Kim Namjoon: Sea |1

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                 Capítulo 1

Quando criança, nunca entendi muito sobre o que os adultos falavam ou faziam. Nunca entendi o porquê de algumas coisas acontecerem comigo. Fui uma criança que não se adaptava muito ao novo, preferia o conforto do velho e isso me fazia achar que todas coisas diferentes eram algo ruim ou não aceitável. Eu mesmo, por muito tempo, fui o meu próprio crítico. Não aceitava fazer coisas diferentes ou conhecer pessoas e coisas novas. Tudo que eu não estava acostumado, era de alguma forma estranho e errado.
Uma criança fadada ao próprio mundo e cultura, que não aceita mudanças em sua vida.

Essa criança era eu, mas a pior parte foi quando recebi uma notícia e ela não foi muito bem processada.

— Querido, não fique mal com o que a mamãe vai falar, sim? Promete ? — minha mãe usava uma voz calma para não me assustar.

— Depende, eu não posso prometer algo que não sei se vou ou não poder cumprir. — falei a verdade para minha mamãe.

— Mas você não vai ficar bravo, certo filho ?

— Não mamãe. Não vou.

— Você sabe que a família do seu papai mora em outro país, certo? Você está com saudades da vovó ?

— Sim, eu sei. Estou com muita saudades. Quando ela vem nós visitar de novo ? — perguntei com um sorriso sincero no rosto.

— Dessa vez ela não irá vir até nós. Vamos até ela. — mamãe falou um pouco apreensiva com minha reação. — Iremos morar lá, Namjoon.

Antes do dia da nossa tão esperada mudança, fiquei tentando entender a necessidade de nós mudarmos, de ir para longe. De me despedir dos meus amigos e familiares coreanos. Por algumas semanas fiquei nesse dilema, não sabia o porquê, meus pais não me contaram e provavelmente não pretendiam contar tão cedo. Talvez quando estivermos em solo português. Talvez...

O que se faz quando você não fala muito bem o idioma, tem uma família em outro país, passa a morar lá e à estudar ? O que se faz quando você tem que fazer isso mesmo não querendo estar ali ?

Desde que cheguei em Portugal fiquei preso em casa, por livre e espontânea vontade. Quantas vezes primos, tios e meus pais me chamavam para visitar a  torre de Belém ou passear de barco pelo Rio Tejo e eu não aceitei ?
Na escola não era diferente, sempre que podia eu ficava sozinho. Trabalhos em grupos ou duplas ? Sempre conseguia convencer o professor a me deixar sozinho, não era difícil já que sou estrangeiro. Mas apesar disso tirava notas boas, muitas vezes fiquei em primeiro lugar na turma. Passei em várias olimpíadas escolares, tenho um QI acima de 120, intelectual mas ao mesmo tempo uma criança muito tímida e com problemas em aceitar o novo, o diferente, apesar de que isso pode soar como uma grande ironia, já que estou em um país ocidental e sou oriental apesar de ter alguns traços ocidentais, esses muitos poucos.

Não gostava da ideia de estar longe da Coréia do Sul, dos meus amigos e familiares. Não gostava de pensar que estava vivendo algo diferente e novo, isso me fazia me sentir mal. Mas apesar de tudo, lá no fundo da alma, eu estava gostando do novo, só não queria admitir. Admitir algo, para mim era como se auto desmascarar, ir contra seus princípios iniciais.

Alguns anos se passaram e minha adolescência chegou. Continuava em Portugal, Lisboa, mas já possuía um grande avanço a minha adaptação ao novo, consegui fazer algumas – poucas – amizades mas estava evoluindo.
Com a chegada da adolescência, comecei a me interessar por coisas que nunca imaginei gostar, uma delas a literatura. Junto com esse interesse, me veio a curiosidade de ler livros além da cultura portuguesa e coreana. Avançar um pouco o limite e experimentar um pouco o novo.
Minha adolescência me mudou e agradeço a essa parte da vida.

Dope: Professionals | Bangtan Boys [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora