A milhares de quilômetros dali...
- Como será que aquele vampiro esta se saindo contra Mikael?
-Não sei. Mas ele me parecia ser bem esperto, é um vampiro antigo, me estranha que vocês não se conhecessem, ou que você nunca o tenha visto.
-Mas nós sempre vivemos nas terras mais ao norte, vivemos escondidos nessas terras.
-Precisávamos nos esconder, longe das grandes cidades, longe de todos que pudessem nos reconhecer.
-Mas pai...
-Sabes que não sou teu pai de verdade.
-Mas você me salvou da morte, me criou e ensinou como sobreviver. Sendo assim você é meu pai.
-Eu sei... Nas tuas andanças noturnas, nunca tinhas visto aquele vampiro?
-Não, e estive na mesma cidade que ele mora por centenas de vezes. Não me recordo de tê-lo visto em algum lugar.
-Ele sabe muito bem se esconder e não ficar deixando rastros. Devias aprender com ele. Acho que você se expõe demais.
- Ninguém nos conhece mais. Os nossos inimigos há muito tempo se foram pai. Ninguém mais nos reconhece, poderíamos voltar tranquilamente a nossa terra sem medo.
- Faz tempo filho, mas o tempo não apaga tudo por completo, as ações dos homens ficam registradas para sempre, há tempos os homens mantém sua historia escrita em livros e rolos de papel e couro, e até mesmo entalhado em paredes. Isso mantém as lembranças vivas, mantém a historia viva. E isso também os fortalece com conhecimento. Além de tudo isso, aquelas terras já mudaram de nome, de reis, de territórios, tantas vezes que mal conheço o nome certo de nossa terra e de quem nos perseguia.
-Mas somente nossos nomes podem ser lembrados. Podemos usar nomes diferentes. E sinceramente, acho que todos que conheciam nossos rostos já não estão entre os vivos. Temos muita riqueza saqueadas dos viajantes ao longo de tantos anos, temos tanto ouro e pedras preciosas aqui que sobem até o teto da sala que poderíamos comprar uma propriedade afastada das cidades, como se fossemos nobres de outras terras ou ricos comerciantes estrangeiros. Poderíamos ficar mais perto deles. Eu poderia ficar mais perto, e aprender mais sobre os costumes deles, seu modo de viver agora. E também poderia ajudar a procurar o que precisamos. Se for verdade tudo que ouvimos sobre a Ordem, eles têm conhecimento suficiente para conseguirmos encontrar o que buscamos ou já podem até ter encontrado e o mantém guardado.
-Não tenho tanta certeza.
-Um dia vamos voltar pai.
-Vamos, mas quando chegar esse dia, ninguém poderá mais tentar nos extinguir e temos que ser fortes para combater essa Ordem.
- Não me importo muito com isso agora.
-Mas devias. Nosso modo de viver é um amaldiçoado incomodo aos outros, somos animais aos olhos do mundo livre.
-Nossas vidas mudaram pai, depois daquela noite que fomos tocados com esse dom, depois de tantos séculos passados fomos conseguindo poderes que antes não tínhamos como mortais. Somos fortes.
-Esse dom meu filho, tem um propósito, te dar mais tempo para aprender a lidar com quem nos persegue e a lidar com o nossos poderes. Naquela época não teríamos tido chance, e sabes bem. Agora os tempos mudaram, temos força e sabemos que existem muitos mais espalhados pelo mundo escondido na noite.
-Só precisamos aguardar o contato de Aitor na próxima mudança de lua como combinei com ele.
-Verdade filho. Só resta aguardar para que nossa jornada possa prosseguir. Enquanto isso, esperamos que aquele vampiro Aitor tenha entendido o motivo pelo qual o mandei procurar Sir Mikael e a Ordem... E preciso saber onde escondem o meu Pai...
As duas figuras sombrias andavam calmamente pelos corredores de um castelo antigo de pedra já muito desgastada pelo tempo. A noite iluminada por uma lua cheia deixava os corredores entre as torres de vigia com uma aparência mais assustadora do que um escuro completo.
Um castelo construído no alto de uma cadeia de montanhas, e que já serviu no passado de refúgio a guerreiros, bárbaros, legiões, dominadores, andarilhos e pobres perdidos no meio do nada quando precisavam se abrigar do rigoroso inverno daquela região ao norte. Muitos morreram dentro daquelas paredes, pois de nada adiantava se esconder do frio do lado de fora, se manter aquecido ali dentro e com suprimentos era o grande desafio, morriam com frio ou fome, era um local mais perigoso do que o próprio clima do lado de fora. Por isso a séculos era inabitável.
Eram cerca de três ou quatro meses de nevascas intensas que deixavam o acesso e as estradas apagadas pela quantidade de neve e gelo. Um local escondido entre as rochas e neve.
O castelo era grande e internamente com o teto muito alto, cerca de 3 metros de altura, vários aposentos, salas enormes, uma enorme área para preparo de refeições e muitos corredores que interligavam aos salões, criando pequenos e confusos labirintos. Diziam às lendas que havia sido construído por antigos Deuses da Mitologia, um refúgio para Zeus decidir os assuntos sobre o destino da humanidade quando queria estar sozinho com seus pensamentos. E que ali todos os Deuses se reuniam quando solicitados. Mas eram somente lendas. Assim como as historias dos viajantes sobre os monstros das montanhas que eram contadas.
Grande parte dessa fortaleza fora escavada dentro da montanha de rocha deixando somente partes de proteção e vigia com acesso para o lado externo.
Era um buraco no meio de uma montanha. Um buraco frio para pessoas normais de sangue quente, mas uma verdadeira fortaleza real para quem não tinha o calor como requisito para viver.
"As paredes aqui são frias e as almas choram de dor". Era uma inscrição que se lia na entrada da fortaleza já muito desgastada pelo tempo que fora entalhada na pedra. No que parecia ser uma mistura de literatura vernácula e acadiana.
A única preocupação ali era de conseguir de tempos em tempos algum alimento para manter sua existência atormentada.
Por aquelas regiões eram frequentes caravanas de comerciantes passando a muitos quilômetros daquele local, e com o tempo conseguiram lugares seguros para poder caçar nesses caminhos sinuosos entre as montanhas. Deixando o castelo longe dos olhares de curiosos.
Grupos de ciganos, viajantes ou comerciantes eram frequentemente vitimas por toda aquela região do norte.
Era comum em vilas próximas às estradas, porem distantes das montanhas as historias que os viajantes contavam nas tabernas sobre bestas feras nas montanhas, monstros, seres das sombras, demônios e mais outras criaturas sobrenaturais.
Com tantos anos de mesmas historias acabaram sendo contos passados de gerações para gerações se tornando lendas folclóricas do Norte.
Mas os moradores imaginavam essas historias de mortes contadas pelos viajantes como simples acidentes na travessia das montanhas, como alguém ter caído em falésias, penhascos, adoeceram, mortes por frio da noite ou outras causas quaisquer, havia ainda quem acreditava que eram bêbados narrando grandes aventuras nessa perigosa travessia, e essas mortes reais acabavam se tornando mascaradas por folclore popular.
E aqueles dois seres sabiam muito bem usar essa vantagem que tinham. Quando se alimentavam desses grupos, passavam muito tempo sem atacar novamente, ou procuravam outros locais bem distantes para se alimentar, despistando assim, as lendas locais com suas táticas de caça,deixando a duvida sobre a verdade e as lendas de simples viajantes ou conversas de tabernas com muita cerveja, hidromel e vinho nas mesas.
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O Trono do Vampiro
VampireUm vampiro deseja ser o mais poderoso de todos , mas para isso ele precisa encontrar uma lenda e Cavaleiros de uma Ordem vão perseguir e caçar essa criatura impedindo que ele consiga. Neste conto , histórias , lendas, rituais, se misturam e o impro...