A Cidade Escolar (Light Novel Project Pt-Br)

Parte II - 23

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- Bem, parece que também ficarei ocupado agora. Meu outro visitante acabou de chegar.

Seus lábios se curvaram num pequeno sorriso, e então Beyond simplesmente desapareceu - como se nunca houvesse estado ali.

- E ae - disse ele, caminhando calmamente do lado de fora da cabana. - Não esperava que fosse aparecer tão cedo. Ficou solitário?

Zombou com um sorriso de escárnio, colocando as mãos no bolso enquanto se aproximava da borda daquela "ilha" em meio ao nada - um abismo sem fim e tomado por uma escuridão eterna.

- O Evian é engraçado quando está solitário, mas você consegue superá-lo as vezes, sabia?

- Não pense que poderá sorrir assim para sempre, sua criatura trapaceira! Um dia eu vou me libertar, e quando isso acontecer, você será o primeiro a quem irei devorar e jogar no mais profundo abismo da loucura!

O visitante respondeu em fúria, irritado apenas por ver aquela face repugnante com aquele sorriso asqueroso. Uma criatura tão nojenta quanto as inúmeras outras que exterminou ao longos dos vários anos de sua existência.

Embora ele não possuísse um rosto ou um corpo, não... ele nem sequer possuía uma forma física. Era apenas um amontoado de ódio e fúria, uma combinação dos sentimentos negativos que nasceram e foram se acumulando até tomarem aquela forma: uma nuvem escura e densa, carregada por milhares de tempestades que rugiam incansavelmente com seus trovões e relâmpagos, assim como as centenas de milhares de gritos de sofrimento e desespero.

Era humanamente impossível ficar diante daquela nuvem negra carregada de sentimentos obscuros sem perder a sanidade. Apenas sua mera presença era o suficiente para engolir uma cidade inteira em loucura e caos, lançando as pessoas numa torrente de insanidade e loucura interminável.

Ainda assim, sem possuir qualquer rosto ou expressão, Beyond sabia exatamente o que ele estava sentindo naquele momento. Foi exatamente por isso que começou a gargalhar sem parar, chegando a ficar com falta de ar e com lágrimas nós olhos.

- Você não vai a lugar algum - ele limpou as lágrimas dos olhos. - Você vai ficar preso aqui pelo resto da eternidade sem poder ir a lugar algum.

Ele declarou com um sorriso de deboche.

- Você realmente acha que poderá me prender aqui para sempre?

Mesmo não tendo um rosto, e assim sendo, também não tinha olhos ou boca, mas mesmo assim de alguma forma, Beyond conseguiu sentir perfeitamente que aquela coisa estava o encarando diretamente em seus olhos.

- Você sabe muito bem que o portão não vai suportar para sempre. Você já está ciente disso, sobre as pequenas rachaduras que estão se acumulando nele durante os últimos dez anos. Uma hora ele não vai mais suportar e vai ceder, e quando isso acontecer nem mesmo você será capaz de me impedir.

A criatura ameaçou, aproximando seu "rosto" da borda onde Beyond continuava a gargalhar.

- Você, que mesmo sendo apenas uma farsa, já teve o poder de um deus, agora nada mais é que um mero guardião. É apenas um resquício do ser absoluto que um dia já foi, alguém poderoso que sequer conseguiu proteger um único companheiro... Apenas uma farsa trapaceira que foi rebaixada ao guardião do portão.

Os olhos de Beyond, que antes estavam lacrimejando por tanto rir, agora estavam tomados por uma escuridão tão profunda quanto aquela que cercava tudo ao redor da pequena ilha em que estava. Uma expressão que fez até mesmo aquela criatura ficar em silêncio por um breve instante.