Amigo, fazia tempo que aqui não chovia tanto. A água trouxe aquele frio fora de estação. Faz com que eu deseje um dia inteiro de leituras e palavras sem muito sentido, com diálogos que ninguém irá ler.
Eu tenho medo. Fingo que não, mas a cada dia ele consome um pedacinho da minha esperança. Talvez seja o momento de desistir dos sonhos e apenas aproveitar a vida pacífica que tenho o privilégio de desfrutar.
Continuo pensando nela. Naquele jeito peculiar que só olhando bem de perto a gente consegue perceber. Lembro de como os bolsos dela estavam sempre cheios de lixo, ela simplesmente precisava descartar as coisas na lixeira. É o jeito certo, e ela era assim com tudo na vida. Tudo precisava estar no devido lugar.
Mas, amigo, onde é o meu lugar? Nesta cidade que esfria no verão? Do lado dela e das regras que ela cria para sobreviver? Por que a gente precisa viver em um pais tão grande? Eu só queria ser um cara que pega um ônibus e duas horas depois já pode ver a mulher que ama.
Mas, não sei se ela quer me ver. Eu devia estar escrevendo para ela e não para você. Mas, eu tenho medo, amigo. Estou com frio e tenho medo de que nas regras dela o meu papel seja continuar distante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A vida é poema
CasualeOs melhores textos de seis anos do blog A vida é poema. Aviso de conteúdo: Ideação suicida, relacionamento abusivo, sugestão de violência.