O sobrinho da empregada

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Minhyun, acompanhado de sua tia, atravessava a porta dos fundos da enorme mansão, tentando lembrar-se do porque estava ali. Era fácil e doloroso lembrar, estava fugindo, sim, de certo modo estava. A angústia que o consumia por deixar seus pais para trás e vir morar com sua tia, para poder estudar em uma boa escola, dizia que tudo era uma fuga, uma traição aos pais e amigos, mesmo que tenham sido seus próprios pais que o obrigaram a tentar uma bolsa de estudos.

Sua tia que mora mais perto da escola do que seus pais, é empregada doméstica na casa de uma família rica, e habita uma casa nos fundos do quintal da família, casa até que grande, Minhyun havia estado lá mais cedo, para arrumar o seu novo quarto, pois a dona do lugar tem um enorme laço de amizade com sua tia e deixou que o jovem morasse com eles.

-Minhyun, fique aqui, buscarei um lanche, logo a senhora Choi descerá para te cumprimentar. -Foi assim que ele foi liberto de seus pensamentos, quando já estava no meio da sala de estar, apenas com um aceno de cabeça concordou.

O mesmo ficou parado, admirando o local, enquanto sua tia foi para a cozinha. Aos seus olhos, via tudo tão grande, tão brilhante, cada detalhe o cativava, aquilo era a sensação de ser rico? Tinha certeza que o sorriso em seu rosto, era o mesmo de uma criança, ao conhecer coisas novas.

Desfez o sorriso e arrumou a postura quando ouviu alguém descer as escadas em passos lentos, voltou os olhos para a escada e pode ver uma pessoa, ou melhor, uma garota, linda e delicada, seus cabelos loiros estavam soltos e caiam sobre seu ombro, usava uma calça preta e uma blusa rosa, o dobro, se não o triplo, de seu tamanho, carregava um livro e andava o lendo, por isso os passos lentos, estava tão concentrada que não percebeu a presença de Minhyun, indo diretamente em direção a cozinha.

Parecia um anjo, pensou Minhyun, ao lembrar do rosto delicado da jovem, e sorriu. Estranhamente havia gostado da forma como a garota lia e andava, novamente foi desperto de seus devaneios, desta vez, por outra figura que descia as escadas, uma mulher de meia idade.

-Olá, Minhyun. - Disse a senhora, sentando-se no sofá. - Sente-se.

-Olá, senhora Choi. - Concluiu, pois sua tia havia dito que na casa, moram apenas, a senhora Choi, com seu filho e suas duas filhas, então era óbvio. O mesmo sentou-se um pouco receoso, e logo sua tia aproximou-se com uma bandeja, a colocando na mesinha de centro.

-Onde está o monstrinho raivoso? - Perguntou a senhora, Minhyun franziu o cenho, um pouco confuso.

-Na cozinha, milagrosamente saiu do quarto. - Respondeu sua tia.

-Desculpem-me, mas eu não entendi. - Disse Minhyun, e antes que alguém pudesse responder, uma voz ecoou pela sala.

-Falar mal dos outros pelas costas é feio. - Era a mesma menina de antes, agora com o livro fechado em mãos, ainda confuso, Minhyun sorriu e se prontificou em cumprimentá-la.

-Olá senho... - Mas foi cortado por sua tia.

-Esse é meu sobrinho, Minhyun, aposto que serão bons amigos.

Mas recebeu apenas um "hum", como resposta da jovem, que virou-se e saiu do local, subindo as escadas.

-Não se preocupe, o gênio deste ser é um pouco forte, com certeza ficou irritado com sua presença, e por Hany dizer que vocês poderiam ser amigos, já que ele odeia que falem isso. - Disse a senhora Choi, bebendo um pouco de chá. - Em algum momento sairá daquele quarto, então vocês conversarão e se tornarão amigos.

Será que aquele anjo é um demônio como a descreviam? Ou apenas não a entendiam? TPM também pareceu uma boa desculpa para aquele comportamento, pensou Minhyun, sem dizer nada.

-Não precisa me chamar de senhora Choi, pode me chamar apenas de Soomin. - Disse ela a fim de continuar a conversa.

-Obrigado, senhora Soomin. - Respondeu Minhyun, voltando a realidade.

-Quero que jante conosco esta noite, para nos conhecermos melhor, o que acha? - Perguntou Soomin o olhando. 

Minhyun lançou um olhar para sua tia, na esperança de que a mesma pudesse o ajudar na escolha, ela o olhou e confirmou com a cabeça.

-Ficarei honrado em jantar com sua família. - Disse Minhyun, mexendo os dedos.

-Você parece incomodado. - Disse Soomin.

-Tudo é muito novo para mim, estou acostumando-me com o local, desculpe-me.

-Ei! Se acalme, eu entendo. - Ela disse comum olhar calmo. - Terei que sair, nos vemos no jantar.

Após isso, ela levantou-se e saiu, indo para o quarto, provavelmente para arrumar-se. Minhyun levantou-se e foi para a casa no fundo do quintal. Ao entrar, fechou a porta e sentou-se no sofá, começou a ouvir música, enquanto mexia no celular, na tentativa de dispersar os pensamentos sobre estar ali, que o assombravam.

Após um tempo, Minhyun havia entretido-se com o celular e nem viu a hora passar, logo escutou alguém bater suavemente na porta e levantou-se para abri-lá.

Ao abria a porta, deparou-se com a figura daquela jovem garota o olhando, a mesma tinha um olhar frio, e mostrava total desinteresse em estar ali.

-Sua tia está te chamando. - Disse friamente, ao ver a expressão surpresa de Minhyun.

-Me...chamar? - Perguntou Minhyun, confuso.

-Você é sobrinho da Hany? - Perguntou a menina, o encarando.

-Sim, sou. - Afirmou.

-Então é você mesmo, ou tem mais algum sobrinho dela por aqui? Não deixe sua tia esperando, é falta de respeito. - Havia um pouco de raiva na voz da loira.

-Ah...você está certa. - Resmungou Minhyun e viu uma tensão formar-se nos olhos da jovem. - Você está bem?

-Apenas vá até sua tia e me deixe em paz! - Após falar isso, saiu apressadamente.

-Credo. - Murmurou Minhyun, saiu da casa e fechou a porta, indo até sua tia, na cozinha da mansão.

-Demorou bastante. - Disse Hany. - Mas pelo menos venho.

-A senhora quer falar comigo?

-Quero que arrume-se bem para o jantar, e que tenha bons modos. - Ela disse o analisando. - Arrume este cabelo.

-Meu cabelo está arrumado, mas farei aquele lindo penteado todo engomadinho. - Disse rindo. - Não te decepcionarei, que horas será o jantar?

-Daqui a duas horas, pode começar a arrumar-se.

-Sim, senhora. - Minhyun bateu continência, rindo, e voltou para a casa, pegou uma toalha e foi para o banho. Costumava passar bastante tempo embaixo do chuveiro, a água quente o ajudava a pensar melhor, mas desta vez tentou ser rápido e saiu do banheiro vinte minutos depois, com a toalha enrolada no corpo.

-Eu mereço. - Ouviu a voz de sua tia e olhou-a assustado. - Meu sobrinho semi-nu.

Minhyun não disse nada, apenas sentiu o rosto corar e colocou a mão sobre o mesmo.

-Até parece que nunca te vi sem roupa. - Hany riu. - Não fique envergonhado. 

-Aigo! Eu demorei tanto assim no banho?

-Não, eu apenas vim verificar se você não havia colocado fogo na casa.

-Não sou tão desleixado, tia. - Minhyun riu. - Irei me trocar. - Ele entrou no quarto e sua tia voltou para a mansão, era tão difícil encontrar uma peça de roupa que combinasse formalmente nele. Após um tempo desistiu e vestiu uma camisa social e uma calça jeans.

Ainda faltava uma hora para o jantar, Minhyun dirigiu-se até a piscina e sentou-se a beira da mesma. Tocava a água com as mãos e cantarolava baixo, era tudo tão estranho, nunca estivera em um lugar assim antes, as vezes sentia vontade de esconder-se atrás do sofá, como um animal assustado.

Talvez estivesse louco, mas acreditava que essa sensação é o medo de que coisas novas possam dar errado. Repetiu muitas vezes, em sua mente, que tudo ficaria bem, e ficou ali  até a hora do jantar.

O Destino - Em revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora