Sobre mulheres e lobas

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 Ava olhou no relógio de pulso pela quinta vez em poucos minutos, ela precisava que Gary parasse de falar para que ela pudesse trancar o escritório e ir ao encontro de sua namorada.

Sua namorada.

Mesmo depois de um mês era difícil acreditar que ela, Ava Sharpe, namorava Sara linda e selvagem Lance.

Era sexta-feira e ela simplesmente estava louca para pegar suas coisas, encontrar a namorada e partir para a floresta onde passariam o fim de semana; com a proximidade da lua cheia, Sara se sentia cada vez mais agitada e a necessidade de gastar energia era mais evidente, o que elas notaram depois que a loira menor lhe deu cinco orgasmos seguidos e não demonstrou sinal algum de cansaço.  Ava adorava o sexo, mas queria evitar a sensação de que seu cérebro poderia derreter a qualquer momento.

- Então John disse...

- Gary! – Ava interrompeu – Eu não ligo para o que você e Constantine vão fazer no fim de semana, mas eu preciso ir.

- Ah, é! Sara vem te buscar – ele lhe lançou um olhar sugestivo – Como é, você sabe... Com ela?

- Gary, eu juro... – grunhiu e então baixou a voz num sussurro – Só porque você sai com aquele bruxo de quinta, não quer dizer que pode falar assim da Sara.

- John é um desgarrado, ele prefere assim – Gary defendeu – Somos parte do mesmo saco de farinha sombrio.

- Tanto faz, eu preciso mesmo ir. Você entendeu tudo?

- Não entrar na sua sala, não deixar John invocar nada maligno enquanto estiver sozinho comigo e se ele fizer isso devo sair de lá imediatamente.

- Eu me preocupo com você, não quero que nada te cace por causa do Constantine – Ava pegou a pequena mala de mão que guardou em seu armário e a dependurou um ombro – Se houver uma emergência tipo, eu não sei, um demônio fugiu do inferno e está caçando você, sabe onde me encontrar, o telefone não funciona. Mas só em caso de vida ou morte.

- Entendido – Gary fez uma saudação militar e então balançou as sobrancelhas lhe lançando um olhar sugestivo – Tenha um bom fim de semana.

- Eu vou ter.

E ela realmente esperava, principalmente porque passaram grande parte da semana sem se falar com Ava ocupada com o escritório de advocacia do qual era sócia e Sara atendendo na clínica veterinária; a loira menor havia lhe confidenciado que pretendia se tornar médica, mas se apaixonou pela área ao salvar um pequeno canário da morte após ser atingido por uma pedra lançada por algum moleque na rua que, é claro, rendeu uma provocação de Ava de que o verdadeiro motivo para cursar veterinária fosse para cuidar de si mesma e da alcateia enquanto em forma lupina o que lhe rendeu um rosnado e um ataque se cócegas.

Mas ela não podia negar que, por vezes, Sara era como um cachorrinho grande e muito fofo. A despeito do que os livros antigos diziam sobre os filhos da lua, a alcateia de Sara, as “Lendas”, não eram violentas, porém Ava sempre se lembraria da facilidade com a qual sua namorada destroçou seus atacantes.

Perdida em pensamentos, Ava já estava na calçada quando se lembrou de mandar uma mensagem para Sara avisando que estava esperando por ela, a resposta veio instantaneamente, então quando seu telefone tocou ela não se preocupou em identificar quem ligava.

- Titia! – a voz infantil gritou do outro lado da linha – Onde você está?

- Oi, Riley – Ava respondeu animadamente – Eu estou no trabalho.

- Vem brincar comigo hoje, mamãe me deu tescópio pra ver as estrelas.

- Um telescópio – corrigiu com ternura – Mamãe vai te ensinar sobre as constelações?

Fome de Loba (Fanfic Avalance)Onde histórias criam vida. Descubra agora