O Trono do Vampiro

Capítulo 2

- Vamos logo com isso senhores, não temos todo o tempo do mundo. Disse Sir Mikael aos homens que ajeitavam algumas caixas dentro da carroça. Outros selavam os cavalos e ajustavam seus equipamentos com podiam na cela dos animais.

-Senhor, pra onde estamos indo apressados desta vez? Perguntou um jovem cavaleiro chamado Brecort.

- Temos que nos apressar, vamos para um vilarejo ao sul de Glaiuon, nossos informantes nos contaram um caso bem peculiar. Algo que procuramos à alguns anos meu jovem. Um dos indícios que faltavam para nossa procura.

-Glaiuon? Isso deve dar uns quatro dias de cavalgada.

-Por isso estamos com pressa. Tomara que esses quatro dias não façam diferença, mas sinceramente acho que não teremos esse tempo a nosso favor. De nós depende um equilíbrio muito sensível meu jovem, e nosso trabalho é manter as coisas justas nesse mundo.

- Então não nos demoremos mais senhor.

Montaram em seus cavalos, magníficos animais, brancos e negros, de músculos salientes e pelagem brilhante. Seguiriam viajem assim que passassem na catedral onde eram esperados para a benção do padre. Depois seguiriam para a cidade, onde esperariam encontrar o que procuravam, se os informantes e os boatos que ali chegaram eram realmente verdadeiros, teriam grande trabalho e quem sabe algumas respostas para a Ordem.

Cerca de quinze cavaleiros armados com espadas, armaduras, lanças e algumas balestras, todas banhadas em prata, elmos e cotas de malha de prata terminavam o figurino dos homens.

A Ordem fora criada para isso, investigar os acontecimentos que por ventura aconteciam em diversas partes do mundo civilizado. A Ordem havia sido criada em meados do século cinco, por membros da igreja cristã. Visavam manter o equilíbrio e harmonia do bem e do mal, mantinham em segurança objetos sagrados, guardando-os em locais seguros e mantendo uma vigília constante com seus cavaleiros. Procuravam e traziam para o conselho supremo da Ordem todos os dissidentes da igreja, padres acusados de utilizar magia cristã, pratica comum entre velhos padres da igreja, onde invocam poderes supremos para ajudar em batalhas e outros eventos de causa própria, grupos pagãos e seitas de adoradores do mal também eram perseguidas e capturadas, bruxas e demônios tinham seu fim nas masmorras dos grandes centros onde a Ordem mantinha seus locais do conselho. Amuletos mágicos e peças de adoração não crista eram confiscados e levados a Ordem para um estudo mais profundo das origens dos objetos, e lá permaneciam guardados ou eram destruídos.

A Ordem da Velha Religião, era composta por muitos membros espalhados por toda a velha Europa, faziam parte da Ordem somente os membros da realeza, membros da igreja e uma velha geração de soldados que eram chamados de Cavaleiros da Ordem. Esses obtinham o titulo que era passado de geração a geração, e a cada geração lhes eram passados o conhecimento e a responsabilidade de ser um Cavaleiro da Ordem.

A Ordem acumulava séculos de existência, tinham grande acervo de material de estudo, livros, pergaminhos e objetos. Esse material era copiado pelos jovens padres da ordem, e enviado para os diversos conselhos espalhados pela Europa. A Ordem tinha dois setores distintos de ação. O conselho e o de Campo. O conselho era a parte da inteligência e estudo do material e mensagens recebidas e analisadas, ficavam dentro de igrejas, monastérios e catedrais, alguns conselhos se instalaram dentro de castelos e palácios reais, recebendo uma maior segurança da guarda real. Grandes salas que mantinham todo o material guardado a sete chaves, guardas e cavaleiros eram destinados à segurança destes locais, sendo impossível o acesso de pessoas de fora da Ordem. Quando o conselho se reunia, o local era reforçado na segurança.

O setor de Campo era o dos Cavaleiros da Ordem. Um grupo mais fechado que o do conselho e passava-se o titulo de geração a geração, após anos e anos de exaustivo treinamento e aprendizados dos textos sagrados, alguns membros da família real faziam parte dos Cavaleiros e com raríssimas exceções alguém de fora era admitido entre eles. O trabalho deles era praticamente de resistência, física e mental, tendo suas características uma habilidade incomum no manejo da espada e da lança.

Em ambos os setores o fator obrigatório era o sigilo quanto a Ordem. O conhecimento adquirido na Ordem não poderá ser repassado a quem dela não fosse, seria impossível alguém de fora da Ordem poder assimilar o conhecimento que lhe fosse apresentado, sem a devida preparação, tais conhecimentos poderiam causar traumas profundos, revelações que somente podiam ser ditas com devidas preparações e estudo. Muitas coisas que tinham conhecimento poderia afetar as pessoas de tal modo que a civilização enlouqueceria.

Esse sigilo era preservado e respeitado, somente os membros adquiriam tais conhecimentos para poder avançar na sua luta, e essas informações somente eram passadas no tempo devido.

Os Cavaleiros saiam a campo armados com o melhor equipamento da época. Ferreiros especialmente escolhidos fabricavam as armaduras e armamento especialmente para cada Cavaleiro, os materiais eram fabricados em prata pura, símbolo da pureza e único material realmente temido pelo mal.

Cada grupo de campo tinha um comandante, naquele grupo era Sir Mikael, era o cavaleiro mais antigo do grupo, havia vindo de outro grupo mais ao norte do Reino da Inglaterra. Sua altura chegava a um metro e noventa, físico invejável com músculos fortes por todo o corpo. Seus olhos eram de um azul claríssimo, chegando a ficar quase transparentes em dias de muito sol. Sua pele clara o diferenciava dos outros cavaleiros mais morenos e queimados pelo sol forte. Tinha cabelos loiros e compridos sempre soltos por baixo de seu elmo prateado.

Outros quatorze cavaleiros o acompanhavam em seus cavalos, todos com grande experiência em campo a não ser o jovem Brecort, recém admitido, filho de um antigo cavaleiro da ordem, sempre ouvia atentamente seu pai o contar as historias da Ordem, sabia que um dia seria também um Cavaleiro da Ordem, queria isso. Brecort tinha vinte e dois anos, antes de se tornar um cavaleiro, teve uma passagem de três anos pela guarda do rei, se tornou oficial da guarda enquanto na ordem ele estudava o material que o conselho o mandava ler antes de se tornar um cavaleiro.

Brecort estudou por quase dois anos dentro do conselho da ordem, finalmente o acharam capacitado a se tornar um cavaleiro como seu pai. Apesar de ler os relatos da Ordem, lembrar-se das historia de seu pai, não tinha a noção exata do que encontraria ao lado daqueles Cavaleiros quando fosse chamado ao dever. Imaginava que algumas daquelas historias eram demasiadas fantasiosas e heróicas. Apesar de todo material que pode colocar os olhos, realmente não acreditava naquelas historias.

Padre Nicola ajeitava as ultimas caixas dentro da carroça, mais dois cavaleiros foram designados a manter escolta permanente à carroça do padre, era o mais lento do grupo, e precisaria de proteção particular o tempo todo. Os Cavaleiro já seguiam alguns metros à frente quando ele subia e atiçou os cavalos para iniciar a jornada, a primeira parada era na catedral.

Entraram todos na capela da catedral onde um arcebispo os esperava na porta, todos confessaram seus pecados e receberam a comunhão, uma oração finalizou a breve cerimônia e os Cavaleiros partiram.

Montaram em seus cavalos e saíram em direção aos portões da cidade que se abriam puxadas pelas sentinelas, cruzaram os portões da cidade que foi fechada logo atrás, a segurança dos altos muros não mais os defendia. Á frente de todos, Sir Mikael avistava as pequenas estradas de terra batida, seguiriam por elas por quase quatro dias de cavalgada, parando somente para alimentar e dar de beber aos cavalos, e para breves descansos e alimentação do grupo. Ao longe o sol já começava a despontar no horizonte. Seus corações oravam pedindo a proteção de Deus e esperando poder chegar à tempo na pequena cidade onde o mal se instalava.

Lentamente iam deixando para trás a cidade, a pequena carroça os seguia a pouca distancia de diferença, as armaduras começavam a brilhar com os raios de sol da manha, Mikael concentrado em pensamentos liderava o grupo, a espada na bainha, o escudo negro com o símbolo da ordem em alto relevo em uma das mãos, a cruz prateada com raios de sol dourados ao seu redor.

Os Cavaleiros da Ordem da Antiga Religião estavam começando o que em breve seria uma das maiores historias da Ordem.