Capítulo 8

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Padre Nicola pensou em correr ate os vampiros estacados no campo, mas desistiu da idéia quando se lembrou que o sol já estava invadindo o campo adentro. O sol tomaria conta dos estacados, seriam horas de agonia em seus corpos ardendo e secando com o sol. Queria todo o tempo disponível para dar a prece final aos irmãos que partiram e dar aos Cavaleiros todas as orações da Igreja para que pudessem ser recebidos no reino do Pai em paz.

Mikael olhava pelo campo, as criaturas mortas enchiam o ar da manha com aquele maldito odor podre, insuportável. E o sol quando encontrasse os estacados, faria o favor de mandá-los de volta pra onde nunca deviam ter saído, iriam arder em agonia até secar, e em alguns dias morrer novamente, desta vez definitivamente.

Mas isso seria uma coisa que ele não queria correr o risco, deixar que uma daquelas criaturas tivesse a chance de ser recuperada pelos da sua raça, Mikael simplesmente esperaria todos estarem prontos para partir e terminaria de vez com a existência daquelas criaturas asquerosas.

Kirk estava preso, uma longa lança de prata mantinha seu corpo imobilizado ao solo, os olhos vermelhos e os dentes ameaçadores voltados contra os cavaleiros nada podiam fazer, a alguns centímetros de seu corpo, os raios do sol já banhavam o solo, Kirk sabia que sua hora havia chegado. Seus urros, como um lamento, encheram o vale de angústia, o sol iniciou o caminho pelo corpo da criatura presa ao chão. Enormes rolos de fumaça se despregavam de dentro da roupa negra do vampiro, em suas mãos começaram a formas horrendas bolhas de cor amarela e vermelha, bolhas de pele, bolhas de gordura sendo derretidas e prontas para explodir. Os olhos do vampiro receberam a luz do sol diretamente, o vermelho foi tomado por um negro assustador, os olhos se transformaram num espesso liquido que corria pela sua face chegando ao solo, as bolhas em sua pele explodiam seguidamente, formando cogumelos de fumaça que subiam ao ar. A morte seria lenta, dolorosa, uma penitência aos crimes cometidos nessa existência maligna. Depois de cinco minutos que o sol tocara seu corpo pela primeira vez, Kirk ainda estava vivo, sofrendo as horríveis dores de seu corpo sendo queimado lentamente pelos raios do sol, sentiu primeiro sua pele queimar, depois a gordura, e agora a carne queimava devagar, seus músculos, tendões, tudo sendo lentamente queimado. Uma agonia e sofrimento que duraria enquanto o sol estivesse no céu.

O cheiro dos vampiros sendo queimados vivos pelo sol inundou todo o campo.

A carne apodrecida daquelas criaturas queimava. Ardiam lentamente enquanto de suas gargantas não saia mais de que um grotesco som borbulhoso. Seus corpos e rostos deformados, o chão ao redor das criaturas se transformando em um amontoado de uma grossa camada de líquidos do corpo derretido. Um espetáculo bizarro que os cavaleiros já estavam acostumados a ver. Menos Brecort, que sentado na carroça, exausto e ainda grato por estar vivo observava pela primeira vez. Seu estômago estava enojado daquele cheiro insuportável.

Náuseas seguidamente o tomavam. Ver os corpos dos cavaleiros mortos sendo carregados para dentro da carroça, ver o estado que ficaram seus amigos que até o começo da noite ainda contavam historias para o novato. Brecort não sabia o que mais o incomodava. O cheiro e os vampiros sendo queimados lentamente ou os corpos de seus amigos enfileirados no interior da carroça do padre Nicola.

As historias que seu pai contava eram verdadeiras, as historias que leu nos manuscritos da Ordem eram verdadeiras, tudo o que os sábios o ensinaram era verdadeiro. O mundo havia enlouquecido para ele.

Deixou sua espada cair ao chão, enquanto olhava o fino fio da lâmina coberto de liquido negro e vermelho. Estava desolado e cansado demais para chorar. Não sentia nada.

Mikael ao longe viu o celeiro, sabia que Aitor não estaria mais ali esperando por ele. Aquele maldito vampiro tinha planejado tudo. Só não sabia ainda o porquê dele não se juntar no ataque com o grupo.

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