontamento de Rafael ao vê-lá.

—  Rafael...

—  Senhorita Laura...

—  Não o vejo há dias.

—  Precisava me afastar.

—  Eu compreendo...

—  Por favor, entre. Se junte a nós.

A bela criatura adentrou no ressinto, cumprimentando a todos que estavam aguardando.

—  Fui convocada as pressas para me juntar a vocês. — disse ela, seria. — Senti a perda de um dos nossos.

Todos estavam preocupados com a perca de um anjo, afinal. Mas isso era justificável. Não era fácil matar um anjo celeste enviado pelos céus a terra. Somente uma criatura abominável com muito poder poderia ousar matar um enviado de Deus. O último acontecimento como este ocorreu a mais de mil anos, numa batalha fervorosa entre demônios e anjos em Budapeste, levando a morte terrena de um dos anjos na guerra.

Sangue & Cristais ( 2° Livro da série S&E)Onde histórias criam vida. Descubra agora