A Floresta

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Ava dirigia seu carro pela estrada deserta tarde da noite, se amaldiçoando por voltar tão tarde para casa e para nada. Por sorte ainda tinha alguns dias de folga e não precisava se preocupar em voltar para o escritório na manha seguinte ou lidar com seu assistente atrapalhado. Suspirou pela enésima vez aquela noite, ela estava exausta emocional, física e psicologicamente e tudo o que queria era se deitar em seu sofá com uma taça de vinho, acender a lareira e remoer seus sentimentos destroçados no último encontro com sua ex.

When you said your last goodbye

Quando você disse seu último adeus

I died a little bit inside

Morri um pouco por dentro

I lay in tears in bed all night

Me deito chorando na cama a noite toda

Alone, without you by my side

Sozinho, sem você ao meu lado

Ava desligou o som. Normalmente a vista da floresta nos arredores de Star City era mais do que o suficiente para distraí-la dos problemas, as árvores altas remetiam a algo mais antigo, como se escondessem mistérios desconhecidos pela humanidade. Mas mesmo sendo noite de lua cheia as nuvens que cobriam o céu dificultavam a passagem da luz e ela não podia ver muita coisa.

A escuridão a impedia de ver além das árvores, mas Ava pode ver algo indistinto na estrada bem a tempo de parar o carro com segurança. Pedaços de madeira grandes, alguns com pregos enferrujados e outros partidos estavam espalhados de um lado ao outro na rodovia impedindo sua passagem a menos que saísse do carro e afastasse os obstáculos. Amaldiçoando o motorista desajeitado que havia perdido parte de sua carga, Ava saiu do carro puxando o casaco para junto do corpo a fim de afastar o frio que perfurava seus ossos.

A floresta pululava com a vida noturna ao seu redor, uma coruja piou bem perto num silvo longo como o aviso de um predador espreitando sua caça. Ava deu alguns passos quando algo atingiu pesadamente sua cabeça, a dor irradiou como um raio e fez sua visão escurecer.

As coisas pareciam turvas e sua cabeça parecia tão pesada quanto uma bola de boliche, pontos brilhantes dançavam diante de seus olhos e ela se sentiu ser arrastada pela terra molhada. Alguém, quem quer que seja, soltou suas pernas e por um momento nada aconteceu; o cheiro da terra e galhos de pinheiros inundavam as narinas de Ava, mas ela mal conseguia manter os olhos abertos àquela altura.

- Ei!

Ava achou que a voz masculina grosseira falava com ela, provavelmente para saber se ela estava bem, mas um conjunto de passos barulhentos se aproximou desajeitadamente esmagando galhos e folhas no caminho.

- Eu vou primeiro ou você vai? – continuou a primeira voz.

A segunda voz, também masculina, respondeu irritada:

- Eu vou, você foi o primeiro da última vez.

Oh, Deus. Ela ia ser estuprada, morta e seu corpo seria encontrado em alguma vala. Ava tentou se mexer, escapar, conseguir alguma chance de sobrevivência, mas sua visão escureceu momentaneamente com o esforço e ela precisou parar e respirar fundo para voltar a enxergar; apesar de seus rostos ainda estarem indistintos seu tamanho era inegável, dois homens grandes e ela não teria a menor chance de nocautear os dois ao mesmo tempo com a cabeça pesando como chumbo.

- Ela está acordada.

- Prefiro assim – respondeu o primeiro – Está com medinho?

Ava tentou se arrastar no chão, mas o homem segurou seu pé e riu da sua tentativa de fuga. Ele abriu a boca para dizer algo, talvez alguma piadinha estúpida sobre estupro e mulheres frágeis, quando um uivo cortou a noite.

Fome de Loba (Fanfic Avalance)Onde histórias criam vida. Descubra agora