A madrugada já se fazia presente, lá fora a lua cheia iluminava todo o campo á frente da casa, ao longe as árvores próximas à colina balançavam com a suave brisa noturna. Os sons dos animais da noite chegavam à pequena casa construída com largas tábuas de madeira e pedra, o telhado, um misto de madeira e palha trançada, dava o aspecto final da construção, uma pequena varanda margeava a frente da casa até a porta da entrada, duas cadeiras de madeira enfeitavam a varanda escura naquela madrugada.
Dentro da casa simples no meio da mata, na pequena cozinha, um fogão de lenha ainda ardia suas últimas brasas, aquecendo o pequeno cômodo onde dois vultos permaneciam sentados nas cadeiras ao redor da rústica mesa de madeira talhada num tronco de arvore antiga. O silencio somente era quebrado quando algum coiote ao longe uivava anunciando sua presença na escuridão da noite. Na penumbra da pequena cozinha os dois vultos pareciam manter uma vigília noite adentro.
O homem, com cerca de trinta e cinco anos, tinha longas cabeleiras de cor castanho escuro preso num rabo de cavalo, suas roupas eram simples, camisa de algodão e calças surradas, remendadas em varias partes denunciavam o uso continuo das mesmas. Botões de madeira talhada prendiam a camisa e cordões de couro lhe serviam como cinto para as calças. Uma barba rala em seu rosto denunciava os dias exaustivos vividos pelo trabalho e esperando a solução para a sofrida etapa da vida que estavam passando. Ao lado, sua mulher, com cerca de trinta anos, loira, pele clara e olhos azuis como o céu sem nuvens, os cabelos estavam presos em uma trança e enrolados, um tecido azul em forma de triângulo lhe cobria os cabelos que teimavam em escapar de toda forma do tecido. Nas mãos segurava um surrado terço, segurava-o firmemente, contando suas orações. Usava um vestido escuro com algumas manchas clareadas pelo desgaste e por cima um avental branco, surrado, suas mãos cansadas e trêmulas seguiam contando o terço.
Ambos olhavam para o vazio, na direção do pequeno fogão a lenha que teimava em manter as pequenas brasas ardendo, sua atenção somente era desviada quando algum barulho vindo do lado de fora da casa era ouvido, seus olhos se cruzavam como pedindo um à ajuda do outro, e no segundo seguinte os olhos percorriam o casebre, rodavam pelas portas trancadas com grandes vigas de madeira as travando por dentro, e pelas janelas trancadas, onde somente uma permanecia com uma fenda de madeira aberta, deixando aparecer o escuro da noite. Temiam por alguma coisa naquela noite.
No cômodo ao lado da cozinha, um pequeno quarto feito em madeira e pedras empilhadas, encaixadas sobre uma mistura de argila, barro e palha amassada para formar uma parede firme, no pequeno cômodo havia uma cama de casal e outra cama bem pequena, onde uma criança, seu filho de onze anos, dormia um sono agitado. As janelas do quarto estavam totalmente trancadas, tinha sido reforçada por dentro com tábuas de madeira pregadas e um outro grosso tronco de madeira cruzando-lhe a abertura.
Uma lamparina mantinha-se acesa, com uma leve chama, o suficiente para não deixar o quarto na escuridão total, bem ao lado da cama do menino.
A criança parecia estar muito doente, tinha o rosto muito pálido, contrastando com seu cabelo castanho escuro, seus lábios tinham uma coloração quase opaca, estavam num tom acizentado, e tremia fortemente, embora enrolado em alguns cobertores desgastados. Uma ferida em seu pescoço, um corte não muito extenso, mas que teimava em sangrar toda noite apesar das bandagens e ervas medicinais que lhe foram aplicadas, o corte não cicatrizava há quase um mês.
O chão de madeira estalava vez ou outra, chamando a atenção do casal na cozinha, e as sombras produzidas pela lamparina acesa projetavam nas paredes sombras aterrorizantes, misturando-se ao ar sombrio da noite.
Aquela casa estava a cerca de 35 quilômetros da cidade mais próxima, Glaiuon, onde haviam ido há algumas semanas atrás pedir auxílio medico, nada pode ser feito pela medicina, mas o conselho da cidade se reuniu, os mais velhos e os membros da igreja, decidiram pedir ajuda de fora de cidade, seguramente a ajuda chegaria, mas seria questão de tempo , e tempo era o pouco que restava agora.
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O Trono do Vampiro
VampireUm vampiro deseja ser o mais poderoso de todos , mas para isso ele precisa encontrar uma lenda e Cavaleiros de uma Ordem vão perseguir e caçar essa criatura impedindo que ele consiga. Neste conto , histórias , lendas, rituais, se misturam e o impro...