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Any

- Any Gabrielly Rolim Soares, você precisa contar logo pro pai! - diz minha mãe com uma voz autoritária. - Aliás, quem é o pai?

- É o Noah Urrea. Aquele com quem eu fiz uma música junto.

- Sério? Any, ele é muito lindo! - diz ela brincalhona. - Desde que eu vi vocês juntos, sabia que ia dar em algo. O jeito que ele te olha, Any... É inexplicável.

Fico um pouco sem graça pelo comentário, mas dou um sorriso para ela. Vejo meu pai voltar com uma câmera na mão.

- Toma. - Ele entrega a câmera para mim. - Eu comprei essa câmera no dia do seu nascimento, para fotografar você no hospital. A gente não tinha muito dinheiro na época, mas essa deu para o gasto. - Ele solta um sorriso fraco. - Agora que você vai ter uma família só sua, quero que você tenha.

Lágrimas saem dos meus olhos, provavelmente por conta dos hormônios. Estou muito chorona esses dias. Chorei mais em um dia do que já chorei em um ano.

- Obrigada, pai! - dou um abraço apertado nele e logo volto a sentar no sofá. Eu também me sinto mais cansada do que o normal agora.

Sinto outro enjôo vindo e vou logo para o banheiro. Eles não perguntam nada, pois sabem exatamente como é.

- Any, querida, eu posso te passar algumas dicas para diminuir os enjôos e tonturas se quiser. - diz minha mãe batendo na porta.

- Seria de grande ajuda. Obrigada!

Limpo minha boca e saio do banheiro. Decido que vai ser agora que eu conto ao Noah. Se não contar hoje, talvez não consiga contar mais.

- Gente, eu estou de saída. Preciso contar ao Noah sobre... Isso. - digo assim que chego na sala.

- Tudo bem, meu amor. - Minha mãe me abraça. - Estamos aqui para o que der e vier.

- Se cuida, filha. - meu pai me abraça e me despeço deles.

Mando mensagem para Sina, dizendo que ela já pode vir me buscar. Ela responde rápido e diz que já está à caminho. Meus pais me acompanham até lá embaixo e ficam comigo até a Sina chegar.

- Nós te amamos muito e temos muito orgulho da mulher que você se tornou, anjinho! - diz minha mãe e vejo meu pai concordar com a cabeça. Neste momento, ouço uma buzina tocar e sei que é Sina.

Aceno para eles enquanto vou em direção ao carro. Entro e Sina parece mais animada.

- Eai, como foi? - ela pergunta.

- Eu tenho os melhores pais do mundo! - respondo e ela entende. - E, Sina... Me leva até a casa do Noah.

- Às suas ordens, mamãe. - Ela acelera o carro, em direção à casa do Noah.

Paramos no Bob's para comprar um milkshake, pois eu estava muito nervosa mesmo. Eu precisava comer algo para me acalmar.

Quando percebo, já estamos na frente da casa de Noah. Meu coração bate cada vez mais rápido. Minha mão está tremendo um pouco.

- Ei. - diz Sina segurando minha mão. - Vai ficar tudo bem!

Dou um abraço forte nela, e saio do carro.

- E olha. - Ela diz antes de sair com o carro. - Se ele não quiser, me avisa para eu dar uma porrada nele. - dou um risada de seu comentário. - Me liga quando acabar.

- Não sei nem se vou sair viva daqui. Meu coração tá muito acelerado.

- Não fala isso, idiota. - Ela manda um beijo para mim e da partida no carro, me deixando ali.

Ando até a porta de Noah, mas hesito em chamá-lo. Fico encarando a porta, pensando em todas as possibilidades de reações que o Noah pode ter. A porta se abre, e por impulso, dou um salto para trás, por causa do susto.

- Any? - pergunta Noah assim que abre a porta. - Por que você está parada ai encarando a porta?

Tento dar um sorriso simpática, mas fico parecendo uma doida.

- A-ah, eu... É... Como sabia que eu estava aqui? - pergunto, tentando desviar o assunto um pouco.

- Eu ouvi sua voz lá fora. Olhei pela janela e vi que era você.

- Ah, faz sentido.

Ficamos nos encarando por um tempo, até que Noah fala algo.

- Quer entrar? - ele pergunta abrindo passagem.

- Sim. Obrigada. - entro na casa dele e vou diretamente para o sofá. Ele senta ao meu lado, mas eu me levanto. Sento novamente, porém me levanto em seguida.

- O que está acontecendo, Any? - ele pergunta, me fazendo parar. - Por que você está agindo assim?

Decido que será melhor ficar sentada ao lado dele. Trouxe comigo o teste que a enfermeira me deu, mostrando os dois tracinhos positivos no teste de gravidez.

Tiro o teste que estava em uma caixinha em meu bolso e apenas entrego a ele. Não estava conseguindo verbalizar nada naquele momento.

Ele pega a caixinha, ainda não entendendo a situação, então ele a abre. Primeiro ele não entende direito, mas logo quando vê os dois tracinhos, entende totalmente. Seus olhos se arregalam, como sinal de surpresa e ele me encara.

Tampo meu rosto por conta da vergonha, e ele continua me encarando. Sem dizer nada.

- P-por favor, me diz que não é uma brincadeira. - Ele diz, um pouco gaguejando. É agora que ele vai surtar e me odiar.

- Não é! - Já estava com os olhos encharcados. Perdi as contas de quantas vezes chorei hoje.

- Any, isso... Isso é inacreditável.

- Eu sei que você me odeia, Noah! - me levanto e começo a surtar. - Sei que isso é uma merda, mas a culpa não é só minha! Eu não transei sozinha aquele dia!

Ando em círculos pela sala, e Noah vem até mim.

- Você realmente acha que eu seria capaz de te odiar? - ele pergunta com uma voz calma. - Any... Eu sempre quis ser pai. - Ele limpa minhas lágrimas com seus dedos.

- Sério? Então você não acha que eu devo abortar?

- Pelo amor de Deus, não faz isso. - Encaro seus olhos e eles estão implorando para que não faça. - Isso é a melhor coisa que já me aconteceu.

- De verdade? - Ele concorda com a cabeça. Eu o envolvo em um abraço forte. Ele é o melhor namorado do mundo. - Eu te amo, Noah Urrea.

Dou um beijo demorado nele, e ele retribui. Meus braços estão ao redor de seu pescoços, e as mãos dele estão na minha cintura.

- Eu também te amo, Any Gabrielly! - Ele volta a me beijar. - Seremos uma linda família!

𝙻𝚎𝚐𝚎𝚗𝚍𝚜 - 𝙽𝚘𝚊𝚗𝚢 {𝚌𝚘𝚗𝚌𝚕𝚞𝚒́𝚍𝚊}Onde histórias criam vida. Descubra agora