El Jugador

Clandestino

Nico

Carol me pega de surpresa no momento em que entramos no carro, não sabia desse lado dela, mas agora estou bem interessado em conhecer. Ligo o carro e sigo pra casa, mas por algum motivo o trânsito está lento, e vamos levar mais tempo para chegar.

Paro na fila e como se tivéssemos feito isso um milhão de vezes, ela conecta o celular no carro e as vozes de Shakira e Maluma cantando Clandestino sai dos alto falantes. Carol começa a cantarolar e fico observando e prestando atenção na letra.

"Acho que tu anda ouvindo muito essa música ultimamente." - Comento e ela arqueia a sobrancelha.

"Por que?" - Pergunta intrigada.

"Porque tu, com certeza, se inspirou nela todas as vezes que me disse que nós somos apenas amigos, mas seguimos mantendo encontros clandestinos." - Explico e ela solta uma gargalhada.

"Eu nunca tinha pensado nisso, mas pode ser." - Ela diz.

"Pode ser?" - Pergunto sem entender.

"Sim. Acho que funciona bem para nós, inclusive essa pode ser a nossa música." - Ela começa a falar, e a julgar pela minha cara de surpresa, ela percebe que eu ainda não entendi. - "Tu já imaginou o caos que seria se alguém descobrisse sobre os nossos encontros?" - Ela pergunta.

"Por que seria um caos?" - Devolvo a pergunta.

"Primeiro, a tua ex/futura atual ficaria louca. Segundo, não peguei o contrato ainda, mas tenho quase certeza que não é ético namorar um jogador que trabalha no mesmo clube que tu. Terceiro, meu trabalho seria eternamente contestado e diriam que tudo que eu escrevi foi tendencioso e com informações facilitadas por manter um relacionamento contigo." - Ela explica e tudo faz sentido para mim, por mais que eu queira espalhar para todo mundo que ela é a mulher da minha vida, as coisas poderiam se complicar no trabalho para ela.

"Eu aceito." - Afirmo com segurança.

"Aceita o que?" - Ela pergunta sem entender.

"Ser teu amigo com encontros clandestinos." - Pego ela de surpresa com a declaração.

"E quem disse que eu quero continuar me encontrando contigo?" - Provoca, aproveito para me aproximar dela.

"A gente sabe que a química entre nós é inegável e que isso não vai acabar assim, do nada. Além do mais, esse perigo de alguém nos descobrir é excitante." - Roubo um beijo dela.

Ela corresponde e exploramos a boca um do outro por um tempo, até sermos obrigados a nos separar porque os carros começam a buzinar. Caímos na gargalhada e retomo o percurso, só para parar um minuto depois.

"Sou obrigada a admitir que tu tem razão, não tem como terminar com essa atração como em um passe de mágica." - Ela fala e eu sorrio vitorioso.

"Finalmente parece que tu tá entendendo que tem algo mais forte entre a gente que sempre vai nos unir." - Concluo.

"Calma aí. Eu concordo em manter as coisas assim, mas com a condição de que a gente não se envolva emocionalmente e que a tua ex não fique sabendo disso. Não quero ter que lidar com problemas desse tipo." - Ela impõe às regras e isso só me dá mais certeza de que ela já sabe da fama da Malu, mas isso não importa muito agora, porque ela aceitou manter os nossos encontros e é só uma questão de tempo para que o jogo mude, e dessa vez a Malu não vai atrapalhar a minha vida.

"Como tu preferir, mi amor." - Afirmo. - "Tenho certeza que tu não vai se arrepender." - acrescento.

"Não teria como eu me arrepender, já que tu é a grande contratação dos Jaguars, o cara mais convencido do mundo, um deus do sexo e, claro, o melhor homem que eu poderia encontrar na vida." - Ela ironiza.