Capítulo 7

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Aitor abriu a porta com calma, apesar de parecer abandonada já há bastante tempo e de ter a visitado na noite anterior sem nada ter encontrado, a velha casa encostada no barranco da montanha poderia estar habitada por algum andarilhou ou vagante ou alguém querendo isolamento. Com calma puxou a tranca , entrou devagar, tirando o peso de seus longos passos, a madeira do chão estava coberta de poeira e alguns ramos de plantas e mato cresciam por entre as longas tabuas do assoalho. Caminhou por entre as pequenas divisões da casa, passou pelo que parecia ser uma sala, com alguns móveis quebrados e amontoados pelos cantos, cheios de teias de aranha, a cozinha rústica era o menor cômodo da casa, era mais ou menos uns quatro metros quadrados, com um tronco de arvore talhado servindo de mesa, estava preso às pedras da parede, de onde saia um minúsculo forno a lenha, com o barro que o revestia todo cheio de rachaduras. Havia outro cômodo na frente da cozinha, deveria ter servido de quarto ao antigo morador, esse cômodo era praticamente escavada na montanha, proteção extra que o morador havia pensado, caia-lhe muito bem esse local, as rochas na frente da montanha impediam algum deslizamento para cima da velha cabana, um local providencial com certeza, repleto de árvores por todo o terreno em frente e à volta da casa a faziam praticamente um refúgio perfeito e escondido. Ninguém poderia imaginar uma cabana naquela local isolado e pouco acessível.

O telhado de madeira estava apodrecido pelo tempo, alguns locais não tinham mais pedaços de palha e musgo seco e a luz do dia entrava calmamente pelas frestas, pássaros faziam seus ninhos nas vigas de madeira e entre a palha seca úmida e cheia de falhas, alguns fugiram em revoada ao sentir a presença de Aitor, ele parou observando os animais fugindo, achou graça, até os animais tinham medo dele, um sorriso frio brotou no canto de seus lábios, mas não durou mais que alguns milésimos de segundo, ainda tinha que preparar um lugar para passar o dia.

Entrou no quarto e seus olhos cintilaram um vermelho vivo, iluminando o pequeno ambiente, escuro, muito escuro, e lá fora o sol já estava despontando no horizonte, ali era um local perfeito. Um amontoado de madeiras e ripas caídas no chão deveriam ser o que antes chamaria de cama, uma lamparina estava caída ao lado do amontoado de madeiras, o vidro estava quebrado, e nenhum cheiro vinha dela, confirmando que já fazia tempo que ninguém aparecia por ali. Encontrou um grande armário pregado na madeira da parede no fundo do quarto, abriu as pequenas portas de madeira ali encostadas e viu que caberia ali perfeitamente. Seria ali seu local de repouso naquele dia. Mesmo confiando no esconderijo, pegou as madeiras caídas no chão e travou à porta de entrada do quarto junto ao chão, reforçou o quando pode a entrada, não conseguiriam abri-la pelo lado de fora de jeito nenhum. Estava seguro. 

Caminhou pelo pequeno cômodo, entrou no armário, fechou a porta prendendo à mesma por dentro com uns pedaços de tecidos enrolados que encontrara caída na entrada da casa, alguns nós bem fortes e a porta não abriria, poderia ser arrancada com força, mas isso o despertaria do sono do dia, e atacaria com fúria o invasor do seu repouso. Lembrou-se de Mikael, aquele maldito cavaleiro com a espada na mão no meio da batalha, cortando a carne de sua gente, o padre, mandando-os para a inexistência, maldita raça. A espada brilhante de Mikael, seus olhos brilharam com todo ódio que poderia sentir, maldito Mikael. As luzes de seus olhos foram diminuindo de intensidade até tornarem-se um vermelho escuro e finalmente negro.

As imagens da batalha não lhe saiam da mente, com os olhos fechados sua cabeça não parava de relembrar das palavras daquele vampiro desconhecido, era tudo verdade, precisava voltar logo para conversar mais com aquele ser que o procurou.

Aitor abriu os olhos fitando a madeira na sua frente e seus olhos foram se fechando. Aitor entrava em seu repouso forçado do dia.

A muitos quilômetros dali, Mikael comandava a batalha sangrenta pela sobrevivência de seu grupo, no chão, corpos de vampiros jaziam presos em lanças, cravados no solo escuro e frio, a horda de vampiros atacava sem descanso, o padre não tinha descanso, tentava correr para matar os que estavam presos ao solo, mas os vampiros eram mais rápidos e conseguiam retirar as lanças, deixando-os novamente livres para combater os cavaleiros. Já bastante enfraquecidos pelos ferimentos, mas com uma fúria ainda assustadora.

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