Surpresas

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Carol

Subo para o meu apartamento com as palavras dele ecoando na minha cabeça. Eu sei que nós dois nunca conseguiríamos ser apenas bons amigos, e há muito tempo eu não me divertia com alguém como na noite passada, mas ainda assim, eu não sei se eu quero estar no meio de toda essa confusão de ex-namorada e filho. Isso sem pensar no caos que pode ser se descobrissem que a gente tem um relacionamento, todo o meu trabalho seria contestado, com o mínimo indício de um romance com um dos jogadores mais importantes dos Jaguars.

Entro em casa e disparo um cronômetro mental, vou direto para o chuveiro para tomar um banho e visto uma calça jeans, uma blusa lisa preta, com um blazer vermelho e minhas sapatilhas, por fim, faço uma make básica, e me apronto com 15 minutos de sobra. Pego meu celular, a bolsa, a pasta com meu currículo, as chaves do carro e vou até a garagem, entro no carro e automaticamente conecto o celular com o som. A voz de Maluma cantando "No Puedo Olvidar" ecoa nos alto-falantes, essa é a música que ele colocou para tocar no deck ontem a noite, dirijo até o estádio cantarolando e relembrando tudo o que aconteceu desde que nos conhecemos. Se eu não estivesse vivendo tudo isso, diria que essa história faz parte de um roteiro de romance de cinema, é isso que me faz ter certeza que jamais daria certo entre a gente, essas coisas só funcionam na ficção.

Chego ao gabinete do presidente faltando 5 minutos para as 10 horas, me identifico para a secretária, que me encaminha para a mesma sala de espera que eu e Érica aguardamos no outro dia. Depois de uns 10 minutos o presidente Almeida me chama para começar a entrevista, quando entro na sala, sou apresentada a Fernanda, responsável pelo RH do clube.

Conversamos um pouco e em seguida o presidente nos deixa a sós para que ela desenvolva algumas dinâmicas. Ela me passa alguns cases e pede soluções, o que faço com certa agilidade e pensando no que seria prático de fazer, por fim, ela me pede para fazer um texto sobre o time. Termino a entrevista e ela fala que eles entrarão em contato, então desço para o estacionamento e quando chego ao meu carro, ouço alguém me chamando.

"Carol!" - Grita Fede, correndo até mim.

"Fede!" - Nos abraçamos.

"Como tu tá?" - Ele pergunta em meio ao abraço.

"Bem e tu?" - Respondo.

"Bem também. O que tu faz por aqui essa hora?" - Ele pergunta curioso.

"Vim resolver algumas coisas, e agora estava indo para casa almoçar qualquer coisa congelada que esteja no meu freezer." - Omito a parte da entrevista, para não criar expectativas.

"Almoçamos juntos?" - Convida ele. - "Assim tu come algo melhor do que os congelados no teu freezer." - Acrescenta.

"Como nos velhos tempos?" - Sorrio para ele.

"Como nos velhos tempos." - Afirma.

"Nem vou perguntar, porque já sei que vamos no teu carro." - Constato, e nós dois rimos enquanto caminhos até o carro dele.

"Como estão as coisas? Tá sumida." - Comenta Fede.

"Melhor do que eu podia imaginar, mas e Érica e as crianças?" - Pergunto.

"Estão bem, com saudades tua, ontem mesmo o Francisco perguntou de ti." - Conta.

"Eu sei, tô devendo uma visita, mas essa semana eu apareço, e com novidades, espero." - Prometo.

"Claro que tu vai aparecer, vamos fazer um jantar hoje e tu não pode faltar." - Decreta Fede.

"Parece que não tenho escolha." - Afirmo dando risada.

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