* Enfrentando

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Chamei uma carona pelo aplicativo do celular ao chegar na calçada do hotel. Não havia repórteres nem fãs por perto e isso me deu um certo consolo. Não devia me preocupar, mas me envolvi naquela situação e precisava sair dela sem ninguém sair ferido.

Não precisei esperar muito tempo por minha condução e, meia hora depois, entrava no prédio dos meus pais com a cabeça atordoada. Mal pisei dentro de casa e minha mãe me abraçou com os olhos jorrando lágrimas. Até parecia que eu havia morrido e ressuscitado. Meu pai, por outro lado, não deixou por menos e me lançou uma série de perguntas aos berros:

— Por onde você andou, garota? Você sabe que ainda depende da gente?! Não vê o que faz com sua mãe?

Vi a sobrancelha dele erguida, mas nem me preocupei com ela. Se fosse dois dias atrás, eu estaria morrendo de medo. Ter conhecido meu Jungkook, por outro lado, mudou minhas perspectivas. O homem ali na minha frente era meu pai e merecia meu respeito e amor, mas, realizar meu sonho, me mudou para sempre.

Jungkook não saía do meu pensamento e levei um tempo para reagir e começar uma tentativa de explicar o que me aconteceu na noite anterior, sem expor o BTS.

— Desculpa, pai, desculpa, mãe... Depois do show, fui jantar com umas amigas que conheci na fila e acabamos dormindo no sofá de uma delas...

— Por que não ligou? Ficou maluca? O coração da sua mãe não aguenta essa emoção toda!

— Eu sei. Fiquei sem bateria porque fiquei ouvindo música a tarde toda na fila...

— Eu preciso ligar pra polícia e explicar que maluca da minha filha já voltou para casa!

Ele saiu da sala batendo os pés com força no chão e minha mãe me puxou para um abraço apertado.

— Está com fome, querida?

Ela me levou até a cozinha. Seu braço ao redor dos meus ombros.

— Não estou com fome, mãe... Na verdade, eu comi antes de vir para cá.

Ela me encarou pensativa, talvez achando que eu estivesse mentindo.

— Não se preocupa. Vou tomar um banho e daqui a pouco eu como alguma coisa.

Deixei minha mãe com cara de interrogação, mas nem liguei. Entrei no banheiro com minha mochila e, pela primeira vez, a abri para ver se minhas coisas ainda estavam por ali. Mas meu estado de ânimo nem me deixava preocupada se alguém teria mexido em minhas coisas.

É claro que abriram minha mochila e vasculharam meus pertences, mas estava tudo ali: minha blusa de moletom azul marinho do Jungkook, meus óculos de sol, minha carteira com os vinte reais que me sobraram depois de comprar minha armybomb,  é claro que ela estava ali também novinha em folha e sem pilha! Minha agenda estava no fundo da mochila rosa com orelhinhas de coelho e, quando puxei-a algo me chamou a atenção.

Havia dentro dela um papel dobrado e algumas palavras escritas em inglês.

Fiquei em choque. Talvez minha estrela da sorte ainda estivesse brilhando com intensidade.

Conhecendo JkOnde histórias criam vida. Descubra agora