Kim Namjoon: Sea |2

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Capítulo 2

Margô Vaz.

Uma jovem que estudava literatura e que conquistou o meu coração apenas com suas ações e seu belo sorriso. Muitas vezes à via andando pelo corredores do prédio principal ou pela biblioteca e, eu sempre me perdia no olhar sereno que ela transmitia. A jovem Vaz me trazia uma sensação de paz , algo que não sintia a muitos anos. Ou talvez desde quando nasci.

É engraçado pensar nesses tempos, eu vivia olhando para ela mas Margô nem sabia da minha existência. Sofri com meu amor unilateral ? Sofri mas não me deixei ficar abalado, pelo contrário, eu ficava feliz só de ver ela sorrindo. Mesmo que fosse longe de mim.

Para falar a verdade, eu nunca imaginei que ela fosse me notar, já que não fazia nada para chamar a atenção da bela moça que estava em meus constantes pensamentos. Não me iludia, sabia que não era possível, havia muitos portugueses melhores que eu e com mais chances de conquistá-la. Eu era uma mero estrangeiro anti social e ainda tinha a imagem de um completo nerd.

Eu tinha um senso de moda até que bom, minhas roupas não eram estranhas, nem o meu cabelo. Usava óculos ? Claro que sim. Mas o que fazia as pessoas me verem como um completo nerd, era o fato de que eu vivia estudando, tirava notas excelentes e nunca saia com minha turma. Sempre dava uma desculpa para não ir às festas que faziam. Como eu disse: eu ainda era aquele garotinho medroso.

Eu não era esquisito, só tinha medo.

No começo foi sempre assim, eu vivia fugindo das festas e das pessoas. Não conversava com quase ninguém, apenas o necessário. Mas com o tempo tive que me auto ajudar, eu não sairia do lugar se continuasse preso no meu eu do passado.

Passei por tanta coisa, tantos sentimentos e pensamentos que foram forçados a serem engolidos, à serem guardados na caixinha de madeira no cantinho mais empoeirado e fundo da alma.

Nunca fui uma pessoa esperançosa. Sempre pensei que estaria fadado a viver pelas costas da minha família e à virar um velho rabugento que não conseguiu seguir a vida do jeito que queria e com isso ficou enjoado, como se alguém tivesse culpa disso. Mas eu não queria ser esse velho rabugento. Queria ser um velho legal, que conta histórias engraçadas de sua juventude e dá guloseimas as crianças. Porém me faltava a esperança, o que mais me faltava. Tanto que nunca acreditei que um dia conversaria com ela.

Uma coisa que não esperei que acontecesse, era que a Margô Vaz me notasse mas mais uma vez a vida me mostrou que não posso ter a certeza do acontece minha vida.

Para minha surpresa, em um dia chuvoso onde eu estava no ponto de ônibus esperando que o autocarro que me levava para casa chegasse, Margô Vaz apareceu do meu lado se sentando no banco ali disponível. E o que eu menos esperava aconteceu.

- Você é Kim Namjoon, certo ? - Margô falou com um tom de voz calmo, o que me encantou. Era a primeira vez que escutava a sua voz tão de perto.

- S-sim. E você é Margô Vaz!? - gaguejei. "Que ótimo" era apenas o que pensei naquele momento.

- Soube que você é o melhor aluno do jornalismo. - elogiou a minha inteligência, ou seria eu?!

- Não é para tanto.

- É sim. Você é incrível, a cada lugar que passo, alguém está falando de você e sua inteligência. Queria ter essa mesma dedicação que você. - "Você é incrível" ela realmente disse isso para mim. Eu nem acreditava no que ela tinha falado, era muita informação e elogio ao mesmo tempo.

- Tenho que ir, meu irmão chegou. Até algum dia. - ela se despediu enquanto acenava com a mão e sorria indo em direção a um carro prata.

- Até.

Aquela conversa foi tão estranha mas ao mesmo tempo tão aconchegante que nem estudei aquele dia, apenas me permiti ser eu mesmo e fazer coisas que eu gosto. Me permiti ser livre e não pensar em nenhuma preocupação.

Eu me sentia uma adolescente que acabou de descobrir a paixão, era algo muito diferente do que estava acostumado a viver. Era algo novo.

Depois daquela inesperada conversa, comecei a olhar para mim mesmo, para todos. Experimentei conhecer o novo, novamente. Mas daquela vez era para ficar.
Eu não voltaria a ser aquela criança medrosa. Seria um Namjoon novo, diferente. Seria eu.

Passei a conversar mais com os meus colegas, comecei a sair para ir às festas que me convidaram. Devo admitir, todos ficaram muito surpresos com a minha presença e o meu novo modo de ser. Até eu fiquei. Mas também fiquei feliz, estava com um sentimento bom que me preenchia. Eu estava voltando ou começando, a viver.

Descobri que é bom ter alguém para conversar e fofocar. Para falar bobagens de homens, para compartilhar sentimentos e inseguranças, sair para desestressar e tomar alguma bebida, para ser ajudado ou ajudar em uma situação triste. Percebi também que perdi muito tempo da minha vida tendo medo.

Mas estava na hora de mudar e eu mudei.

Com toda essa mudança, comecei a conversar mais com a Margô. Ela é uma garota adorável e inteligente. Seu cabelo curto e preto entrava em harmonia com seus olhos escuros como um céu noturno e seu brilho no olhar eram as estrelas no céu.

Minha paixão por ela se transformou em amor mas não me declarei. Com o tempo fomos nos aproximando e a amizade se tornou o nosso lar. Rimos, choramos, ajudamos um ao outro, falamos nossos medos e inseguranças e aprendi que temos que sentir o desespero, para superar todas essas dificuldades.

Margô Vaz me ensinou muitas coisas, ela me proporcionou muitas experiências novas, sentimentos novos.

Margô Vaz foi uma das minhas primeiras amizades fortes, verdadeiras e também minha primeira namorada.

Ela por muito tempo era apenas minha amiga mas com o passar dos dias, das noites, das semanas e meses nós ultrapassamos a linha da amizade e a linha do namoro virou nosso novo lar por muito tempo.

Foi engraçado nossa nova realidade mas continuamos amigos, apesar de namorados.

Nossa relação era diferente, um confiava no outro e tínhamos a amizade como nossa base, afinal, foi ela a responsável para ficarmos juntos.

Cada período da faculdade ia ficando para trás, a dificuldade ia aumentando, nossos carinhos e atenção ao outro ia ficando em segundo lugar mas sempre no final estávamos juntos e felizes por mais uma conquista, por mais um passo dado em direção ao diploma, a linha de chegada.

Cada novo obstáculo, nós dois conseguimos passar por eles, uma ajudando o outro.

Sempre foi assim, um apoiado o outro em seus sonhos. Um ajudando o outro.

Os anos foram passando e finalmente nos vimos com um diploma em mãos.

O dia de dizer tchau a faculdade chegou e dizer olá a vida adulta, ao mundo real, ao mercado de trabalho, chegou.

Continuamos em Lisboa, continuamos juntos. Nosso namoro continuava estável, confiável.

O primeiro emprego referente ao meu diploma chegou e logo depois de alguns meses o primeiro apartamento e contas para pagar também chegaram.

Mas também chegou um novo pensamento, um novo sonho que seria o primeiro passo para uma nova vida, uma família.


Dope: Professionals | Bangtan Boys [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora