Capítulo 4

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O celeiro estava mergulhado na total escuridão e silencio somente se ouvia o som dos pequenos gravetos de palha seca quebrando a cada passo de Mikael e o barulho do metal das peças de sua armadura raspando uns nos outros, a tocha mal iluminava alguns metros à frente, sua mão direita continuava sob a sua espada, ainda na bainha, esperava um ataque que seria prontamente rechaçado com a espada de prata, estava preparado, sempre estava preparado para aquelas criaturas da noite, sabia que eram astutas, traiçoeiras, espertas na sua maldade, e adoravam emboscar a vitima, adoravam sentir o coração pulsando cada vez mais rápido e dar o bote certeiro, violento e fatal.

Mikael conhecia bem aquelas criaturas, já havia lutado contra muitas delas e ele conhecia Aitor, sabia que aquele vampiro não seria capturado facilmente, sabia que havia algo errado naquilo tudo, Aitor não era de se deixar ver assim fácil, o maldito era um vampiro esperto demais, não se enganaria, tinha o instinto apurado demais e sentia a presença de humanos a quilômetros de distancia, algo errado estava acontecendo ali. Aquela criança não era para ele, deveria ser para seu mestre, uma refeição especial, uma refeição sem o medo dos humanos adultos, poderia ter mais calma saboreando o sangue da vitima, saborear os últimos batimentos do coração de sua presa, os vampiros odiavam quando o coração batia freneticamente, liberavam muita adrenalina deixando o sangue quente com gosto diferente, não tão puro e prazeroso. E ainda por cima tinham que sorver logo o sangue, o coração pulsando mais rápido bombeava mais rapidamente, era uma refeição muito rápida, sem prazer.

Seus ouvidos diferenciavam com clareza todos os sons daquele velho celeiro, seus olhos acostumados à escuridão do local agora procuravam por lugares escuros, onde sabia que a criatura estaria escondida naquele momento.

Aitor observava Mikael caminhando pelo celeiro adentro sozinho, somente a tocha na mão. O grande cavaleiro Mikael, já lutara contra ele algumas vezes, e em todas teve que fugir as pressas para não ser exterminado, na ultima vez há alguns anos atrás, somente conseguiu escapar porque Mikael se distraiu por alguns segundos e Aitor saltou para uma arvore, seguindo depois para as outras mais altas e entrando floresta escura adentro. Aitor sabia que aquele homem não tinha nenhuma misericórdia de sua espécie, o sangue frio nas horas de tensão da batalha. Aitor ouvia sempre o som do coração dos humanos se acelerando ao encontro do sobrenatural, mas aquele homem não alterava seus batimentos, podia chegar a sentir o cheiro do sangue do cavaleiro em suas narinas, o sangue que começava a lhe dar sede novamente, mas não podia atacar ainda, tinha que manter sua cabeça trabalhando como combinado, não poderia por tudo a perder agora. Somente mais alguns instantes.

- Aitor... Disse Mikael procurando o vampiro pelas vigas que sustentavam o telhado do celeiro, sabia que estava por ali.

- Aitor, o que você queria com a criança?

- Seria meu filho Mikael.

-Deixe de historias vampiro, para quem era aquela criança?

-Estou dizendo Mikael, seria meu filho, o filho que não posso ter mais.

-Graças a Deus tua raça é estéril Aitor, filhos são uma benção Divina, é uma dádiva do Deus que vocês não reconhecem, mas não fique com historias Aitor, quero saber para que serviria o garoto.

-Não podemos ter filhos, isso é verdade, esse direito nos foi negado.

-Aitor, se a criança era para você, você se arriscou demais nessa noite, sabia que viríamos,

-Era um risco que precisava correr Mikael, e você estragou.

-Te darei duas opções nessa noite Aitor, me diz pra que serviria a criança e vem comigo ou morrerá na minha espada.

-Acha que vou viver nos porões da tua Ordem? Sendo alimentado como um animal de estimação? Achas que sou algum cão ou cavalo?

-Não Aitor, sei que és bem pior que isso, você é uma fera, uma besta. Teus instintos o trouxeram aqui hoje Aitor, eles te traíram, ou serás preso ou morto.

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