Reconciliações

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Carol

Abro a porta do meu quarto e encontro um Nico bêbado, que me vê e começa a falar alto e com gestos exagerados. Antes que todo mundo saia pra fora, o puxo pra dentro da suíte e fecho a porta.

"O que tu tá fazendo aqui?" - Questiono.

"A GENTE TEM QUE CONVERSAR." - Um misto de grito com palavras embaralhadas sai da boca dele.

"Não precisa gritar, eu não sou surda."

"Eu te amo Carol e tu tem que ficar comigo."

"Nico, amanhã a gente conversa, tu tá bêbado."

"NÃO! EU QUERO FALAR AGORA." - Ele levanta o tom de voz.

"Baixa o tom porque eu não sou surda."

"Mas eu não to gritando. Eu só quero uma resposta pra tudo o que eu falei mais cedo." - Ele não percebe os próprios gritos, o que deixa ainda mais evidente o nível de álcool.

"Vem comigo?" - Estendo a mão pra ele.

"Pra onde tu vai me levar?" - Me olha com receio.

"Tu não confia em mim?"

"Acho que vou vomitar."

Levo Nico pro banheiro e sento com ele ao lado do vaso sanitário. Fico ali até que ele coloca a cara no vaso e coloca litros de álcool pra fora.

"Melhor?" - Pergunto.

"Um pouco enjoado."

"Vem." - Estico a mão.

Levo Nico para o box e digo para ele tirar a roupa. Ele obedece sem reclamar, ligo o chuveiro e o coloco embaixo d'água. Ele se assusta no início, mas logo se acalma e deixa a água escorrer por seu corpo, levando aos poucos a bebedeira e o cheiro de aguardente.

Deixo que ele tome banho e volto para o quarto pra pedir comida, água e remédios. Ouço ele desligando o chuveiro e quando paro na porta do banheiro, o encontro escovando os dentes. Com todas as etapas concluídas, Nico senta comigo na cama e me olha envergonhado.

"Aqui." - Entrego um comprimido e uma garrafa de água pra ele.

"O que é isso?"

"Analgésico, vai aliviar a ressaca."

"Desculpa por isso, não quis incomodar."

"Não se preocupa, alguém ia ter que te cuidar hoje." - dou de ombros.

"Que vergonha!" - Ele senta na cama, com a toalha enrolada na cintura.

"Tequila?"

"Me conhece tão bem."

"Fui eu quem te passou esse vício." - Brinco. - "Vem, tá na hora de comer."

"Comer quem?" - Reviro os olhos.

"Nem parece que acabou de vomitar né? Eu pedi comida pra ti, então para de bobagem e vem comer."

"Vou pro meu quarto, não quero te incomodar."

"Chega Nico! Tu já tá aqui, então senta e come." - Aponto pro lugar vazio ao meu lado. - "Além do mais, o Victor tá no teu quarto com uma mulher na banheira."

"Como tu sabe disso?" - Pergunta, mordendo um pão.

"Porque eu fui correndo lá em cima pegar uma cueca e uma bermuda pra ti."

"Nossa, agora me sinto péssimo por ter feito tu ver essa cena."

"Eu não vi nada na verdade, eu só ouvi os gemidos dela, que parecia estar adorando a língua dele." - Nós dois rimos.

El JugadorOnde histórias criam vida. Descubra agora