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{dois dias depois}
Any

Tirei o dia para ficar com o meu melhor amigo, Bailey May. Mas eu sempre chamo ele de Mayley.

Ouço alguém bater na porta de minha casa. Levanto e vou olhar pelo olho mágico. Bailey me espera com uma sacola do lado de fora.

- É comida pra mim por acaso? - pergunto abrindo a porta.

- Narcisista. - nós rimos e ele entra.

- Ué, não tem nada de errado em querer mimar sua melhor amiga, sabia?

- Interessante.

- Mailey Bay, um homem de poucas palavras.

Ele ri de meu comentário e me entrega a sacola.

- Ai. Meu. Deus! - retiro o produto de dentro da bolsa plástico. - Você trouxe morango pra mim?! Eu te amo muito sabia?

Dou um beijo em sua bochecha e um abraço.

- Espera ai... Você quer me pedir algo, não é?

- Eu?! Claro que não! - seu sorriso entrega tudo.

- Fala logo, Bailey. - eu só chamo ele de Bailey quando eu estou com raiva ou preocupada. - É algo com seus pais? Com seus irmãos? O que foi?

- Calma, Any. Eles todos estão bem.

Ponho a mão no peito como um sinal de alívio. Ele me puxa para o sofá e senta ao meu lado.

- Any... - ele começa seu discurso. - Eu preciso de um grande favor.

- Hm, fala.

- Sei que você não vai querer topar, mas escuta, ok? Dá uma chance. - Meu coração acelera involuntariamente quando ele diz isso. Nunca vem coisa boa a seguir. - Eu te peço com todo o meu coração, para você acolher a Sina nesse momento.

Meu olhar é de indignação. Ia dizer algo, mas ele faz com que eu fique calada para ele terminar de falar.

- Eu sei que vocês se odeiam, sei que ela fez muito mal para você e o Noah, mas ela está miserável. - bem feito, penso. - Se você tivesse visto ela ontem você entenderia melhor.

- Ela estava na sua casa ontem, Bailey May?

- Não porque eu quis. Eu estava assistindo o jogo de futebol ontem quando ela me chama. Eu abri a porta e ela entrou direto, sentando no sofá chorando muito.

- Ela teve o que ela merece.

- Any, ela não tem literalmente ninguém. Ela disse que Heyoon e Krystian, os únicos amigos dela, estão a odiando. Disse que os haters estão falando que ela merece tudo o que está acontecendo, merece tudo de ruim. O pai dela estava certo em tê-la abandonado quando criança e que ela deveria ter se matado o quanto antes. Você tem noção do quanto isso é grave?

Eu não acredito no que ouço. Ela já foi abandonada pelo pai? Estão mandando ela se matar? Como o ser humano pode ser tão ruim a esse ponto?

Sim, eu mostrei o áudio que ela dizia tudo o que já fez com o Noah, mas foi para defendê-lo, pois ele também estava levando um hate em massa.

Fico calada por um tempo, sem fazer ideia do que eu deveria fazer de verdade.

- Sei que não vai perdoá-la, não sou ingênuo a esse ponto. E ela também sabe que não irá perdoá-la. Apenas, escute a Sina. Ela precisa muito desabafar, principalmente com você.

Lágrimas descem dos meus olhos. Pouca gente sabe, mas eu já tive depressão e foi a pior época da minha vida. Não tinha motivação para nada, não queria sair da cama, não queria ver ninguém.

Eu só queria poder sumir por tempo indeterminado e ninguém poder me encontrar. Mas com a ajuda da minha família e amigos, eu superei. E óbvio, com a ajuda de uma terapeuta.

Decido que vou ajudar Sina. Vou perdoá-la e tentar ser o mais legal com ela possível, mesmo que a gente não se dê muito bem. O amor precisa, e deve, sempre prevalecer.

- Obrigada por me falar isso, Mailey. De verdade.

- Sem problemas, Moranguinho. - Ele me da um abraço forte.

Ele é uma das poucas pessoas que sabem do meu passado.

- Mas, eai, quer ver um filme? - pergunto, tentando animar o ambiente.

- Claro, escolhe ai.

- Não aqui, né, por favor. No cinema! - faço uma expressão de "não é óbvio?"

- Ah, não, sair de casa não!

- Af, garoto chato. Quer fazer o quê, então?

- Vamos dar uma volta de skate! - ele diz como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante.

- Mas você acabou de falar que não quer sair de casa, seu retardado.

- Mudei de ideia! As pessoas mudam, Any. - ele vai me levanto até o meu quarto. - Agora coloca uma roupa mais confortável e pega o seu skate pra gente ir. Vou pegar o skate do Lamar, ok?

- De boa, ele ta na Inglaterra com bolsa de estudos, esqueceu? Não vai usar por um bom tempo.

- Ah é, verdade. Alguém tinha que ser inteligente nessa família, né?!

- Vai se ferrar, Mailey. Tu é uma chacota.

Ele manda um beijo para mim. Tão debochado que as vezes da raiva. Troco de roupa e pego meu skate. Bailey já me espera do lado de fora da porta.

E assim nós vamos.

𝙻𝚎𝚐𝚎𝚗𝚍𝚜 - 𝙽𝚘𝚊𝚗𝚢 {𝚌𝚘𝚗𝚌𝚕𝚞𝚒́𝚍𝚊}Onde histórias criam vida. Descubra agora